56| Almejo

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Queria acordar pela manhã no
inverno, fraterno outono, sair
pelas ruas frias, ver alguma
mudança, talvez resta
esperança,

questão de fazer uma caridade,
queria não ver mais animais
abandonados pela cidade.

Queria não ver pessoas sentadas
com as suas mãos, cheias de calos,
estendidas pedindo comida,

queria não ver mais pessoas aleijadas
pedindo esmola para tratar os seus
filhos ou alimentar um vício maldito.

Queria não ver, nunca mais, a
violência e o preconceito, estes
atos são efeitos de pessoas que
não descobriram o que é o amor,

queria sair pelas ruas e
admirar um grafite de
uma poesia em cada
esquina.

Quero o mundo colorido,
misturado e diversificado,
preto e branco, azul e
amarelo, vermelho
e verde.

Queria para todos a igualdade
e, ainda, a liberdade para
quem não a têm,

frio, fome, medo, drogas,
abuso, desabrigo, miséria,
abandono, desesperança…

de dia e de noite, essa é a obscura
realidade nas ruas e em todas as
estações, às vezes nunca muda.

A vida se resume em poesiasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora