Noites Melhores Virão

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- Por que está brava? - Luke perguntou virando um copo de uísque. Eu estava debruçada sobre o balcão do bar, ainda estava chateada com o Justin.

- Não estou brava. - respondi pegando um copo de balalaika que estava em sua mão, virando-o.

- Luke tem razão, o que aconteceu? - Rebeca perguntou. Aparentava estar um pouco bêbada.

- Não! - falei me levantando. - Luke não têm razão. Se existe uma coisa que o Hemmings nunca têm, essa coisa é razão.

- Você está bravinha, mas não adianta descontar em nós!

- Não estou brava, é só que... É só que estamos em uma festa e vocês querem falar sobre problemas. Vamos apenas curtir, por favor. - falei abraçando um dos meus braços enquanto Beca e Luke trocavam olhares. Eu apenas bufei e saí andando, me enfiando no meio de todas aquelas pessoas que estavam na balada.

Eu comecei a dançar sem me importar de estar naquela multidão.

Eu fechei meus olhos e deixei o ritmo guiar os movimentos do meus braços, da minha cabeça, dos meus pés e com toda a certeza, da minha mente.

A música tinha o domínio completo sobe mim e aquilo me fazia ficar bem, principalmente pelo som ser alto e não me deixar pensar em absolutamente nada.

Eu comecei a pular deixando o ritmo me dominar por completo. Eu ria e gritava com a situação.

Ainda de olhos fechados, pude ouvir a troca de música. Era uma coisa mais leve, mais relaxante.

Senti uma mão pegar na minha, meus olhos se abriram e com a visão embaçada, pude ver Luke.

Eu joguei a cabeça pra trás rindo. Peguei em sua outra mão fazendo movimentos com nossos braços.

Ele me girava e eu sentia uma sensação de êxtase que me deixava ainda mais relaxada.

Me sentia como se houvesse cheirado ou fumado alguma coisa, mas não. Era apenas minha mente se acalmando.

Nossos corpos estavam próximos e nossos olhares não desviavam. Era como se houvesse uma cola impedindo que isso acontecesse.

Eu puxei seu braço e o abracei bem forte. Pude sentir uma lágrima cair.

Todas aquelas pessoas pulando alegres e eu melancólica... Ótima situação para ser vivenciada.

De repente, começou a tocar uma música mais agitada. 

Em um movimento rápido, me afastei de Hemmings secando pouca das lágrimas que haviam caído.

Luke começou a pular como a maioria estava fazendo, eu ri ainda com as mãos no rosto.

Ele pegou em minha mão e eu o fitei ainda com um sorriso.

Eu comecei a pular e a gritar, aquilo me aliviava e me deixava de uma certa forma melhor.

Luke parou de pular e me guiou até o bar. Eu estava cansada e ofegante, mas também estava me sentindo melhor.

Me sentei e bebi uma água.

- Retiro o que disse, você não está brava. - Hemmings falou ofegante, eu apenas ri.

- Ou então eu finjo muito bem. - falei fechando a garrafa d'água. Ele me fitou como se quisesse desvendar o que tinha por trás do meu olhar, mas era algo quase que impossível. 

- Por que você faz isso com você mesma? - ele perguntou sem desviar o olhar do meu.

- Isso o quê, Luke?

- Você apenas finge estar bem, finge pra sua própria mente. Não deveria fazer uma coisa dessas.

- E eu deveria fazer o que? - perguntei esperando uma resposta, mas Hemmings fitou o chão. - Anda, me responda! O que eu deveria fazer? Ficar em casa e chorar pelo Justin? Ficar em casa e fazer a linha da mulher não compreendida? Porque sinceramente, eu deveria ter feito isso ao invés de ouvir você falar, "você finge estar bem". É simples Luke, se você pensa que eu finjo estar bem, me faça ficar bem!

Hemmings voltou a me fitar, seus olhos pareciam racuadores aos meus.

Ele se aproximou e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha. Nossos olhos não mudavam o foco um do outro.

Luke me puxou pelo pescoço e me beijou.

Eu não estava gostando daquilo. O afastei empurrando-o de perto de mim.

Novamente senti lágrimas escorrerem sobe minha bochecha.

Eu saí quase que correndo da balada.

Assim que passei pela porta, pude sentir o vento abafado bater em meu corpo e me fazer estremecer.

Eu comecei a correr. Sem a música, acho que esse era o meu mais novo método para parar de pensar.

Eu corria e o vento batia em meu cabelo, trazendo ele pro meu rosto que estava molhado pelas lágrimas.

Eu não sabia que direção seguir, pra onde ir, o que fazer. Eu apenas corria esperando que algo acontecesse.

Eu entrei no Central park e continuei correndo.

Acabei parando por cansaço e me deitei naquela grama verde.

Eu comecei a repensar tudo que havia acontecido hoje e nas ultimas semanas. Eu não queria pensar, mas é necessário pra eu não me esquecer do que eu sou ou no que posso me tornar.

Eu olhei pro céu. Estava lindo.

O céu estava repleto de estrelas e vê-las me fazia lembrar da minha mãe, quando subíamos na sacada e ficávamos horas analisando todas aquelas constelações brilhantes.

Eu sorri ao lembrar disso. Era o que eu sempre deveria fazer, mesmo se as coisas não estivessem indo como o planejado; sorrir.

Afinal, nem sempre planejar as coisas é bom para nós. Sempre que as planejamos, nunca saem da forma que esperamos.

Living in my Dreams | Segunda TemporadaWhere stories live. Discover now