71| Abismo

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Mergulhei em meu
interior, pude
perceber que
enterrei o
meu passado.

Matei as rosas que
embelezavam-me,
cortei as raízes da
felicidade e não
reguei a semente
do amor, apenas
dei lugar para a
tristeza, espinhos
e corvos.

Parei no tempo e o
tempo não parou.
Os sinos soavam,
as memórias
afloravam.

Vazio.
Escuro.
Obscuro.
Sombrio.

O nada era uma falha
para mostrar que o
mundo dá voltas e
eu continuava
esvaziando-me,
pobre alma.

Necessito acalentar
a tempestade e os
monstros que aqui
dentro reinam.

Sinto-me mais leve,
aos poucos, me soltando
das correntes que me
seguram.

Foi um sonho, a viagem
para lembrar das doces
frases que eu liberava
e agora estão morrendo.

É uma busca infinda para
esculpir nas pedras do
abismo as palavras que
aqui dentro, algum dia,
pararam de florescer

e descontroladamente
voltaram sem pedir
licença, só querem
serem expostas e
liberadas, só por hoje.

A vida se resume em poesiasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora