Capítulo 25

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Isabella

Ontem passei o dia inteiro com meu irmão e hoje levamos ele no aeroporto, meu pai me deixou na escola e foi para a empresa.

— Bom dia, Bella! — Diego sorriu.

— Bom dia, Diego. Você parece muito feliz! — dei risada.

— Semana que vem não tem mais aula, isso não é motivo pra ficar feliz? — perguntou óbvio.

— Não sei porque reclamam tanto de aula — abro meu armário.

— Tem professores que são legais e da vontade de aprender as matérias, mas tem uns que não dá, principalmente na segunda que a gente está com uma ressaca do caralho e tem que ouvir eles falando de raiz quadrada — revirou os olhos me fazendo rir.

— Oi, Isa! Oi, Diego — ela foi mais seca com ele.

— Depois a gente conversa, Bella. Oi, Karina — respondeu do mesmo jeito e foi embora.

— Por que conversa com o Diego? — perguntou séria.

— Por que eu não posso conversar com ele? — respondi com outra pergunta.

— Diego não é uma pessoa boa, ele usou coisas erradas e vai saber mesmo se parou de usar!? — disse mais afirmando do que perguntando.

— Então eu não posso ser amiga dele porque ele usou drogas no passado? Você não seria amiga de uma pessoa com esse “passado”, Karina? — fiz aspas com o dedo.

— Eu não, para mim essas pessoas nunca vão ser limpas mesmo que tenha passado anos na clínica, é só oferecer a droga que elas ja vão usar novamente. Você já pensou se um dia ele estiver drogado e lhe atacar? — tinha uma frieza em suas palavras.

— Achei que fosse diferente de algumas pessoas. Esse preconceito é ridiculo, Karina. E se não aceita essas pessoas, não pode me aceitar também — saí andando.

— O que está querendo dizer com isso? — segurou meu braço me fazendo virar para ela.

— Você entendeu muito bem, Karina. Eu já usei alguns dias e mesmo que eu não tenha ficado viciada, eu tive que ficar um tempo em um lugar para não usar novamente — soltei meu braço da sua mão.

Saí da escola e voltei para casa, entrei devagar para Francis e Violeta não me verem, subi as escadas e entrei no meu quarto indo para o closet. Vesti um shorts jeans, uma regatinha larguinha e um tênis quadriculado de preto e branco. Zeus estava pulando na minha perna, o bom é que ele não latiu, o peguei no colo e voltei pro quarto, joquei minha mochila debaixo da cama e pequei meu skate de Longboard. Tenho três skates, um normal para pista, outro para descer a ladeira e esse que eu uso mais pro Cruising, hoje eu quero só sentir o vento no rosto. Fui para o lugar que eu sempre vou quando quero ficar sozinha, eu o considero como “meu refúgio”, ele tem uma descida bem leve, coloquei meu skate no chão e fechei os olhos por um tempo sentindo a brisa da manhã, me agachei passando a ponta dos dedos no asfalto, aqui é tipo um mirante que tem a vista da cidade. Postei uma foto com a seguinte legenda: “Se meu desejo pudesse se tornar real, você estaria aqui comigo agora!” Meu celular começou a tocar, no visor estava escrito Alan.

— Senti uma indireta na frase da foto que postou — falou baixo.

— Nada a ver, como está a escola? — perguntei.

— Um tédio! Karina disse que você nunca mais vai falar com ela, mas eu já a assegurei dizendo que isso é impossível.

— Eu vou conversar com ela, mas não hoje.

— Seu namorado não veio na aula hoje e a melhor notícia de todas, segundo as meninas, foi.... Está preparada para ouvir?

— Fala logo, Alan.

— Vivian foi embora! Karina até pulou de alegria quando a Cecília disse, foi bem engraçado.

— Por que sempre acontece algo bom quando eu não vou na escola?

— É sempre assim, achamos a escola um saco, aí resolvemos faltar e acontece tudo nesse dia. Vou colocar no viva-voz, não fala besteira! — rimos.

— Aonde você está, Isabella? — ouvi a voz de Thiago.

— Adivinha? — passei o dedo na rodinha do meu skate para ele ouvir o barulho.

— Não desceu a ladeira, né?

— Não, o meu clima hoje está mais para Cruising.

— Porque não me levou junto?

— Vai ter próximas, aí todos vem.

— Não, obrigada — era Agatha.

— Estão todos aí?

— A Kath está dormindo na sala, o Samuka e o Erick estão de vela aqui, se bem que eles fazem um casal bonito — Alan brincou.

— Vai beijar a Karina e parar de falar asneira — Samuka disse.

— Isso nem precisa mandar — Alan falou.

— Oi, pequena! Não está mais no viva-voz — Erick sussurrou.

— Oi, Erick! Você está andando com o celular do Alan? — eu conseguia ouvir seus passos.

— Ninguém mandou ele preferir beijar a Karina do que falar com você.

— Sempre sou trocada — fingi estar magoada.

— Não se sinta mal, eu estou aqui lindo e gostoso para ti dar toda atenção que precisa — se gabou.

— De onde você leu isso?

— Lugar nenhum, eu sei ser fofo quando eu quero.

— Seja assim o tempo todo?

— Já está pedindo demais, tenho que manter a minha pose de durão.

— Entendi, meu celular está acabando a bateria.

— Ah, sacanagem! Não tem tomada aí para você colocar ele pra carregar?

— Não criaram tomada em árvore ainda, mas não seria uma má idéia. Imagina uma árvore com tomada e Wi-fi? Seria um sonho! — ele gargalhou.

— É cada ideia.

— Tchau, seu chato! — me despedi.

— Tchau, minha pequena! — meu celular desligou.

Tentei controlar as borboletas no meu estômago ao ouvir o apelido que ele me deu com o adjetivo “minha” na frente. Talvez ele só esteja brincando, Thiago também me chama com o “minha” e somos somente amigos. Cheguei em casa e subi para o meu quarto, mas levei um susto vendo Leonardo deitado na minha cama brincando com o Zeus.

— Oi, princesa! — fechei a porta.

— Por onde você entrou? — guardei meu skate.

— É perigoso deixar a porta da sacada aberta, vai saber quem pode entrar à noite? Só um aviso! — se sentou.

— O que veio fazer aqui?

— Conversei com a Roberta sobre como estava antes que eu chegasse e ela comentou que você estava tendo alguma coisa com aquele garoto que é o capitão do time de Rugby do colégio — se levantou vindo até mim.

— Sua irmã me odeia, sempre vai ficar inventando coisas ao meu respeito.

— É bom que seja mentira mesmo, porque você é minha e ninguém vai mudar isso — deu ênfase na palavra.

Eu não posso brincar com o Leonardo, ele está me testando, qualquer passo em falso vai ter consequências e eu tenho medo de que seja algo grave ou que ele faça mal à alguém.

Me Apaixonei... Pela Nerd!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora