Capítulo 35 - "Yes."

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Algum tempo depois o médico responsável pelo parto vem até nós. Beatrice nasceu saudável com seus 2.850g e já pode receber nossa visita.

Betty pede pra ir sozinha visita-la e diz que será breve, para receberem nossa visita em poucos minutos. Quando minha sogra se vai, James, mais relaxado, senta-se ao meu lado e me encara com amor.

Seus olhos, nariz e lábios ficam a poucos centímetros dos meus quando toma meu rosto em suas mãos.

Eu espero que fale algo, mas por alguns segundos apenas nos encaramos.

- Oh Deus, como eu amo você. Você é a mais bela coisa que já aconteceu na minha vida. - São as palavras que saem dá sua boa com certa sofridão, pegando-me de surpresa.

Seus olhos são cansados, mas beijo um deles quando sorrio.

- Eu amo você. Somos essa bela coisa juntos.

- Eu não vejo a hora de ser você lá dentro. De podermos ser uma família e de segurarmos nosso bebê nos braços.

Meu peito sobe e desce mais rápido que o normal. Eu amo cada palavra que me diz.

- Vamos com calma, faltam cinco meses e ainda não estou preparada. - Lhe dou um sorriso, mas também estou ansiosa. - Já para sermos oficialmente uma família falta pouco, pouquíssimo.

Lhe beijo os lábios, em um selo rápido. Sentado ao meu lado, entrelaça sua mão a minha, enquanto aguarda sua mãe nos chamar.

Eu brinco com seus dedos, chegando até o arco que circula seu dedo anelar direito. Encaro seu anel largo e dourado com um risco no meio que lhe da um ar masculino. Aproximo o seu anel do meu, um anel de corte único, mas com duas voltas na parte de cima cravejada no lado superior e com uma linda pedra brilhante no centro. Um modelo solitário com seu estilo modificado.

As lembranças de uma tarde ensolarada de início de fevereiro na baia de San Diego, em Seaport Village, toma conta do meu pensamento, como de costume sempre que olho para o brilhante.
No mesmo café em que apreciamos o melhor bolo do estado, na última vez que estive aqui, e me presenteou com uma pulseira que faço questão de usar todos os dias, onde agora faz par perfeito com o anel recebido e gargantilha que fora da minha mãe, fui protagonista do momento cheio de sentimentos mais intensos de toda a minha vida.

O sol brilhava fraco e James fez questão que sentássemos em uma das mesas do lado exterior do café. Desde o início da gravidez eu passei a manter distância do café e mesmo com a amenizada dos enjoos, naquela tarde tomava um suco gelado com rosquinhas de sabor. Foi o primeiro desejo que senti.
James estava a minha frente, com um boné de um time de basebol, passando despercebido pelos olhares curiosos, e um óculos aviador preso a gola da camisa, enquanto o meu estava preso no alto da cabeça e ao emaranhado de cabelos que o vento sacudia incansavelmente.

James lia o meu livro, pela segunda vez, sem expressar qualquer opinião e eu fingia não importar com a situação, mas o seu sorriso durante a leitura derretia meu coração. Segundo ele, ainda não havia conseguido se expressar com palavras o que achou.

Eu lia um livro de poesias antigas, com as folhas amareladas e pouco conservadas que James fez questão que eu comprasse em um sebo que passamos durante o passeio. Custava apenas um dólar e estaríamos ajudando instituições de caridade.
A poesia tem uma linguagem antiga, mas consigo obter uma imagem clara para o romantismo na época em que foi escrito, totalmente diferente do mundo atual e libertador que vivemos.

No meio de uma leitura, encontro um envelope na página seguinte. Sua aparência parece também envelhecida, mas uma letra escrita a mão mostra que não é tanto assim, está escrito "para você".

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