Capítulo XXVII - MALU

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O médico saiu da sala, deixando-me a sós com o Quatro dois quatro. Eu já estava desacostumada a chamar pessoas por números.

- De que grupo seleto será que ele está falando? - indagou-me o rapaz, franzindo o cenho.

- E eu que vou saber! - respondi – Pensei que vocês fossem amiguinhos o suficiente para dividir segredos.

- Ele não conta segredos para ninguém. Ele é louco!

- Grandes novidades... - suspirei revirando os olhos.

Permanecemos em silêncio por bastante tempo. Não tínhamos assuntos em comum, mas se íamos passar alguns instantes juntos, achei que era justo ao menos saber o seu nome.

- Qual é o seu nome? Digo, nome de verdade.

- Eu não vou te falar – disse ele – Eu nem ao menos sei se você é de confiança.

- É verdade. Fui bem eu que comecei arremessando pessoas contra a parede – resmunguei, dando por encerrada minha tentativa de manter um clima amistoso.

Logo o médico retornou.

Quando o médico retornou, endireitei-me na cadeira. Não que ele fosse me repreender por estar sentada numa postura ruim, mas ele meio que me dava calafrios.

- O pessoal do hospital é muito severo, mas consegui convencê-los a te aceitar de volta no nosso programa - explicou-me ele - Essa é uma oportunidade rara e só foi dada porque você é muito especial.

- É, eu sei... - resmunguei - Eu faço parte de um seleto grupo. Ou dupla, como quiserem. Um grupo tão seleto, que nem eu, nem meu colega aqui - apontei pro Quatro dois quatro - sabemos do que se trata.

- Tudo a seu tempo, minha querida...

- Quer saber? - indaguei, levantando-me da cadeira - Eu estou cansada de esperar. Se você pensa que vai ficar me enrolando com esse seu papinho ridículo, você está muito enganado. Eu acho que você não sabe coisíssima nenhuma sobre mim, nem sobre ele - tornei a apontar pro rapaz ao meu lado - Eu vou atrás de quem possa me dar respostas concretas.

Virei as costas e segui até a porta, mas antes que eu tivesse a oportunidade de girar a maçaneta, o médico levantou-se dizendo:

- Você não pode voltar pros seus amigos! - ele parecia meio desesperado - Você não é como eles.

- É claro que não. - respondi - Nenhum deles é telepata. Eles tem outros...

- Não! - interrompeu-me ele, com urgência - Você é mais evoluída que eles. Você faz parte da segunda geração.

- Como é que é? - indaguei

- É isso mesmo, oito cinco dois. Você foi aperfeiçoada.


A Segunda Geração - Livro 1Where stories live. Discover now