Cap.72

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Subia o morro pensando em tudo que o Gabriel tinha dito no fim de semana. Havia mesmo a possibilidade de eu estar gravida. Mas eu não queria acreditar muito nisso. Meu celular tocou e o nome de Lelê acendeu na tela.

— Oi.. —  disse assim que atendi.

Oi, cadê tu? — ele perguntou.

— To subindo o morro agora porque? 

—  Nunca liga pra eu ir te buscar em!?— ele disse rindo e eu revirei os olhos.

— Minha bunda estava doendo... Por causa do ônibus né Lelê... —  revirei os olhos.

—  Ata.. suave. Pode vir pra minha casa? — perguntou e eu achei estranho.

—  Porque? 

Preciso falar de um lance com tu. —  ele disse e eu gelei.

—  Quer adiantar o assunto?

Melhor esperar tu chegar. Não demora já é? — ele disse com a voz calma me fazendo ficar ainda mais nervosa.

—  Aí Lelê, já to indo. —  desliguei a chamada e continuei a subir. 

A casa dele ficava uma quadra depois da casa da mãe dele. Fui rapidinho ainda com a mochila nas costas com as coisas da faculdade. A casa de Lelê já tinha todos os móveis praticamente, mas ele passava mais tempo ou na minha casa ou na casa da mãe dele.

Passei pela boca de fumo, e o cara que tentou me agarrar no dia do pagode estava lá. Ele ainda me causava medo, o jeito debochado dele, o jeito malicioso, me dava arrepios. Apesar dele não ter feito nada comigo desde o dia do pagode eu tinha uma sensação ruim perto dele... 

Apertei o passo tentando passar mais rápido, olhei pra trás e acabei trombando em alguém levando um susto.

—  Aí—  disse colocando a mão no peito. 

—  Tá devendo minha filha? —  ele perguntou rindo.

— Que susto Dinho, miserável. —  eu disse respirando fundo.

— Tá doida filha, sabia que era feio mas não tanto assim né. —  disse revirando os olhos e arrumou o fuzil nas costas.

— Tô indo na casa de Lelê.. —  eu disse.

— Ele virou psicologo agora? Tá fazendo sessões na casa dele?—  perguntou irônico e eu não entendi.

—  Que? —  perguntei com as sombracelhas arqueadas.

—  Primeiro eu vi Gabriel indo lá, depois Helena, ainda vi ele trocando uma ideia com a Bela na frente da escola dela. Tá cheio de amiguinhos.—  disse ciumento e eu fiquei ainda mais gelada. 

Merda Gabrieeeeeeeel.

— Tá com ciumes do Lelê?

— Olha pra minha cara Maju? Eu lá vou ter ciumes de home? Ah... —  revirou os olhos e ia voltar a andar mais eu o parei.

— Espera. —  disse e ele me olhou. — Você viu se ele tá bravo.. ou puto sei lá? —  perguntei e ele ergueu as sombracelhas.

— Eu não falei com ele. Aquele traira, era pra ele ficar na ronda comigo hoje, o que ele faz? Fura.. tive que rodar os quatro cantos do Vidigal sozinho nessa lua. —  disse bravo e eu ri.

—  Sem essa Dinho.. pode parar. —  eu disse empurrando ele e o mesmo gargalhou.

— Tô zuando. Ele parecia preocupado. Aconteceu alguma coisa?

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