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                               EVA

Resolvemos passar o final de semana na casa de meus pais. Tudo estava indo bem, dois dias de tranquilidade, sem barulho de carros, pessoas falando alto, ou o estresse constantemente presentes para quem morar em cidade grande. As crianças precisavam disso, da tranquilidade do campo, poder correr sem eu precisa me preocupar. Meus pais adoravam quando levávamos Ângelo e Miguel para visitá-los, pois assim eles podiam encher os netos de atenção e mimos. Quando meus pais conseguiam a completar atenção de nossos filhos, Alex e eu escapavamos e aproveitamos nosso tempo sozinhos. Dias de paz, que logo foram embora quando chegamos em nosso apartamento na segunda-feira.

Alex percebeu que tinha alguma coisa errada assim que chegamos em nosso andar, sua postura mudou e ele ficou alerta, e assim que ele abriu a porta de nosso apartamento, encontramos o caos. Todos os nossos móveis estavam revirados, a maioria dos portas retratos estavam no chão quebrados. Mas havia apenas um inteiro, e era o que estávamos eu, Alex, Ângelo e Miguel.

Acho que Alex está falando comigo, mas não o escuto, ou olho em sua direção, minha atenção estava no porta retrato em pé. Isso não é um sinal bom, o simples fato de a única coisa intacta no meio de tantas coisas quebradas ser a foto de minha família, me fez ter calafrios. E o símbolo na parede não me fez sentir melhor.

— Eva? — Alex ficar em minha frente, em seus braços estava Ângelo dormindo, assim como nos meus estava Miguel também dormindo.

— Alex … — sussurro olhando para nossas coisas quebradas — O que isso significa?

— Eva, leve as crianças para baixo. — ele não responde minha perguntar. — Já liguei para polícia e eles já estão vindo. Não quero que os meninos acorde no meio disso tudo, assim como você. Vão lá pra baixo e diga para o porteiro subir e diga aos polícias onde fica o apartamento, e só suba quando eu mandar.

— Alex …

— Por favor, Eva. — e nesse momento percebo que a situação é mais grave do que eu imaginava quando ele diz essas palavras. Apesar de já estarmos casados há quase quatro anos, Alex nunca pedia por favor. Nunca.

Acabo balançando a cabeça em concordância. Alex me ajudar a colocar Ângelo adormecido em meus braços. Não vou dizer que foi uma tarefa fácil segura duas crianças em meus braços, mais conseguir. Quando cheguo na recepção, digo para Artur, o porteiro, subir, me direciono ao enorme sofá vermelho e me sento, não demorou muito para a polícia chegar.

Os minutos começaram a passar como se fosse horas, eu olhava para o elevador concentrada, e toda vez que ele abria eu esperava ver Alex, mais nunca era. Os meninos acordaram e me fizeram esquecer um pouco o que estava acontecendo no terceiro andar onde ficava o nosso apartamento.

Olho para meus filhos correndo. Ângelo com três anos e Miguel que havia completado dois a poucos dias. Apesar de falaram que ambos parecem bastante comigo, eu discordava. Miguel até podia parecer um pouco, mas Ângelo, ele era Alex todo. A cor dos olhos, o formato do rosto e até mesmo os cabelos, eram todos do pai, a única participação que tive no DNA do menino foi os seus lábios, mas tirando isso, o resto era tudo de Alex. E Miguel, para uma criança de dois anos, ele era quieto, e Alex dizia que isso era devido a falta de sexo que tivemos durante a grávida dele. Depois do quarto mês, eu enjoei sexo, simplesmente não queria. Alex ficou bastante decepcionado e irritado. Contudo quando Miguel nasceu e passou o meu período de resguardar, Alex foi bem recompensado.

— Mama. — Miguel vem até mim depois que cansa de correr atrás de seu irmão. Coloco Miguel em meu colo e o abraço, fecho os olhos e sinto o cheiro de shampoo infantil.

De volta ao Convento Onde as histórias ganham vida. Descobre agora