Introduzindo... Um Acordo (im)Perfeito

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"A usurpadora!

Esperando pelo seu amor

A usurpadora!

Você machuca meu coração"

- La Usurpadora, Pandora.

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ALANA

Março de 2015 (2 anos e 11 meses atrás)

— Vou sair de casa. — anunciei com as mãos trêmulas, enquanto colocava a minha mala no chão. Meu marido não disse nada. Seu silêncio vinha sendo como um veneno que me intoxicava aos poucos. Prossegui, vendo-o sentado na nossa cama e com a cabeça baixa: — Estou decidida.

— Você está decidida. — ele falou, quase num sussurro. Não fazia nem dez minutos desde que ele tinha chegado da última operação feita com a Polícia Federal, que levou quatro dias. Mesmo quando o Beto estava em casa, a distância entre a gente parecia tão grande que era como se eu ainda estivesse sozinha. — Pensei que nós tivéssemos que decidir esse tipo de coisa juntos.

— Juntos! — eu ri e levei uma mão até a boca para evitar que o riso se transformasse em choro. Eu não queria chorar. Eu queria parecer firme, ainda que por dentro eu estivesse desmoronando. — Qual foi a última vez em que nós estivemos de fato juntos, Roberto? Você precisa me relembrar, porque parece que faz anos! Dois, para ser mais exata!

Dois anos era o tempo em que nós estávamos casados. Tudo bem que as coisas não começaram a dar errado logo do início do casamento, mas eu estava falando sem pensar.

— . — o vi abrir a boca para dizer alguma coisa, mas ele refreou as palavras e desistiu. Ele parecia cansado. Que bom. Era bom saber que eu não era a única a me sentir desgastada com toda a situação.

— Você não vai dizer nada. — eu falei baixo, decepcionada, e deixei que uma lágrima escapasse sem querer. Depois que a primeira saiu, todas as outras vieram com muita facilidade.

— Eu prefiro ficar calado a magoar você, Alana. Se eu abrir a boca agora, é isso o que eu vou fazer.

— Você já está me magoando! — eu me exaltei. Não era bem isso o que eu tinha previsto, mas parecia que tudo o que era relacionado a nós, nos últimos tempos, envolvia uma dose extra de drama.

Minha reação ao menos chamou sua atenção.

— Eu sei. — ele assentiu e finalmente se pôs de pé. Eu o vi caminhar até mim e apenas chorei mais. Eu chorei, chorei e chorei, porque chegamos no nosso limite e não sabíamos como consertar as coisas entre a gente. Nós estragamos tudo. Uma vida inteira de cumplicidade jogada fora.

Senti as mãos do meu marido me tocarem e ele me puxou para si, afagando minha cabeça enquanto eu soluçava contra o seu peito.

Não me deixe ir embora.

Por favor, não me deixe ir.

Aconteça o que acontecer, me peça para ficar.

Diga que vamos encontrar, juntos, uma saída para todos esses problemas.

— Eu vou sair de casa. — repeti. Não parecia saudável que eu estivesse procurando consolo justo naquele que era o responsável pela minha tristeza.

Afastei-me e ouvi seu suspiro.

— Para onde você vai, Alana? Para a casa do seu pai? Do vô? Você sabe que eles são a minha família também, certo?

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