Capítulo 23: A Lucidez da Loucura

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Luci levou alguns segundos para entender o que acontecia. Uma moça loira e linda a abraçava forte e sua mãe dizia que elas eram irmãs. Seria mais um truque de Selma? Ela seria capaz de ter mentido pra esse homem e pra essa mulher os convencendo de que eram todos parte da nossa família?

- Tadinha gente!! Ai, olha a carinha dela! – Belinda comenta ao soltar o aperto do abraço e olhar para o semblante perdido da irmã.

- Não... não sei se eu entendi direito. É, vocês poderiam me dar um minuto? – Selma revira os olhos.

- Lucinda não seja mal educada! Vai deixar a visita parada esperando feito um dois de paus?

- É verdade. Perdão. Me desculpe, eu só...

- Você está com tontura? Está branca feito papel! Vem, vamos sentar ali fora pra você pegar um ar. Pai consiga uma água pra ela. – Depois se falar com o pai, volta a se dirigir a Luci. - Prefere com gás?

- Não se preocupe, estou bem.

- Vou buscar a água, já volto! – Luis Carlos menciona e sai apressado.

- Vamos sentar ali fora.

- Ela já está bem. É só frescura! – Selma não se controla.

- Não me parece frescura, ela está parecendo um fantasma de tão pálida e gelada.

Elas caminham lentamente até mais próximo da porta, Belinda consegue cadeiras para elas,desalojando algumas das flores e as três sentam-se.

- Foi tudo muito abrupto, eu não consegui me controlar e te assustei com meu abraço, não foi? – Luci a olha com os grandes olhos arregalados e a boca levemente aberta como se fosse falar, mas ela não fazia a menor ideia do que responder.

- Não sei... – Selma solta um suspiro irritado à resposta da filha mais nova, Luci olha pra mãe sabendo que estava parecendo patética de novo perante ela. – Eu não sei se entendi bem tudo isso.

- Claro! Foi muito rápido, inclusive pra mim. Creio que o melhor seria explicar desde o começo. Querem ir para um outro lugar?

- Não precisa! Vamos acabar logo com isso. – Selma responde, Luis Carlos retorna com a garrafinha de água e dois canudos. Resolve que é melhor deixar que elas conversem sozinhas e diz que vai aguardar do lado de fora. Luci bebe a água com se sua sede fosse insaciável.

- Tudo bem pra você conversarmos agora, Luci? – Pega nas mãos da irmã e as mantém entre as suas.

- Acredito que sim. Tudo bem, sim. – Luci olha para as mãos junto das da moça e se sente diferente. Se sente bem. Amparada. Alguém sangue do seu sangue que a queria bem era estranhamente agradável.

- Eu me chamo Belinda Benedito Zamparini, tenho 23 anos e moro na Rússia há, mais ou menos, 18 anos. Antes papai e eu morávamos na Inglaterra. Papai tem origem italiana, é uma miscelânea, não é? – riu, Luci estava absorta demais nas informações pra achar engraçado. – Pois bem, eu sabia que tinha uma mãe brasileira, papai me falava dela dizendo que ela não pôde ir morar conosco por algumas questões. Eu me sentia péssima em pensar que deixei por todos esses anos Selma morando num local degradante. Precisava fazer algo e então viemos vê-la. Hoje descobrimos que ela tinha uma filha mais nova. Você não tem noção do quão feliz e triste eu fiquei. Triste porque poderíamos ter crescido juntas vivendo numa casa maior que toda essa feira! Feliz, pois eu tinha irmã! Eu precisava vê-la e abraçá-la e beijá-la e muito mais! Por isso estamos aqui.

- Mas... como?

- Como o quê, criatura?!

- É verdade mesmo? – Luci perguntou mesmo temendo a reação da mãe.

A Lucidez de Luci (Completa Até Dia 01/12)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora