Hazel - No Escuro

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Zack ainda evitava meu olhar, sentado com os braços abraçando os joelhos, fitando os raios de luz dançarem sobre o chão de azulejo. Se eu não houvesse visto seus lábios se movendo e escutado suas palavras, poderia facilmente assumir que ele estivera daquele jeito por horas.

- Então o que é? – Perguntei, minha voz saindo quase como um murmúrio. De alguma forma, vê-lo daquele jeito me fazia sentir completamente indefeso – Você sabe que pode me dizer qualquer coisa, não sabe?

Ele permaneceu imóvel. Assisti seu peito inflar enquanto Zack inspirava fortemente.

- Eu prefiro... Te mostrar.

Seus olhos claros encontraram os meus e ele começou a se levantar. Não demorou muito para a bolha se tornar baixa demais para seu corpo estendido, e assim, vi a metade superior de seu corpo mergulhar de volta na água escura. Sentindo a necessidade de me juntar a ele, me impulsionei para fora da cúpula de ar, e me juntei a ele do lado de fora.

Através da água, nossos olhares se encontraram de novo. Um sorriso fraco estampou o rosto de Zack por um milésimo antes que o nervosismo retomasse seu lugar. Então, eu senti os dedos quentes e macios dele andando sobre minha face. Com delicadeza, eles tocaram minhas pálpebras, ordenando que se cerrassem. Minha visão tornou-se escura, alertando-me para a imensidão dos meus outros sentidos. Então eu escutava o leve barulho das pequeninas bolhas em suspensão e sentia a água gelada mover-se sutilmente ao meu redor. Todo o meu mundo resumia-se a isso.

Até que a temperatura da água mudou. Lentamente, próximo ao meu rosto, a água tornava-se mais morna. Sem quaisquer outras pistas sensoriais que me guiassem, senti-me completamente perdido naquela única sensação. O prédio, a piscina e o meu corpo pareciam coisas distantes demais para serem alcançadas. Tudo se resumia aquele calor que se aproximava... E claro, ao que ele significava.

Até que um barulho forte ecoou pelas paredes, tirando-me do meu transe. As portas haviam sido abertas. Em seguida, as luzes se acenderam, iluminando toda a água. Meus olhos foram cegados pela claridade.

" Sabemos que estão aí! ", uma voz entoou acima da água.

Havíamos sido pegos.

Bronze ÚmidoWhere stories live. Discover now