Garota Má [HIATUS]

4. Emboscada

Brașov, Romênia, 1846.

Sasha estava chorando baixinho na biblioteca da mansão de Dimitru Mihai. Ele havia matado sua mãe e a tomado como filha há apenas dois dias.

A garota já havia feito de tudo para tentar fugir, mas a mansão era grande demais, parecia um labirinto cheio de corredores e portas. E além disso, guardas tomavam conta do local.

Sasha queria ir embora, não importa para onde, qualquer lugar seria melhor do que continuar aqui com o assassino de sua mãe.

A pequena tentava entender o motivo do vampiro a querer com ele, tentava entender porque ele a deixara viva. Mas nada fazia sentido.

Passos no corredor assustaram a garota, ela não queria que ninguém a visse chorando. Não queria que vissem sua fraqueza. Ela não deixaria que achassem que podiam fazer o que quisessem com ela.

A garota enxugou suas lágrimas e pôs-se a ler um livro qualquer. A porta foi aberta e Dimitru entrou.

- Te achei, minha querida filha, Sasha Mihai - disse o vampiro aproximando-se da menina.

- Meu nome não é Sasha Mihai, é Sasha Stoica. E não sou sua filha, seu monstro nojento - retrucou ela encarando o vampiro parado em sua frente.

- Você é realmente uma garota petulante, mas isso é bom. Será uma ótima vampira.

- Não serei igual a você. Se um dia você tentar me transformar, eu mesma lhe matarei - os olhos da menina pareciam confiantes.

- Creio que isso não irá acontecer minha filha.

- Cale a boca seu monstro! Pare de me chamar de sua filha! Nunca serei sua filha, nunca sequer sentirei um pingo de afeto por você, você matou minha mãe e me trouxe para esse inferno! Mesmo se de um dia você conseguir me transformar, eu não serei como você. Serei boa, mesmo que isso signifique ficar sem sangue e morrer de fome! - a menina pulou da cadeira em que estava e se pôs a correr.

Dimitru ficou parado, vendo-a passar pela porta da biblioteca. Ele sabia que era impossível a menina conseguir fugir dali.

Mas, sentiu-se um pouco arrependido, talvez não devesse tê-la salvo. Foi uma ideia estúpida, e além disso, a garota estava certa, ela nunca gostaria dele.

Nestes últimos dois dias, Dimitru havia imaginado sua vida com Sasha, havia planejado ser um pai para ela, tratá-la da melhor forma. Mas agora, que viu que ela nunca o perdoaria por tê-la tirado de sua mãe, o vampiro tomou outra decisão.

Faria da vida da garota um inferno, e quando ela menos esperasse, a transformaria num monstro assim como ele. Isso sim era uma atitude de vampiro.

Deadwood, dias atuais.

Sasha Mihai já estava em Deadwood há cinco dias, e já matara sete pessoas. A cidade estava cada vez mais apavorada, e a vampira, cada vez mais satisfeita.

Hoje ela ia sair pela cidade pela primeira vez a luz do dia. Decidira isto porque não tinha medo de desconfiaram dela. Era até bom que desconfiassem, que a temessem.

Ela só havia hesitado uma vez, por Simon King. No dia anterior, ela planejara sair pela cidade, mas teve medo de se encontrar com o xerife, ele a havia feito sentir-se a vontade, feliz até. Mas ela não podia se aproximar de humanos, sabia que isso acabava mal.

Mas decidiu-se sair hoje justamente para encontrá-lo, ela iria mostrar a ele motivos para suspeitar sim dela, pois um vampiro de verdade não esconde seus atos, ele deixa-os à mostra para que todos o temam.

...

A vampira passeava tranquilamente pelas ruas da cidade quando a viatura de Simon passou. Ele parou o carro e baixou o vidro.

- Bom dia senhorita Mihai! Até que enfim nos deu o ar de sua graça - disse ele sorrindo.

- Bom dia xerife King. Gostaria de ter uma conversa com o senhor - disse a vampira, em sua mente, tinha um plano para mostrar a ele do que ela era capaz. Talvez matar alguém em sua frente, ou quem sabe, matá-lo.

- Claro senhorita, entre. Vou levá-la até minha sala na delegacia - disse Simon abrindo a porta do carro.

- Acho que quero conhecer as paisagens da cidade, o senhor conhece algum lugar bonito para me mostrar? - um lugar longe o bastante para ela fazê-lo sentir muito medo por não ter como chamar ajuda.

- Bem, para sua sorte senhorita, está cidade tem belas paisagens. Há uma cachoeira no meio da floresta, posso levá-la até lá se assim desejar.

- Uma cachoeira? É muito afastada da cidade? - perguntou ela fingindo estar com medo. Mas na verdade, queria que a tal cachoeira fosse sim, bem longe.

- Infelizmente, é sim um pouco longe, mas garanto que a senhorita estará segura. Não há casos de nada ruim lá.

- Que bom senhor King, fico feliz em ouvir isso - mas logo algo ruim irá acontecer lá. Pensou a vampira.

Ela entrou no carro, e deixou o xerife Simon King, dirigir rumo à sua morte.

...

Ao chegarem perto da floresta, Simon King parou a viatura. Saiu e abriu a porta para Sasha.

- Agora só precisamos pegar uma pequena trilha pela floresta e já estaremos na cachoeira - disse ele.

- Que bom, estes trinta minutos de carro estavam me cansando - a vampira sorriu. Ela fingia muito bem, qualquer um que olhasse, acharia que ela era apenas uma garota indefesa.

- Muito bem, vamos lá.

...

Ao chegarem à cachoeira, Sasha se viu maravilhada. Era um lugar realmente muito bonito. A cachoeira de águas límpidas, era estonteante, constratando com a bela floresta ao redor. Uma bela visão.

- Lindo não, é? - disse Simon.

- É sim - disse a vampira, ainda olhando ao redor.

- Mas e então, o que a senhorita queria falar comigo?

A vampira olhou nos olhos azuis de Simon, tão límpidos quanto as águas da cachoeira.

- Queria falar sobre suas suspeitas contra mim.

- Oh... Senhorita Mihai, eu já lhe pedi desculpas, sei que não foi a senhorita. Estou investigando, vou achar o monstro cruel que tem matado nossos cidadãos inocentes - disse ele com olhos determinados.

- Acho que suas suspeitas contra mim estão co...

- Senhorita, já disse que não acho que seja a senhorita o tal assassino, confio em sua palavra. Esqueça isso. Venha, vou te mostrar o resto da paisagem - disse Simon pegando-a pela mão.

A vampira sentiu-se mal por estar enganando o xerife. Ele parecia ser uma boa pessoa, e acreditava nela mesmo conhecendo-a há apenas alguns dias.

Simon virou as costas para a vampira, estava olhando ao redor, procurando se lembrar onde ficava o local que brincava quando criança.

O xerife não sabia, mas ao virar-se de costas, havia dado a vampira, a chance de atacá-lo sem que percebe-se.