Capítulo dois - Vincent

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          Seus olhos começam a ficar vermelhos e suas lágrimas jorram pelo seu rosto. Ela parece ter perdido a voz. Então se levanta da cadeira e fica de joelhos diante de mim. E isso desperta excitação em mim. Droga!
            — Por favor! Senhor Flynn, eu preciso muito desse emprego, eu só estava nervosa, mas eu prometo que não vou voltar a falhar, por favor! Não me demita. Eu imploro. — Ela está tão preocupada suplicando que nem nota o volume do meu membro lutando na minha calça.
           Ela olha para cima para mim com os olhos suplicantes e os lábios tremendo. Tem um rosto angelical, mas não passa de uma grande idiota. Uma idiota sem esperança. Porquê é que eu contratei essa menina?
          — Levante-se imediatamente! — Ela levanta. Seus olhos verdes estão cheios de lágrimas. Ela é bonita. Tem altura perfeita, não é muito baixa, nem muito alta, lábios carnudos, cabelos pretos lisos e sedosos, pele morena, não tem muito peito, nem muita bunda, mas tem umas curvas incríveis.
           — Senhor... — A interrompo.
            — Não vou demitir você. — Ela sorri e me abraça.
              Em nome de todas as criaturas na terra, o que essa mulher pensa que eu sou? Um ursinho de abraços?
           — Muito obrigada. O senhor não vai se arrepender.
              Já estou arrependido! 
           — Se não me largar, eu mudo de ideias. — Ela me larga imediatamente.
           — Desculpa, senhor.
            — O que disse?
            — Desculpa, senhor Flynn!
            — Está melhor. Alguma coisa na minha agenda? — Olho para ela ajeitando o blaser e a calça.
              — Daqui há uma hora, o senhor irá rever os produtos. — Nem olha para mim.
              — Olha para mim! — Ordeno. Ela olha para mim. — Ótimo! — Entro no meu escritório e fecho a porta.
               Ela tem apenas uma semana. Duvido que irá aguentar tudo o que vou fazer com ela. Ninguém aguenta. Nunca.
              Rio da figura que ela fez há horas atrás. Nunca vi ninguém igual a ela em toda a minha vida. Ninguém deveria ser tão desastrado nesse mundo, mas cada assistente com a sua incompetência.
           O problema é que ela é tão  desnorteada que me faz duvidar da sua lucidez. O que não é nada bom. Mas acho que não faria nada de errado no seu primeiro dia de trabalho. Não seria idiota. Correção! Não seria mais idiota do que já é.
            Mas porquê é que eu ainda estou pensando sobre isso?
              Sento na minha cadeira e ligo para Olivia. Um dos meus passatempos, por assim dizer. Ela atende ao terceiro toque. Me preparo para ouvir sua voz sedutora.
               — Vincent! — Responde num tom agradável.
            — Como você está?
            — Melhor agora que você ligou! — Isso é discutível.
            — Talvez eu esteja com saudades de você! — Digo num tom provocativo.
            — Tive uma ideia! Que tal se você fosse na minha casa está noite.
            — Mal posso esperar!
              — As horas que você quiser!
             — Então até breve. — Desligo.
               Tenho um jantar com Louis Gales, mas acho que depois disso posso dar uma passada na casa de Olivia.
             Senhorita Cole entra no meu escritório como se estivesse bêbada. Mas talvez isso seja verdade. Nenhuma pessoa no seu senso comum agiria assim. Preciso descobrir sobre ela. Não quero mais empregados incompetentes. Não que ela não seja, mas se estiver bêbada, é muito sério. Ou é bêbada ou é idiota!
            — Senhor Flynn, posso entrar? — Eu quero rir. Ela é assim ou é apenas por estar perto de mim? Mas, ainda assim, a censuro!
            — Não sei se sabe, mas você já entrou! — Respondo impaciente.
               Ela olha para mim com o resto todo corado. Eu entendo. Não deve ser fácil passar vergonha assim.
            — Bem... Há uma mulher que quer falar com o senhor. O nome dela é... — Ela tenta lembrar. — Dakota James.
              — Mande-a entrar. — Ela se vira. — E senhorita Cole! Da próxima vez, não precisa vir até aqui. Basta ligar.
              — Sim, senhor Flynn.
            — Pode ir. — Ela sai completamente desnorteada.
            Rio. É bom ser o chefe. Aquele que todos têm que obedecer. Assim faço o que quiser. Porquê eu sou superior que todos. Não me imagino no lugar deles, nem quero imaginar, porque eu serei chefe para sempre. Talvez até me aposentar.
            A melhor parte disso tudo? Acho que vou me divertir muito com a Senhorita Cole. Pena é que ela só ficará uma semana ou menos. Do jeito que ela mostra ser tão sensível, então muito menos.
           Dakota entra na minha sala com um vestido preto muito curto (aqueles que as vadias usam para seduzir alguns homens) e saltos muito altos. Ela é loira, e tem um traseiro enorme. E não é natural. Mas se ela não fosse boa na cama, eu dispensava. E vou dispensar. Um dia desses.
           — Oi. — Ela fala caminhando até mim. Eu levanto e chego até ela primeiro. Suas extensões são exageradas.
           — Oi. — Ela estica os pés para me beijar, mas me afasto.
           — Aqui não! — Passo a mão pelo seu traseiro. — Noutro lugar. Não posso correr o risco de alguém entrar e nos encontrar.
           — Nos vemos hoje a noite então? - Pergunta segurando a minha gravata.
           — Infelizmente não. Eu vou jantar com o meu pai. — Minto. Já vou me encontrar com Olivia e com Louis. Mais uma não!
           — Que pena! Então e amanhã?
           — Vou ver o que eu posso fazer, está bem?
          — Ok. — Ela anda até minha cadeira e senta. — A sua nova assistente é uma idiota! — Diz como se Cole a tivesse feito algo horrível.
           — Eu sei. Não se preocupe que ela não faz nem uma semana. Não vai conseguir me suportar. — Sorrio de lado.
          — Não duvido.
          — Olha Dakota, eu preciso trabalhar, por isso você precisa sair. — Digo sorrindo.
            — Eu sei. — Cruza as pernas. — Preciso de dinheiro. Vi uns sapatos de perder o fôlego. Me dá dinheiro? — Faz beicinho. Ela não fica nada bem quando faz beicinho.
           Tiro a minha carteira do bolso e entrego cinco mil dólares. O dia em que ela não me pedir dinheiro, eu vou tratar bem todos os meus empregados.
               — Obrigada, lindo!
            — Pode ir! — Ela levanta da minha cadeira e beija a minha bochecha, depois sai.
            Sento na cadeira e leio os papéis que tenho que assinar.
            Senhorita Cole entra no meu escritório mais uma vez com um envelope nas mãos. Suas mãos estão tremendo. Acho que ela é a assistente mais incompetente e que mais me faz rir.
            — Senhor Flynn, o seu irmão pediu que trouxesse o relatório... — Ela pára, coloca o envelope na secretária e ri.
              Detesto pessoas que riem atoa. É insuportável e ridículo. Tal como ela.
            — Tenho alguma coisa na cara, senhorita Cole? — Quer dizer, além de beleza?
            — Por acaso, sim. — Ela se aproxima, tira o meu lenço do bolso e limpa a minha bochecha depois me entrega o lenço.
              Nunca, repito, nunca nenhuma assistente minha, tocou no meu rosto. Ela está passando dos limites.
           — Tinha batom no seu rosto, senhor Flynn. — Diz se apercebendo do que acabou de fazer. Suas bochechas ficam coradas.
           — Da próxima vez que tocar em mim será demitida, entendeu?
             — Eu só queria ajudar! — Diz baixinho.
           — Entendeu? — Quase grito.
           — Sim, senhor Flynn. Peço imensa desculpa. — Ela vira e anda até a porta.
             — Pare! — Ela vira para mim. — Eu mandei a senhorita ir embora?
             — Não senhor, desculpa...
             — Parece que a única coisa que você sabe fazer é pedir desculpas. Pode sair!
             — Sim, senhor!
             — Senhor quê? — Estreito os olhos para ela.
             — Sim senhor Flynn! — Ela sai.
            Onde já se viu? Minha assistente limpar meu rosto. É o seu primeiro dia e já está na minha lista negra. Bateu o recorde.
          Ligo para Louis Gales. Vou jantar com ela antes de ir ter com Olivia Howard. Não posso cancelar esse jantar por nada nesse mundo. Louis será a minha nova conquista. Estou ansioso.
             O telefone toca, mas ela não atende. Desligo. Eu só tento uma vez. Atendeu? Bom! Não atendeu? Lamento! Nem pensar que vou ligar uma segunda vez.
           Victor entra no meu escritório e senta na minha frente. Seu sorriso amplo como sempre. Ele é conhecido como senhor bonzão aqui. E eu, advinhem só? O senhor mauzão. E eu gosto!
            — Diz logo o que você quer. — Digo.
           — Como vão as coisas com a nova assistente? — Claro que ia perguntar isso.
          — Daqui há seis dias ela vai se demitir.
          — Porquê você diz isso? — Ele pega na caneta e brinca em sua mão.
          — Alguma vez houve alguém que trabalhou comigo durante muito tempo? Apenas me referindo às assistentes.
          — Talvez ela seja diferente. As outras te assediavam. Ela nunca fará isso. — Pois é! É idiota demais para isso.
          — As tuas também.
         — Eu sei. Nós somos uns filhos da puta lindos de morrer. Quem não tentaria? — Coloca a caneta na mesa.
          — Sua nova assistente. — Respondo.
          — Isso é porque ela está apaixonada por mim. E sabe que mais? A sua nova assistente não acha você atraente. — Eu levanto da cadeira como se ele tivesse dito que minha esposa me traía.
           Como não me acha atraente? Todas as mulheres me acham atraente! Se antes a odiava, agora odeio mais.
            — Como você sabe disso? — Pergunto. Ele ri.
           — Sabe aquele restaurante que você odeia? Eu fui para lá e ouvi a conversa deles. Eles nem deram por mim. Eu entendo. Se você fosse para lá, eu nem procuraria e nem me preocuparia em encontrar você. Ali não é para gente rica.
           — E você foi apenas para ouvir a conversa dos empregados? — Pergunto chocado. Meu irmão é surpreendente. Às vezes me pergunto se somos realmente irmãos, mas a aparência me faz não duvidar.
           — Descobri muita coisa. Jennifer gostaria de ver você nu, mas está apaixonada por mim. A sua assistente fez figura triste na sua frente e que preciso de reforçar a segurança para que Jennifer não entre na minha casa. Acredita que ela já tentou entrar lá?
          — Apenas malucas se apaixonam por você! — Rio.
           — Sério? Ao menos não tenho interesseiras cheias de silicone aos meus pés.
          — A única que tem silicone é Dakota. Olivia é natural e Louis não tem nada em exagero. Ela é perfeita.
             — E você diz isso com orgulho! Às vezes me pergunto se somos realmente irmãos.
            — Fico feliz por saber que não sou o único.
          — Sabe, eu estou solteiro há quase um ano. Talvez devesse procurar mulheres de verdade. — Ele faz aspas no ar.
          — Boa sorte com isso.
          — Talvez a sua assistente. Ela tem um ar tão inocente. Parece imaculada.
            — Também é muito incompetente. Não juntaria ela nem ao meu pior inimigo.
            — Vá lá! Ela é bonita. Não parece ser como as mulheres que você arranja. As suas peguetes são umas interesseiras e eu tenho a certeza que já dormiram com muitos homens. Você por acaso é maluco?
            — Gostos não se discutem. Apenas lamentam-se.
            — Acho que Rossane seria perfeita para mim.
            — Quem é Rossane?
            — Rossane Cole. A sua assistente. Um anjo na terra.
          — As aparências iludem.
            — Não à mim. — Responde.
          — Não à mim.
          — Quer continuar com isso? — Pergunta.
          — Hoje não. Precisamos fazer a revisão dos novos cosméticos. Vamos.

           Arrumo as coisas para ir embora e saio do escritório. Senhorita Cole também arruma suas coisas. Esqueci o seu primeiro nome mesmo depois de Victor ter dito, mas não me interessa. Vou ganhar uma medalha por isso? Não me parece!
          Ela olha para dentro da bolsa depois para mim. Uma parte de seu cabelo cobre o seu rosto e seus olhos verdes acendem. Ela é realmente bonita, mas não faz o meu tipo. Nunca fará.
          — Então até amanhã, senhorita Cole. — Digo me dirigindo até ao elevador.
