Outro lado

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Ao entrar no automóvel,evitou contato visual com o estranho,que talvez fosse algum pervertido irritante,possibilidades não faltam.
-Então...-uma voz aveludada saiu do mascarado.
-O que quer que eu faça?-Perguntou,direta,realista e ácida.
-Bem queria te conhecer,parece ser interessante.
A garota encarou aqueles olhos amarelos brilhantes de gato,eram lindos,mas ela não poderia se enganar com as aparências.
-Vindo de um estranho que estava apontando nada discreto e conversando com o serzinho chamada Talyta,(seu capeta particular,frustada)
-Não nos conhecemos e já tem ciúmes?
-Do que?Da sua máscara?Nem sei se quer seu nome.-retrucou a moça
-Você é nada cliché,não vejo a dama.
-Sou uma diva,caminhando para minha destruição,obrigada.-E nossa boneca cruzou os braços fingindo estar realmente sentida demais.
-Mas não vamos...quer dizer,hum..tirar sua virgindade.
-Ainda bem,se fosse você me mataria por dentro.
Mady pôde sentir o garoto ficar tenso.
-Espera!-O senhor disse "Mas não vamos"?Tem mais alguém que vai ter a minha companhia?
-Não eu só...você me entendeu,eu não sou tão velho para ser chamado de senhor.
-É estrangeiro ,não?-Concluiu a garota.
-É -ele respondeu-Meu mundo não é o mesmo desde o grande desastre.
-Me usar como remédio,não sei se resolve muito-declarou ela sinceramente-mexendo no tutu de Balé.
O garoto desviou o olhar.
-Entendo a sua aspereza diante a mim,devem te reter de tanta coisa.Eu só quero uma companhia...
-Ah!Para por aí!Você é livre,observo que é bem aceito por sinal,se quisesse teria qualquer uma para te acompanhar,por mais interesseira que fosse a garota.Pagou por mim,porque?Poderia ter conseguido alguém de graça.
-Eu...
Mady intervém de novo.
-Me entender?Me faça rir,por mais que você queria,não vai conseguir,pois não sentiu.
-Eu perdi meu mundo,minha vida,tive que recomeçar tudo.
-Você por acaso perdeu sua família?Sua liberdade?Por acaso terá que se humilhar nas costas dos outros,se vender para obter papeis melhores em teatros ,shows ,desfiles ou algo assim?Viu seus pais serem mortos numa porcaria de praça publica,só por não quererem ser ignorantes?-ela perdeu o ar,falou com tanto euforia que esqueceu de respirar,então se desfaleceu no banco
E o garoto se calou.
O silencio era tão mortal,a sensação do grito silencioso voltou   e as vozes que há um tempo não ouvia,voltaram.
-Será que eles estão gritando?
Madalene colocou a mão sobre os ouvidos,perturbada outra vez.
Pega de surpresa,o garoto a puxou delicadamente abraçando,colocando a cabeça de nossa flor encostada em seu peito.Queria poder roubar essa dor de alguma forma,não era nada justo esse país. 
Começou a cariciar os cabelos loiros,até sem querer desajustar a peruca de cabelo natural e revelar os poucos cachos cor de mel dela,e continuou a acariciar.Quando viu ,ela tinha dormindo nele,retribuindo o abraço apertado.
-Os humanos realmente estão indo a beira da extinção-esse é o pensamento do jovem,que se sentiu atraído pelos vazios olhos de safira que conseguem dizer tudo e nada os mesmo tempo,que esconde pensamentos e na verdade esconde a pura rebeldia de um ser.
Mas quem naquela situação não seria?
E foi o carro seguindo a um destino sem nome,que as vezes ele podia sentir o rosto dela roçar de forma carinhosa no seu peitoral de soltar uns ruídos que ele considera fofos demais.
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-Acorda Bela Adormecida.
-Hum?-Ela se levanta e percebe que a posição que estava e solta uma leve coloração nas buchechas.-Cadê a minha peruca?
-Ela está ali-apontou para o corpete do veiculo-Mas você irá colocar essa-mostrou a linda peruca cuja cor era negro como a noite e longa.
-Porque?
-E também esse sobretudo negro e troque essas sapatinhas por essas botas...
-Isso é algum tipo de fetiche?
-Não!!É que vou levar você pra um lugar diferente.
E sua resposta foi a seguinte:
-Tá.
Os dois saíram da limusine e caminharam para um lugar bastante imcomum:
Um cemitério.Que um dia foi maravilhoso com anjos esculpidos e estética única,cheia de lapides de mármore que estavam cobertas de pó.
Havia então as roseiras vermelhas e as rosas do cemitério ,alem do arco estranho no meio de um pequeno morro,Mady nunca viu esse lugar,que de certa forma era encantador,se não fosse o fato de ela ver fantasmas.
-Então..
-Quer me matar de susto?Prefiro ser esfaqueada.
-Calma,você realmente não obedece os padrões.
-Não mesmo,isso importa?
-Não,afinal eu também tenho umas ideias diferentes da maioria.
-Você realmente gostou daqui?
-É lindo!E diferente,e acho que aqui tenho uma melhor visão das estrelas-A noite pode ser assustadora,mas só quando ela aparece que se pode ver as estrelas no céu.
  
-Você....
Ele não terminou,mas seus olhos brilharam.
-Me siga!
Mady o seguiu meio desconfiada a princípio.
-Está com medo?-perguntou o moreno.
-Do que?Dos dos espíritos?
-Não exatamente,sei lá,eu sou um desconhecido para você.
-Não ,estou bem,vivo cercada de loucos.
Então caminharam até uma lápide sem nome grande com uma linda estátua de anjo chorando.O garoto então apertou em algum lugar e apareceu uma espécie câmara com uma escada.
Seguiam então um caminho escuro guiado por uma lanterna.Caminharam então até chegar em uma porta de ébano trancada por vários cadeados enormes.
  Ele apenas pegou algumas chaves,umas 10 ao todo.Pediu para ela esperar um pouco até que terminasse de abrir.
Era enorme o espaço,com móveis da era vitoriana,uma cama linda com lençóis vermelho sangue,ao estante cheia de livros ,um painel com uma coleção de armas brancas.
Havia também poltronas e um tapete grande e felpudo cinza.Era pelo menos confortável.
-É....isso é algum fetiche?-perguntou ela se referindo a roupa.
Ele apenas dirigiu a sua mão ao rosto dela e tirou uma mecha de cabelo e colocando atrás da orelha.
-Gostei de você morena.
Okay.É uma boa hora para se desconfiar.-pensou.
-Porque não o olha no espelho?
Ela olhou para o espelho e viu uma grande diferença além de sua aparência,naquilo querem e aquilo que ela quer realmente ser.
  -Cuidado para não se apaixonar por si mesma.
-Como o Narciso?-perguntou.
-Yeah,percebe-se que conhece essa lenda.
-Eu sei que muito mais do que se  imagina.
Ele se pôs na frente dela e mostrou um lindo colar de era vitoriana com um terço preto com pedras vermelhas.
-Lindo...-sussurrou encantada.
Ele colocou nela.
-Por acaso você é....um gótico?
-Antes de responder.Gostaria de saber o que é um gótico pra você?
-Góticos são pessoas que gostam da noite porque é hora de refletir sobre a sua vida.São intelectuais e a forma de se expressarem pela arte assusta as pessoas por isso.Mamãe disse que algumas pensavam que eles eram maus só porque usavam preto e alguns iam para o cemitério.Ah!E também perguntavam para eles se bebiam sangue de virgens.
-Hum!interessante.Sabe porque eles usam preto?
-Eu acho que é porque sempre estão de luto pela sociedade.Sempre acreditei que cores podem ter significado.
-E as outras cores?Vermelho,verde musgo,branco?
-Bem o vermelho é sangue ou será amor?,o verde musgo é a esperança e branco é paz.-pausou-Eu uso branco,mas não vejo significado algum o branco agora.Confuso
-É o que você disse,pode ser aceito,mas vale lembrar que não somos latinha para ganhar rótulo-Ele foi até sua cama e se deitou nela-Vem cá,pode deitar.
Mady ficou um tempo parada.Mas acabou saindo do transe, e sentou na cama.
-Então,parece que temos um segredo a guardar,certo?Não obedecemos os padrões impostos,sendo assim
-Somos inimigos do Estado-completou a bonequinha já deitada há uns 20 cm de Lucious.
-Lucius?
-Sim?
-Porque Lucifer?-perguntou curiosa.
-Pelo significado,flor,não pela lenda da queda do anjo rebelde.Mas exatamente significar o portador da luz,e luz pode ser entendo por conhecimento.
-Um intelectual!-exclamou Madylene-Nada clichê.
-Sempre que me pergunto eu uso uma alegoria de Sócrates.A da...
-Caverna?
-Você  é demais,com quem aprendeu?-seus olhos brilhavam.
-Não vai tirar a máscara?
-Ah!Sim,eu me esqueci-disse colocando a mão na cabeça a coçando.
E revelou um rosto jovem e pálido.
-Que você perguntou mesmo?
-Está usando essa desculpa para não responder?
-Tá.Meus pais,e por pensarem assim eles morreram.
-Oh!Minha flor!-Ele a puxou para si,a abraçando.
-Sem pena por favor-Advertiu ela séria.
-Que lindos vocês dois!-exclamou uma voz feminina e infantil.
-Sky!-Gritou os dois ao mesmo tempo.
Sky era uma fantasma,amiga de Mady antes e depois de morrer.Mady se lamenta e se culpa até hoje por não ter a salvo e muito menos conseguir trazer a paz à sua amiga.
-Espera!Você a conhece?-Perguntou a bonequinha a Lucius.
-Claro,foi ela que me deu a ideia de trazer você ...para cá.
Madalene encarou Sky .
-Vocês dois estavam sós,então eu quis junta-los um pouco-e mexeu freneticamente os dedos-Além mais ,são fofinhos juntos.
-Valeu Sky.
-Você está brava comigo,Mady?-perguntou a fantasma.
-Não ,confio em você.
Lucious sorriu.
E gritou:
-Abraço de urso!.
-O que?
Madalene estava na cama com um garoto interessante,colada com ele a brincar.Se não soubessem disso,iriam não pensar em besteira?
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Palácio Principal de Opala:
-Senhor,está para começar o Amazona show,podemos fazer os anúncios?
-Claro-Henrico,as vezes era de poucas palavras.
-Senhor.
-O que?-perguntou impaciente,pois o mesmo funcionário estava o questionando.
-O general de Safira,gostaria de sugerir algo.
-Pois mande-o entrar.
Após a saudação respeitosa,o general Evandro sugeriu.
-Gostaria de adicionar Peixes e Câncer no Reality.
-Pra que?Iriam morrer facilmente.
-Sim,mas ajudaria a provar essa teoria,além do mais,me informaram que há algo estranho filha dos Giovanneli.
-É. O que uma garotinha pode fazer contra mim.
-Me informaram que ela tem algo de estranho,seu olhar vazio não diz nada sobre seus sentimentos e ela nunca chorou depois da morte dos pais,pode furar nosso sistema.
-Bem pensado.-sentado numa poltrona que parecia mais um trono e alinhando o terno ele gritou para o secretário anotar.
-Mande então dois:A filha dos vermes dos Giovanneli e uma scorpio para o show.
-Sim Senhor!-E o general fez continência.

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