5. Sendo covarde

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Sasha tinha tudo nas mãos.
O xerife Simon King estava de costas para ela, numa floresta muito afastada da cidade. Ela poderia matá-lo e ninguém veria ou ouviria nada.

Mas ela hesitou. Por um instante, sentiu-se mal por querer matar Simon. Ele havia sido tão gentil e educado com ela. Mesmo ela sendo a principal suspeita pelas mortes na cidade, ele a havia absolvido, acreditava nela. Ele era um imbecil por acreditar na palavra de uma estranha - o que não era nem um pouco prudente para um policial - mas, ainda sim, a deixou em paz e foi investigar outras evidências.

Sasha não podia matá-lo. Sasha não queria matá-lo.

A vampira havia hesitado tempo demais, então, Simon virou-se para ela.

- Nossa! Você está completamente pálida, Sasha! Está tudo bem? Você está passando mal? - perguntou ele preocupado.

A garota saiu de seus devaneios e voltou sua atenção para o homem em sua frente. Porque ela não o matou? Porque, pela primeira vez em sua existência, teve misericórdia de uma insignificante vida humana?

- Eu estou bem. Acho melhor voltarmos para a cidade - disse ela ainda sem entender o que não havia acabado de acontecer.

- Eu pretendia te mostrar mais da paisagem, mas ja que você prefere ir embora, vamos então - ele sorriu.

A viagem de volta a pequena cidade de Deadwood foi de certa forma, mais longa que a vinda. Quando eles estavam vindo para cá, Sasha havia planejado matá-lo, havia planejado fazer com que todos à temessem, que todos soubessem que ela havia matado o xerife Simon King. Mas agora, ela estava muito perturbada e confusa. O que deu nela para hesitar, para ter clemência com um nada, com um simples humano? Ela não devia ter pena ou misericórdia de ninguém. Dimitru a criara e a transformara num monstro, e ela não podia renegar a sua essência vampira, seu instinto. Ela não podia voltar atrás como Dimitru fizera. Ele era um covarde. Havia feito tanto mal e agora achava que podia viver de bolsas de sangue e negar seu passado sombrio.

Sasha Mihai era uma vampira, uma vampira de verdade. Não uma idiota sentimental. Ela daria um jeito de tirar essa besteira chamada remorso do coração e mataria todos desta cidade. Só não agora.

- Bem, está entregue. Espero que tenha gostado do passeio - disse o xerife King ao estacionar a viatura em frente ao Hotel Star.

- Eu... Gostei sim. Obrigada - Sasha riu sem jeito.

- Também gostei muito de sua companhia senhoria Mihai.

- Han... Eu... Também - ela disse.

- O que a senhorita acha de jantar em minha casa amanhã? Minha família está bastante ansiosa para conhecê-la. Quase nunca pessoas novas chegam em nossa cidade - Simon ri.

- Jantar? Hum... Não sei... Acho melhor não - ela não podia ir jantar na casa dele. Porque ela era um vampira, vampiros não comem. Se ela fosse jantar na casa de Simon, ele e sua família é que seriam a refeição.

- Não? Bem, então que tal a senhorita me visitar em minha sala na delegacia amanhã à tarde? E depois podemos sair para tomar um sorvete. Eu aprecio muito sua companhia - ele sorri novamente.

Porque ele está insistindo tanto? Sasha não pode sair com ele por aí. Não pode ser sua amiga. Ela talvez queira ter um amigo. Mas como ela bem conhece, nenhuma relação entre vampiro e humano dá certo. Seja esta relação amorosa ou não.

- Eu acho melhor não... - disse a vampira fitando o chão. O que há com ela? Devia sentir-se autoritária, não acanhada.

- Ah... Então tudo bem... Boa noite senhorita Mihai - os olhos de Simon estavam tristes.

Aquilo tocou o coração de Sasha. Algo nos olhos de Simon, fazia a vampira querer vê-lo somente feliz.

- Espere. Eu... acho que posso ir em sua delegacia amanhã.

- Sério? - Simon queria muito estar com Sasha, seu coração queria muito estar perto dela, ter sua amizade.

- Claro. Passo lá às cinco - a vampira sorriu.

- Aguardarei ansiosamente então.

Após ter se despedido de Simon, Sasha subiu para seu quarto de hotel. Ela tentava muito entender porque não conseguiu matar o xerife, e tentava muito entender porque o olhar triste dele, à fez aceitar seu convite.

Ela queria muito saber o que estava acontecendo dentro de si. O que lá dentro à fez recuar. A vampira olhou-se no espelho, e pela primeira vez, desde que matara sua primeira presa - Raniero, o amor de sua vida - sentiu nojo de si mesma.

Bucareste, Romênia, dias atuais.

- Unul dintre oamenii noștri care urmează Sașa spus că a avut șansa de a ucide un om, dar să dea înapoi. Um de nossos homens que está seguindo Sasha, disse que ela teve a chance de matar um humano mas, recuou. - disse Constantin em romeno, um dos vampiros que trabalham para Dimitru.

- Mulțumesc pentru informații. Vă puteți retrage acum. Obrigado pela informação. Pode se retirar agora. - disse Dimitru.

- Vei schimba fiica mea, va fi din nou îngerul m-am întâlnit atât de mulți ani în urmă. Știu că va fi. Você vai mudar minha filha, vai voltar a ser o anjo que conheci tantos anos atrás. Eu sei que vai. - disse Dimitru para si mesmo.

Garota Má [HIATUS]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora