— Na verdade... — ele encarou o próprio celular, arregalou os olhos e depois balançou a cabeça. — Nossa! Na verdade eu acho que a minha pressão caiu um pouco, deve ser o sol!

A julgar pela sua aparência, ele realmente não parecia bem. Notei o homem cambalear para o lado e larguei o coco na mesa da barraca, puxando uma cadeira de plástico e ajudando-o a sentar.

— Elias, me vê uma água para o rapaz aqui! — pedi e meu celular vibrou no bolso da minha bermuda, mas eu não o peguei de imediato. — Arthur, coloca a cabeça entre as pernas, porque ajuda na circulação. — sugeri e, quando ele o fez, eu a pressionei por algum tempo.

— Minha nossa... — ele resmungou, meio morto.

— Tá melhor?

Meu celular vibrou novamente e dessa vez eu chequei, vendo... Espera! Era o número da minha casa?

"Ei, Joca? Aconteceu alguma coisa?" — atendi e fui logo perguntando, já que ele havia dormido por lá na noite anterior.

"Betôoo? Tentei falar com você, mas você não atendia, então eu liguei para a polícia!"

Santo Deus.

"Polícia?" — questionei, assustado e já pensando no pior. Há uns dois meses, mais ou menos, tentaram entrar na casa de um colega do trabalho como represália pela prisão de um bandido.

Ouvi o Arthur morrinhar alguma coisa, mas eu não estava apto para lhe prestar socorro naquele momento.

"Joaquim?" — chamei. — "O que aconteceu? Onde você está? Não sai de dentro da casa, tenta... Tenta se esconder na..." — parei, tentando pensar em alguma coisa.

Puta merda, hein?

Olhei para o Arthur e ele estava mais branco do que papel.

— Ei, preciso ir, é um pouco urgente. — eu avisei e dei um passo hesitante, mas me virei para ele e disse: — Come alguma coisa, vai ajudar.

Quando coloquei o telefone no ouvido outra vez, o Joaquim estava falando uma porção de coisas desconexas.

"Espera, não estou entendendo! O que é, Joca? Estou a caminho!"

"É um frango!"

"Um frango?"

"Tem um frango no seu quintal, ele tá... Acho que tá tentando roubar o seu carro e... Ele fez carinho no cachorro"

Que?

"Joaquim, como assim tem um frango no meu quintal?" — atravessei a rua sem pensar direito e precisei me desculpar, depois que um motorista freou de forma abrupta.

"É um frango humano, Betô!"

Frango humano? Como assim um frango humano?

"Joca, não existe frango humano! Tem uma pessoa vestida de frango no meu quintal, é isso?"

"É!"

Nossa, as coisas só ficavam ainda mais estranhas.

"Escuta, Joaquim... Aconteça o que for, não saia de casa! Tranque a porta e me espere, porque eu já estou chegando. Você consegue ver se... Se o frango está armado?"

"Não, eu não consigo! Mas pelas sirenes parece que a polícia está chegando e... Caraca, que maneiro! É que nem filme, o pai e a mãe vão adorar saber disso!"

Ah, eu tinha certeza de que não...

"Não saia da casa! Chego aí em alguns minutos" — eu falei e desliguei, correndo feito um doido pelas ruas.

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