Capítulo três - Rossane

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            Depois do dia de ontem, estou surpreendida como é que eu ainda estou trabalhando na Simply Perfect cosmetics. Eu fui péssima ontem. Tão péssima que devia ganhar o prémio Nobel de pior assistente. Mas hoje será diferente. Hoje, senhor Flynn vai ter a certeza que eu sou a assistente perfeita para ele.
             Sorrio olhando para o espelho. Meu vestido cinza quase ao joelho justo, um rabo de cavalo e saltos altos. Pareço muito profissional.
               Vou para a cozinha e encontro Nia comendo papa de aveia. Me junto a ela.
                — Sabe Roxy, você é a pessoa mais corajosa que eu conheço. Depois de tudo o que você passou ontem, você vai trabalhar?
            — Eu preciso desse emprego, Nia! Eu sei que o meu chefe é uma bosta, mas paga super bem. Estou cansada de depender de você.
            — Tudo bem. Eu entendo. Mas você vai aguentar? — Sorrio para ela.
             — Eu não sou de desistir. Você sabe disso melhor que ninguém!
            — Sei! — A campainha toca. — Deve ser o correio. — Ela levanta e vai abrir a porta.
             Eu continuo comendo distraída. Só de pensar no que me espera, me faz ter vontade de me esconder debaixo da cama.
            Nia vem até mim com um ramo de flores e uma caixa de chocolates. Ela revira os olhos.
           — Essa é hora de mandar presente?
             — É Thomas?
             — Seria bom demais se não fosse. — Ela lê o cartão. — "Tenho saudades dos seus beijos, das suas carícias e do seu perfume que me deixa embriagado. Volta para mim, por favor!" Assinado o homem da sua vida.
             — Ele é tão fofo!
            — Ele é um idiota. Vou colocar tudo isso no lixo. — Eu tiro a caixa de chocolates da sua mão e abro.
              — Ele tem de parar com os presentes, as flores, os chocolates e com as ligações exageradas.
             — Ele não fez nada de errado. Você devia conversar com ele.
             — Não!
             — Você parece uma adolescente! — Tiro um chocolate e como. — Isso está muito bom.
              — Fique com ele se quiser. As flores vão para o lixo. — Ela coloca na mesa.
             — O lixo não é na mesa! — Digo.
             — Eu deito fora quando voltar.
            — Claro que deita! — Fecho a caixa de chocolates e coloco na minha bolsa.
            — Vamos embora. Eu não tenho tempo para isso.
              Levanto e coloco a loiça suja na pia. — Porquê as mulheres têm de trabalhar? — Pergunto. Caminhámos até a porta. — Preferia quando as mulheres ficavam em casa, e os homens iam trabalhar.
               — Eu agradeço às pessoas que lutaram para isso!
            — Eu as odeio. — Nia abre a porta e um Thomas McCartney sorridente aparece.
             Ela cruza os braços. — O que você faz aqui?
             Thomas sorri. Ele é lindo. Negro, cabelos cacheados, alto e musculado. Não admira que tenha um monte mulheres aos pés. Se eu fosse Nia também me preocupava.
             — Você está linda! — Diz em seu sotaque britânico de perder o fôlego.
             — Não quero ver você! Vai embora. — Ele entra com um cachorrinho de raça maltês branco.
             — De quem é esse cachorro? Ele é muito fofinho. — Faço carícias em sua cabeça.
             — Eu comprei para Nia.
            — A gente precisa trabalhar. Thomas, não é altura para conversar! — Nia fica irritada.
              — Nia...
             — Nia, oiça o que ele tem a dizer. — Digo.
             — Tudo bem. Depois a gente conversa. A gente precisa trabalhar.
             — Muito obrigado. Você não vai se arrepender! — Ele diz super feliz.
             — E quem fica com o cachorro? — Pergunto.
              — Thomas fica com ele. Agora vamos embora.
            — Claro. — Respondo.

              No trabalho, eu como o chocolate que Thomas deu para Nia. Está delicioso. Não consigo parar de comer. Tiro mais alguns e como. Céus! Isso está muito bom. Thomas tem bom gosto.
               As portas do elevador abrem justo quando eu chupo os dedos e fico imóvel.   Senhor Flynn anda até a minha secretária e sorri.
              Não é um sorriso simpático, mas sim um sorriso frio.
             — Já sei como é que as pessoas que nunca viram chocolate comem. — Ele pára para olhar para mim.
             Que vergonha!
             Eu me recomponho e fecho a caixa. — Bom dia, senhor Flynn. — Gaguejo.
             — Bom dia? Só se for para você! Devia trabalhar ao invés de comer chocolates. — Ele entra na sua sala.
             Que homem mais irritante! Porquê meu chefe não tinha que ser um dos homens mais simpáticos do mundo? Eu simplesmente não o suporto.
             O telefone toca.
             — Simply Perfect...
              — Oi! Tudo bem?
             — Tudo bem sim... Jennifer. — Olho para a sala do senhor Flynn.
              — Você está bem? Sabe, me deu uma vontade de falar com você!
            — Podemos falar na hora do almoço? É que o senhor Flynn não vai gostar disso! Você sabe como ele é.
              — Aí! Você é tãããão chata! — Rio e ela desliga.
É bom ter alguém aqui para conversar depois de receber tantos "insultos" de senhor Flynn.

Entre Mim & Você | DEGUSTAÇÃO Where stories live. Discover now