Capítulo Único - Ouija - A brincadeira do copo

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Meu nome é Jorge, mas os meus amigos costumam me chamar de Jorginho. Eu tinha 17 anos quando tudo aconteceu. Era junho de 2004, uma noite fria de sábado e meus amigos vieram dormir em casa para uma noite regada a filmes de terror, pipoca e namoro. Meus pais haviam viajado para um sitio no interior e desse jeito, teríamos a noite inteira para nos divertirmos.

Flavinha havia trago os DVDs locados na vídeo-locadora perto da escola. A Ju e o Glauber, as pipocas e o refri e eu, bem... já estávamos na minha casa, não é? A Ju e o Glauber estavam ficando há algum tempo e a Flavinha e eu trocávamos olhares, mas não tínhamos coragem de engatar algo. Essa noite era a minha chance!

A Ju estava na cozinha estourando as pipocas enquanto eu passava os olhos sobre os DVDs: Jogos Mortais, Olhos Famintos, O Exorcista, O Jogo dos Espíritos, esse último, o único que nós não tínhamos assistido e o escolhido para começar a noite.

Glauber foi até o quarto dos meus pais e trouxe os cobertores, deu o play e o filme começou. Quase não prestamos atenção ao andamento do filme, a Ju e o Glauber, não paravam de se amassar enquanto eu e a Flavinha tentávamos relutantemente entender a história que se desenrolava na tela da TV.

Ao término do filme, Glauber teve a magnífica ideia de brincarmos de Ouija, mas não tínhamos a mesma mesa que aparecia no filme, então o negócio foi improvisar. Uma cartolina, canetinhas, os cinzeiros da mesa para apoiar o papel mole, um copo americano e algumas velas que minha mãe guardava na última gaveta na cozinha para dar o clima de mistério.

- Vai Glauber, tu que veio com essa ideia, então, tu que começa! - disse a Glauber

- Eu não sei se quero brincar com isso, minha mãe sempre diz que devemos deixar os mortos quietos. - Flavinha estava apavorada com a ideia.

- Para com isso Flá! É só uma brincadeira! - ao contrário de Flavinha, a Ju estava ansiosa para começar.

- Estão ouvindo isso? - questionou Glauber com cara de medo.

Todos ficamos em silêncio tentando ouvir o que Glauber tinha ouvido, mas com uma gargalhada, revelou a sua mentira.

- Hahahahah! Precisavam ver a cara de vocês! Hahahahah!

- Para de ser ridículo, cara! Começa logo esse treco!

Após tudo organizado, nos sentamos ao redor da cartolina com letras e números escritos a canetinha, dedo indicador sobre o copo, quando Glauber começou.

- Senhores Espíritos do além, pedimos a sua permissão para que possam conversar conosco. - disse Glauber entoando a voz e fazendo graça.

Um estrondoso trovão nos assustou e, meio nervosos rimos.

- Aceitamos isso como um sim. Pode nos dizer se está entre nós?

Aguardamos em silêncio durante um tempo, sem nenhuma resposta.

- Anda seus espíritos do caramba! Responda! - Ju ordenou irritada.

Todos estávamos com os dedos sobre o copo, quando ele moveu se bruscamente para a palavra SIM.

-- Glauber, tu é um babaca! Para de mexer o copo, mané! - gritei, afinal, eu já imaginava que ele iria aprontar alguma gracinha.

-Cara. Te juro que não fui eu.

Eu não tive escolha a não ser acreditar nele. Os olhos estavam esbugalhados de surpresa, eu tinha a certeza que as meninas não teriam mexido o copo, as duas estavam em direção a palavra SIM, seria impossível que as duas arrastassem o copo daquele jeito.

OUIJA - Conto CompletoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora