— Gongju agashi— Soo Bin bate na porta e entra. — Wang jeonha a espera nos aposentos reais.

Sem delongas desnecessárias, levanto do chão e  acompanho Soo Bin até o GangnyeongJeon² Hall. Mesmo ciente do que me aguarda, não consigo evitar sentir meu coração descompassar-se numa arritmia melancólica. Em alguns metros meu destino será selado. 

Mais um passo. E outro e outro e, finalmente, o fim.

Jeonha, a Gongju está aqui. — Minha dama de companhia anuncia minha presença, lança-me um olhar compassivo e se retira.

Abamama — Cumprimento meu pai e me sento sobre minhas pernas. 

— Imagino que saiba o motivo pelo qual a chamei. — Ele e mamãe estão acomodados na cama, observando-me com cautela, aguardando minha resposta.

 Apenas assinto e ele prossegue.

— Começaremos em breve os encontros com a família de Lee Min Suk para discutir a possibilidade de um casamento. O pai dele é um homem com grande influência nas relações exteriores, o que faz com que essa união seja vista de forma favorável pelo parlamento. Se tudo correr bem, o noivado deve ser oficializado ao final do ano, esteja preparada.

Abamama, sobre o meu pedido...

— Não acredito que seja seguro.— Ele me interrompe, coçando a barba como se refletisse intensamente. — Hoje não. Apenas vá.

Baixo a cabeça em sinal de respeito e me retiro sem pronunciar uma palavra sequer. Não tenho forças para tanto e estou certa de que começarei a chorar no instante em que abrir a boca.

Porém, antes que eu alcance a saída do saguão real, uma mão envolve meu braço. Mesmo sem olhar pra trás, sei de quem se trata. Seu perfume almiscarado é reconfortante e familiar. 

Gongju. — Eomamama me abraça e afaga meu rosto. — Desejo que seu coração não se entristeça muito. Você tem um dever para cumprir com essa nação, querida. Espero que se lembre disso e consiga ficar em paz.— Ela me fita e seus olhos estão úmidos, refletindo os meus. — Quanto ao seu pedido, tentarei conversar novamente com seu pai.

Mais uma vez, não digo nada e, geralmente, nem preciso. A mulher à minha frente é capaz de desvendar qualquer tipo de silêncio que eu lhe ofereça. 

Contudo, nesta noite, mostro uma quietude que ela não pode discernir ou julga melhor fingir não entender.

Não a culpo. Meu interior só refletiria pensamentos que a deixariam aflita, por isso os guardo, disfarço e oculto. Depois os pego, reflito e pondero. Matuto, cogito e enlouqueço num angustiante ciclo vicioso até que eles não caibam mais em mim e, por fim, transbordo.

Despeço-me de minha mãe com um beijo, assegurando-lhe de que ficarei bem, e tomo um desvio antes de retornar ao meu quarto no palácio Donggung³.

De longe, contemplo a imponente estrutura do portão principal Gwanghwamun sabendo exatamente como concretizar meus anseios secretos.

Com a permissão de abamama, por um dia inteiro, eu vou sair.

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¹ Os fatos narrados neste parágrafo são fictícios e não correspondem à real história da Coreia do Sul.

² GangnyeongJeon Hall

² GangnyeongJeon Hall

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³Palácio Donggung

³Palácio Donggung

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