As portas do elevador se abriram, respirei fundo pra segurar as lágrimas e sai. A primeira coisa que ouvi, ainda no corredor, foi o som de alguma coisa se quebrando. Quando cheguei à porta a encontrei entreaberta, vi Alfonso virar uma poltrona de cabeça pra baixo.

Parei na porta com medo e foi quando ele me viu.

- Você me traiu! - vociferou.

- Alfonso...

- O que você quer engravidando agora? Provar pra todo mundo que eu sou um monstro?

- Quer me escutar, por favor? Eu nem sei se estou grávida.

- É óbvio que está e você estava me escondendo isso, mas até quando? Até me convencer a aceitar ter filhos com você? Pois, saiba que você perdeu seu tempo porque eu nunca vou aceitar ter filhos. - agarrou meu braço com força e aquilo me machucou. - Sempre vai ser eu e você, e acho que não preciso te lembrar do que vai acontecer se você tentar me fazer mudar de ideia. - gritou.

Alfonso encarou minha barriga e aquilo doeu muito mais do que a forma como ele me segurava, do que as palavras que tinha disparado contra mim. Ele olhava minha barriga como se eu tivesse carregando um monstro, como se eu tivesse acabado de confessar uma traição, como se o filho fosse de outro homem, um homem que ele odiasse.

- Pode ficar tranquilo seu imbecil, porque se eu descobrir que estou grávida, eu sumo da sua vida, antes que você me peça pra abortar. - gritei as palavras na cara dele.

Não sei de onde encontrei forças, mas consegui me soltar de Alfonso e dei as costas. Sai do corredor e peguei a escada de emergência, a mesma que usei pra fugir de Alfonso na noite anterior. Desci os degraus sem ver direito aonde eu estava pisando, as lágrimas me cegando.

De repente queria que o chão me engolisse, queria ir embora de Ibiza. Desejei com todas as minhas forças, estar no meu apartamento com Dulce, trancada em meu quarto pra poder chorar em paz. Nunca desejei tanto na minha vida, como naquele momento, nunca ter conhecido Alfonso Herrera, nunca ter me apaixonado por ele. Ele tinha tido a vida destruída e estava destruindo a minha.

Um carro buzinou na minha frente e só então percebi que tinha atravessado todo o hall do hotel, a entrada principal e estava parada no meio da rua. Dois braços me puxaram e cai sentada na calçada.

- Any, você ta bem?

Encarei Santiago, ele ficou de pé e me ajudou a levantar.

- Rachel me explicou o que aconteceu, fomos até o quarto de vocês e vimos você sair. Te segui, enquanto a Rachel foi conversar com o Alfonso.

- Me tira daqui, por favor, eu quero ir pra casa. - supliquei.

- Estamos longe de casa Any, vem, vamos sair daqui. - me conduziu.

- Não vou voltar pro quarto, não consigo encarar o Alfonso agora. - solucei.

- Você vem pro quarto comigo, passa a noite lá com a gente.

- Não, eu não quero atrapalhar vocês.

- Não vai atrapalhar, vem. - Santiago me guiou até o quarto.

Me dobrei pra frente e não consegui segurar a náusea. Vomitei na calçada, aos pés de uma bela escultura que ficava na entrada do hotel.

- Táxi! - Santiago gritou, acenando com uma mão e me segurando com a outra. - Vamos pro hospital descobrir de uma vez por todas, qual é o problema com você.

- Não, Santiago...

- Não insisti Any, vamos! - ele me conduziu pra dentro do carro.

Eu não queria ir pro hospital, mas só porque estava com medo de confirmar as suspeitas de Rachel.

Segredos ✔Where stories live. Discover now