A sua espera

25

— Essa situação me deixa confusa... Estou grávida de outro, e meu coração está querendo se entregar a você.

— Então deixe isso acontecer. Não é porque você está grávida de outra pessoa, que vai diminuir o que eu sinto.

— E se eu descobrir que não é isso que eu quero?

— Se você achar que não tomou a decisão certa, eu vou respeitar sua decisão, como sempre fiz e vou me conformar com sua amizade. Qualquer sacrifício para te ver com um sorriso é válido.

— Não quero te machucar...

Segurei seu rosto entre minhas mãos e beijei seus lábios suavemente.

— Ouça com atenção, eu te amo ao ponto de me sacrificar para vê-la feliz. Não vou dizer que não vou sofrer, mas se for para mantê-la feliz, eu vou aceitar o que você quiser me dar. Sem pressa, sem julgamento, sem cobranças.

— Você promete?

— Tem minha palavra.

Lia me abraçou e ficamos assim por um bom tempo. O encanto só foi quebrado quando Valentina resolveu nos lembrar que ela estava presente entre nós dois.

— Essa garota com certeza vai jogadora de futebol... Cristo, como ela chuta – disse Lia passando as mãos sobre a barriga.

— Acho que ela ficou incomodada com nosso silêncio.

— Ou porque eu estava apertando ela – ela riu.

Coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e fiquei admirando o jeito como Lia me encarava.

— Estou com medo de acordar amanhã e perceber que tudo foi um sonho – Lia sussurrou.

— Não é um sonho.

— Então só para ter certeza, você pode dormir aqui?

— Se você não tivesse pedido, eu iria me oferecer. Não consigo dormir direito quando dormimos em quartos separados.

— Mesmo que minha barriga tome metade da cama?

— Mesmo assim. Gosto de acordar e ver você dormindo como um anjo.

— Não esqueça a parte que estou babando no travesseiro.

— Isso é você que está dizendo.

Nós rimos e depois Lia voltou a se enroscar nos meus braços.

*

A manhã chegou com alguns raios solares atravessando as cortinas. Estava há uma hora acordado observando Lia dormir. Uma parte dos seus cabelos estava caída sobre seu rosto. Queria tirá-los, mas tinha medo de acordá-la. Suas mãos estavam embaixo do seu rosto, formando um travesseiro, apertando sua boca, forçando a fazer um biquinho. Chegava a ser engraçado.

Lia soltava alguns suspiros, mas não acordava. Imaginei que estivesse sonhando e desejei ser eu a estar nele.

Lia havia aberto seu coração e revelado seus sentimentos. Sabia que ela estava pensando que isso que estava acontecendo era muito confuso e que talvez estivesse agindo por impulso, mas eu estava no jogo agora e não iria deixar que ela escapasse novamente. Fechei os olhos e suspirei.

— Bom dia.

Quando voltei a abrir os olhos, Lia estava me oferecendo um sorriso tímido.

— Bom dia. Conseguiu dormir?

— Como um bebê. E você?

— Demorei um pouco. Fiquei te observando e repassando nossa conversa.

— E que conclusão chegou?

— Quero ter mais noites como essa. Ficar aqui, olhando para você, conversando com Valentina... E você?

— Acho que quero o mesmo.

— Bom.

Aproximei-me e a beijei.

— Queria poder ficar aqui o dia todo.

— Podemos fazer isso. Eu não tenho aula e você não tem que ir trabalhar.

— Mas temos o almoço com sua amiga, esqueceu?

— Ah é... Eu tinha esquecido.

— Podemos inventar uma desculpa e ficar aqui.

— Conhecendo a amiga que tenho, ela transferiria o almoço para cá – ela riu.

— Então é melhor a gente ir e evitar que ela invada nossa casa.

Beijei Lia mais uma vez e me levantei da cama.

— A onde está indo?

— Preparar nosso café.

— Quer ajuda?

— Não, mas pode me fazer companhia na cozinha, se quiser.

— Acho que vou ficar aqui debaixo do edredom.

— Sua preguiçosa – falei roubando outro beijo.

— Não sou preguiçosa. Valentina ainda está dormindo. Não é justo acordar a garota tão cedo.

— Valentina nem sabe diferenciar o dia da noite. Invente outra desculpa.

— Agora não consigo pensar em algo. Dê-me alguns minutos.

Meia hora depois, quando voltei para o quarto, Lia tinha voltado a dormir. Coloquei a bandeja ao lado da cama e fiquei observando antes de acordá-la novamente.

Que de hoje em diante, eu sempre tivesse momentos como esses. Esperava que o tempo que fiquei longe dela, agora fosse apenas uma lembrança e que ficasse trancado no passado.