Capítulo 3 - Festa das Luzes

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Depois de sentir a areia úmida e geladinha da praia, eu comprei um coco e voltei para o taxi. O motorista, que acompanhou atento cada um dos meus passos, ali na sombra de um coqueiro, pareceu aliviado quando eu voltei, tendo cumprido o que eu tinha prometido: não demoraria. Foi só uma caminhada até as espumas das ondas. Eu precisava sentir novamente aquela água gelada de uma praia do Atlântico, num dia de muito sol. 'Não se preocupe, moço', eu pensava, enquanto voltava para o calçadão. 'Eu não pulei no mar e nem fugi da sua corrida...'

Quando me aproximei do carro, sorri de um jeito cúmplice para o motorista. Eu estava de volta: sã e salva. Ele sorriu de volta. Aliviado, eu acho.

- A praia hoje está uma maravilha – ele tentou puxar conversa.

- Está mesmo! Mas eu já consegui o que eu queria aqui: sentir a água e a areia geladinhas. E provar esta água de coco deliciosa. Hum... Mas agora, eu gostaria de ir ao Jardim Zoológico, por favor.

- Claro! É pra já!

- Que lindo, tudo isso aqui!

- A senhorita está visitando a cidade?

- Eu moro aqui. Bem, pelo menos, eu morei. A minha vida inteira.

- Ah, que bom! Então foi passear de férias? Está voltando, é isso? – o simpático senhor me olhava de quando em quando pelo retrovisor.

- Na verdade, é quase o contrário, senhor...

- Getúlio.

- Eu sou Stephanie. Então, senhor Getúlio, eu agora moro fora; trabalho no exterior. Na verdade, estou aqui de férias.

- Ah, que beleza! E chegou numa época boa. Muitos turistas vêm para cá para aproveitarem o verão, como a menina deve saber... Esta é a melhor época do ano!

- É mesmo. Esses dias de final de ano são sempre muito especiais para mim.

- Para mim também! Sabe, eu sou do interior. Vim para a capital há alguns anos. Para trabalhar; para tentar uma vida melhor nesta cidade grande. Eu cheguei aqui com catorze anos, logo depois das festas de final de ano. Vim morar na casa de um primo do meu pai. Acabei sendo criado junto com os filhos deles... Quando chega esta época, dá uma saudade de casa... A menina não pensa em voltar a morar definitivamente aqui na sua terra, não?

- É justamente nesta época do ano que eu também mais sinto saudade de casa, Seu Getúlio... é justamente nestes dias que eu mais tenho pensado em voltar...

- Aquelas festas com a família e com os amigos... os presentes, as árvores de Natal... tudo isso me dá uma saudade tão grande da minha terra e das pessoas que eu mais amo... faz anos que eu não os vejo...

- Sim senhor... – eu suspirei. – As luzes, as velas que se acendem no candelabro de vários braços...

Acho que Seu Getúlio não entendeu bem a minha última frase. Deixou o assunto morrer, fingindo ter que prestar atenção à uma manobra mais ousada de outro motorista, ali na pista. Percebeu que minha voz se perdeu no tempo. Aumentou o volume do rádio...

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