Garota Má [HIATUS]

7. Um pedaço do passado

Brașov, Romênia, 1846.

A pequena Sasha Stoica estava mais uma vez escondida na biblioteca da mansão de Dimitru. Ela estava chorando, sentia-se imensamente angustiada e triste. E sentia-se principalmente, enojada.

Na noite anterior, o vampiro a havia feito beber sangue de um ser humano. A menina não quis beber, disse que não era uma vampira, e mesmo que fosse, nunca tomaria sangue de um ser humano inocente. Mas Dimitru a pegou pelos cabelos e a obrigou a beber o líquido grosso. Assim que o líquido chegou em seu estômago a garota vomitou, Dimitru a derrubou no chão e disse que se ela pusesse sangue para fora outra vez, ele a faria dormir ao lado de um corpo em decomposição.

Desde ontem a garota estava sem dormir, só fazia chorar e lembrar-se do gosto horrível do sangue em sua boca. Sasha queria muito ir embora, fugir de Dimitru. Queria poder viver uma vida comum, sem ser obrigada a morar com o vampiro que matou sua mãe, sem ter que ver pessoas serem mortas em sua frente. Ela era apenas uma menina de nove anos, não devia ver este tipo de coisa.

- Garotinha? O que faz aqui uma hora dessas? - perguntou a empregada da casa.

- Não é da sua conta. Sai daqui! Me deixe em paz!

- A senhorita pode pegar um resfriado sentada neste chão.

- Eu... Eu quero pegar mesmo, uma doença que me faça morrer! - disse a garotinha chorando.

- Não diga besteiras! Venha, vou te levar para seu quarto.

- Está bem... Qual... Qual seu nome? - perguntou a menina enxugando as lágrimas.

- Aysha, meu nome é Aysha - disse a moça sorrindo.

Deadwood, dias atuais.

Aquela havia sido uma ótima tarde. Simon e Sasha conversaram bastante, e descobriram que se davam muito bem.

Para Sasha, aquela havia sido a melhor tarde de sua existência. Ela havia finalmente feito um amigo. Todos estes anos foram muito difíceis para ela. A vampira sentia-se vazia e extremamente solitária.

Já para Simon, aquela foi uma tarde de descontração e alegria. Os dias na delegacia eram muito monótonos, e ele estava ficando enjoado de ter apenas Philip e outros três policiais para conversar.

- Já está anoitecendo. Você quer jantar em minha casa? - perguntou Simon.

- Não... Eu... Não estou com fome - disse a vampira sem jeito.

- Sem fome? Mas você nem tocou em seu sorvete! Ficou com ele em sua não até que ele derretesse e não desse mais para ser tomado - Simon disse sem entender.

- É que eu... Não sei, só estou... Sem fome - Sasha disse fitando o chão.

- Está bem. Então, como é lá na Romênia? - perguntou Simon.

- Bem chato. As pessoas, tudo lá é muito monótono - Sasha odiava a Romênia.

- Sabe, eu quase não sei nada sobre a Romênia, tudo o que já ouvi sobre lá, é que o Conde Drácula nasceu lá - Simon riu.

- Conde Drácula? O vampiro? - Sasha não queria falar sobre vampiros, mesmo que fosse sobre um vampiro fictício.

- Sim. As pessoas de lá acreditam mesmo em vampiros? - Simon riu.

- Só os idiotas - respondeu Sasha soando mais ríspida do que pretendia.

- Eu não tive a intenção de...

- Eu sei. Me desculpe. É só que... Bem, eu não gosto muito de falar da Romênia. Estou aqui nos Estados Unidos, quero esquecer um pouco de casa - Sasha desculpou-se.

Eles estavam em uma rua mal iluminada quando Sasha ouviu um barulho. Ela parou de andar e encarou o teto das casas.

- O que foi? - perguntou Simon alarmado e já com a mão na arma em sua cintura.

- Nada. Só fique quieto um instante - Sasha fixou o olhar no teto de uma casa de três andares em sua frente. A casa parecia estar vazia.

- Pode me dizer o que está acontecendo? Você viu algo? - Simon não estava gostando da forma como Sasha encarava o teto.

Sasha não respondeu.

- Diga alguma coi...

Uma sombra passou rápida por trás de Simon, Sasha pois-se em posição de ataque. Mais um movimento dessa sombra, e ela mostraria suas presas.

A sombra passou mais uma vez por entre os dois e parou atrás de árvore, num canto ainda mais escuro da rua.

- Ora, ora. O que faz aqui nos Estados Unidos, Sasha Stoica? - perguntou a voz.

- Como você... Espere um pouco... Aysha? O que você faz aqui? E... viva? - perguntou Sasha, sem saber como aquela mulher ainda estava viva.