Subia o morro pensando em tudo que o Gabriel tinha dito no fim de semana. Havia mesmo a possibilidade de eu estar gravida. Mas eu não queria acreditar muito nisso. Meu celular tocou e o nome de Lelê acendeu na tela.
— Oi.. — disse assim que atendi.
— Oi, cadê tu? — ele perguntou.
— To subindo o morro agora porque?
— Nunca liga pra eu ir te buscar em!?— ele disse rindo e eu revirei os olhos.
— Minha bunda estava doendo... Por causa do ônibus né Lelê... — revirei os olhos.
— Ata.. suave. Pode vir pra minha casa? — perguntou e eu achei estranho.
— Porque?
— Preciso falar de um lance com tu. — ele disse e eu gelei.
— Quer adiantar o assunto?
— Melhor esperar tu chegar. Não demora já é? — ele disse com a voz calma me fazendo ficar ainda mais nervosa.
— Aí Lelê, já to indo. — desliguei a chamada e continuei a subir.
A casa dele ficava uma quadra depois da casa da mãe dele. Fui rapidinho ainda com a mochila nas costas com as coisas da faculdade. A casa de Lelê já tinha todos os móveis praticamente, mas ele passava mais tempo ou na minha casa ou na casa da mãe dele.
Passei pela boca de fumo, e o cara que tentou me agarrar no dia do pagode estava lá. Ele ainda me causava medo, o jeito debochado dele, o jeito malicioso, me dava arrepios. Apesar dele não ter feito nada comigo desde o dia do pagode eu tinha uma sensação ruim perto dele...
Apertei o passo tentando passar mais rápido, olhei pra trás e acabei trombando em alguém levando um susto.
— Aí— disse colocando a mão no peito.
— Tá devendo minha filha? — ele perguntou rindo.
— Que susto Dinho, miserável. — eu disse respirando fundo.
— Tá doida filha, sabia que era feio mas não tanto assim né. — disse revirando os olhos e arrumou o fuzil nas costas.
— Tô indo na casa de Lelê.. — eu disse.
— Ele virou psicologo agora? Tá fazendo sessões na casa dele?— perguntou irônico e eu não entendi.
— Que? — perguntei com as sombracelhas arqueadas.
— Primeiro eu vi Gabriel indo lá, depois Helena, ainda vi ele trocando uma ideia com a Bela na frente da escola dela. Tá cheio de amiguinhos.— disse ciumento e eu fiquei ainda mais gelada.
Merda Gabrieeeeeeeel.
— Tá com ciumes do Lelê?
— Olha pra minha cara Maju? Eu lá vou ter ciumes de home? Ah... — revirou os olhos e ia voltar a andar mais eu o parei.
— Espera. — disse e ele me olhou. — Você viu se ele tá bravo.. ou puto sei lá? — perguntei e ele ergueu as sombracelhas.
— Eu não falei com ele. Aquele traira, era pra ele ficar na ronda comigo hoje, o que ele faz? Fura.. tive que rodar os quatro cantos do Vidigal sozinho nessa lua. — disse bravo e eu ri.
— Sem essa Dinho.. pode parar. — eu disse empurrando ele e o mesmo gargalhou.
— Tô zuando. Ele parecia preocupado. Aconteceu alguma coisa?
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Nosso Amor
General FictionMaria Júlia.. A loirinha da Rocinha, ela vem com o seu jeito de ser envolvendo e apaixonando quem estiver a sua volta. Nunca lhe faltou nada, fruto de um estupro, vai conhecer o amor no Vidigal... Vai sofrer, vai chorar, vai sentir saudades.. Mas c...