Capítulo 11- A viagem - Revisado

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-Vamos?

-Vamos.- respondeu com um sorriso.

Demos um impulso e voamos cada vez mais alto, mergulhando nas nuvens escuras até não conseguir ver mais nada além do céu cinza abaixo de mim. Perguntei várias coisas para Sininho como por exemplo o fato de estar conseguindo respirar normalmente mesmo em uma alta atitude, ela sempre me dava de ombros e revirava os olhos dizendo que nem tudo tinha explicação. Aquilo não era o suficiente, a falta de respostas e explicações me deixavam com uma pulga atrás da orelha. Se questionar e procurar respostar racionais era o que me tornava uma estática isso estava mais que provado, me perguntei se em algum momento eu conseguiria me adaptar aquilo. Não saber o que estava acontecendo me deixava nervosa. 

Faz mais ou menos umas cinco horas que estávamos voando em linha reta na direção da estrela e nada de chegar a Terra do Nunca. Voar demandava muita concentração, foco e força de forma que eu já conseguia sentir a fraqueza me atingindo aos poucos. Minha visão já estava começando a fraquejar e a cada minuto que se passava era mais difícil de resistir a sensação de fechar os olhos e simplesmente dormir. Além do mais eu não sei até quando esse pó de fada vai continuar fazendo efeito , tenho medo dele simplesmente acabar e fazer com que eu despenque do céu.

-Quando vamos chegar?- indaguei pela décima sexta vez como uma criança rabugenta faz.

-Temos que esperar até o amanhecer, pra fenda se abrir.- ela respondeu sem perder a paciência como tinha feito das últimas vezes.

-Fenda? Então não é uma questão de distância? Como assim?- indaguei confusa.- Achei que era só voarmos até chegar na Terra do Nunca. Sabe tipo " Terra á vista!"

-Mais ou menos, os dois. É muito complicado de se explicar. É uma questão de distância mas também uma questão de tempo.- pronto. E com essa afirmação acabou de se formar um grande nó na minha cabeça bem maior do que aquele formado sobre quando a professora falava sobre aminas, hidrocarbonetos e aquelas outras funções orgânicas.

-Eu tenho a viagem inteira.- respondi com olhos pedintes tentando ser o mais fofa possível. Sininho com toda sua pequenez se aproximou de mim, brilhando e se apoiou na minha cabeça enquanto eu voava por nós duas.

-Eu te conto se você me servir de apoio. Minhas asas estão cansadas.- ela se ajeitava na minha cabeça fazendo um ninho nos meus cabelos. Visto que eu não reclamei ela começou- Os diferentes reinos e lugares tem sua entrada pelas fendas no espaço-tempo. É por elas que ocorrem o intercâmbio entre as criaturas de todos os reinos. As fendas são invisíveis e podem aparecer em lugares completamente aleatórios, não permanecendo lá durante todo o tempo, é como se elas possuíssem um endereço.

-Um endereço?- indaguei confusa.- Tipo essa da Terra do Nunca onde o Peter escreveu dizendo que bastava seguir a segunda estrela à direita até o amanhecer?

-Exatamente. É uma fenda que se localiza na direção da segunda estrela a direita, sempre reto sem mudar um centímetro de direção, ela só aparece quando o sol nasce e desaparece logo depois que esse momento termina.

-Elas simplesmente surgem essas fendas ou sempre estiveram lá ?

- Algumas sempre estiveram ali, mas fendas surgem todos os dias, todas as horas em qualquer lugar. Abrem portas para milhares reinos inexplorados. Elas não surgem simplesmente do nada, acontecimentos nos diferentes lugares podem fazer com que elas apareçam, por exemplo: a morte de alguém, o riso de um bebê, a explosão de uma estrela ou até mesmo a queda de uma folha.

-Mas se for assim, devem existir fendas incontáveis.

-Sim. Mas não é como se fossem surgir quando todas as pessoas morrerem ou quando todas as folhas caírem. São determinadas pessoas e determinadas folhas, uma a cada sei lá quantos bilhões de anos. Além do mais isso acontece em lugares totalmente aleatórios, em determinado período de tempo e nós não vamos ficar vasculhando cada milímetro do espaço em busca de uma fenda. É simplesmente impossível. - seus olhos vislumbraram o céu escuro que começava a clarear lentamente, seus olhos passearam pelas nuvens abaixo de nós e o mar azul distante.-  Voltando a pergunta, sim existem milhares de fendas, talvez tenha alguma no seu quintal, mas são pouquíssimas as conhecidas. Algumas são achadas por acaso como aconteceu com aquela garotinha...Qual o nome dela mesmo?- ela estalou os dedos e seu brilho deu uma oscilada ficando um pouco mais intenso como se tivesse se acendido uma lâmpada.- Alice! Sim, ela estava correndo e simplesmente caiu na toca do coelho. Voilá! Bem-vinda ao País das Maravilhas!

Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)Where stories live. Discover now