          — Sim, senhor Flynn. Até amanhã. — Até sua voz é angelical.
                 Me viro, entro no elevador, ela vem correndo e entra também. Eu paro o elevador.
              Ela olha para mim sem entender. Ela devia ter medo de andar na rua de tão inocente que ela é. Seus pais deviam estar de olho nela.
          — Quando eu estiver utilizando o elevador, você vai pelas escadas entendeu? — Ela suspira, acena afirmativamente e sai sem dizer nenhuma palavra. Linda menina. As portas se fecham.
           É assim que eu testo os meus empregados. Quem me aguenta obviamente é leal e um trabalhador excelente. Quem não aguenta que vá embora!
             Algo me diz que ela vai embora chorando que nem um bebé. Não por eu demiti-la, mas quando pedir a carta de demissão. Vou me certificar de que isso aconteça.
          Chego ao piso térreo e saio da empresa. Meu carro BMW X1, o amor da minha vida, está me esperando. Subo para dentro e começo a dirigir em direção ao tráfego.
           Agora vou para casa para me preparar para jantar com Louis. Talvez eu devesse cancelar com Olivia. É melhor. Hoje eu vou experimentar a Louis. Essa noite promete!
           Ligo para ela, mas não atende. O que se passa com as mulheres, que não querem atender o telefone hoje? Dia de rejeitar Vincent? Eu sou alguém que não se pode rejeitar.
              Não vou ligar novamente. Nunca faço isso. Volto minha atenção para a estrada.

           Chego em casa e encontro meu pai sentado no sofá bebendo vinho. Parece que vou ter de cancelar com Louis também. Que dia!
           — Oi pai! O que faz aqui? — Observo ele. 
           — Vim ver como meu filho está.
           — Estou ótimo. E o senhor? — Respondo educadamente.
           — Também estou. Quando vai me apresentar a sua namorada? — Isso o tempo todo? Quando é que eu vou conversar à vontade com o meu pai sem que fale de mulheres? 
           — Não sei, ainda não tenho nenhuma. — Só tenho peguetes.
           — E Susan? — Fico enjoado só de ouvir seu nome.
           — É uma vagabunda! Pai eu preciso me arrumar porque tenho um jantar daqui a pouco. Então se o senhor não quer um filho de trinta anos solteiro, volte amanhã para a gente conversar.
           — Jantar com uma mulher? — Com quem mais seria? Um homem?
           — Sim.
           — Eu conheço?
           — Não! — Subo as escadas.
           — Então nos vemos amanhã. — Grita.
             — Claro! — Entro no quarto.

            Levo Louis para jantar. O primeiro passo para levar alguém para a cama, segundo Vincent Flynn. O próximo é dizer coisas carinhosas para ela e depois já está. Na minha teia que nem uma pobre mosquinha.
            — A noite está fantástica não está? — Pergunta sorrindo.
           — Com certeza que está. Você também está fantástica.
           — Você também.
           — Poderia ficar a noite toda olhando para você. Você é um encanto. Você é o epítome de feminilidade, é graciosa e linda. Não consigo lembrar de algo ou alguém mais bonito que você. — Ela cora.
            — Obrigada, Vincent. Nunca ninguém me disse coisas tão lindas.
            — Você gostaria de viajar para um lugar alucinante?
            — Sim! Sim! — Responde entusiasmada. Claro que estaria.
            — Vamos para a minha cama e você vai conhecer esse lugar. — Digo no tom mais sexy possível. Ela derrete. Se não derretesse, não seria uma pessoa normal.
             — Tudo o que você quiser, Vincent! — Ela morde o lábio inferior. Eu sorrio. Consigo sempre o que eu quero.
               — Tudo?
               — Tudo, tudo. Tudinho.
               — Como por exemplo? — Arqueio uma sobrancelha.
               — Eu, todinha. Da cabeça aos pés.
              — Então vamos! — Sorrio vitorioso.
              É tão fácil enganar elas! Devia vender um livro. "Como conseguir um monte de mulheres aos seus pés". Seria um sucesso.
            Saímos do restaurante e entramos no meu carro. Ela já não tem saída. Assim que entrar no meu quarto ela vai ser minha. O jogo já está ganho.

Entre Mim & Você | DEGUSTAÇÃO Where stories live. Discover now