III • O Corpo Fala

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Aviso!

Uma das minhas paixões, além da escrita, é o jogo The Sims, e sempre o usei associado a escrita para criar uma representação dos meus personagens e melhor visualiza-los. Então presenteio vocês com uma imagem que criei de John e Payne. Espero que gostem!

Boa leitura! Não esqueçam de votar e comentar!
Bjs.

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Fiquem com o capítulo ;)

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Fiquem com o capítulo ;)


— É absurda a precisão cirúrgica. Sinto-me humilhado. — O legista, Dr. Robert Hodges, parecia extremamente chocado com a cena, tanto quanto Payne e John estiveram anteriormente, na primeira vez que se depararam com ela. Por trás de seus óculos, os olhos, de um tom magnífico de azul que lembrava o céu num dia sem nuvens, estavam estreitos, e seu rosto estava assustadoramente próximo ao da vítima.

Agachado junto ao corpo, analisando cada detalhe do rosto, Robert já havia soltado várias exclamações de surpresa, enquanto John observava tudo de cima, com as duas mãos nos bolsos da frente do jeans, esperando a primeira frase relevante vinda do doutor, que chegara há poucos minutos.

— A remoção da pele ao redor dos olhos é muito recente, cerca de poucas horas. — John pegou seu bloco de notas e sua caneta rapidamente, e começou a anotar tudo que o doutor dizia, escutando atentamente. — Duas a quatro horas, aproximadamente. Provavelmente o assassino usou um bisturi, pois o corte é extremamente preciso.

— Sabe me dizer se a vítima ainda estava viva, quando lhe foram feitos os cortes?

— Alguns foram feitos com ele ainda consciente, sim, porque apesar da quase perfeição, dá para se notar alguns desvios que podem ter sido causados por movimentos da vítima. — Hodges colocara as luvas e agora levantava o queixo do homem para analisar os ferimentos feitos em seu pescoço, antes não vistos por John. — Existem tantos problemas aqui que podem ter sido a causa da morte. Vai ser preciso um exame muito mais minucioso.

John se abaixou ao lado do amigo para analisar os ferimentos do pescoço do morto. Havia várias escoriações superficiais marcando a pele do homem, numa vertical que ia do maxilar até a clavícula, e contornavam toda a parte da garganta, chegando até a lateral e então diminuindo de tamanho, assim dando a volta por todo o pescoço.

— Esses ferimentos parecem fora do padrão dos da face do homem. Muito superficiais. Sabe com que podem ter sido feitos?

— Definitivamente não. Mas podem ser marcas de algo que foi apertado com muita força ao redor do pescoço. — O legista parecia cada vez mais próximo do homem, e qualquer desequilíbrio o faria cair sobre o corpo.

— Já viu algo que pode causar marcas parecidas?

— Ele pode ter sido enforcado, e isso pode ser a causa da morte. Mas não sei que tipo de corda poderia ser tão grossa a ponto de deixar marcas tão longas.

— E quem usaria uma corda tão grossa para enforcar alguém?

— Elementar, Hale. — O tenente não se surpreendeu com mais uma das inúmeras frases que o legista retirava de livros e filmes, e usava em vários momentos. Hodges deu uma última olhada no pescoço e passou então a analisar as mãos da vítima que, aparentemente, pareciam não ter nenhum tipo de ferimento. — A vítima nem ao menos tentou se defender. Provavelmente desacordado. Ou anestesiado demais para sequer tentar lutar contra o assassino. Eles normalmente gostam de ver suas vítimas sofrerem enquanto fazem seus trabalhos.

— Aposto no desacordado. — John havia se levantado novamente e agora estava de braços cruzados, olhando enquanto o doutor trabalhava, ora analisando o que ele fazia, ora analisando a multidão do outro lado da barreira policial, que só aumentava.

— Acho que dessa vez terei que concordar com você. — Então, Robert também se levantou, pegando a bolsa que sempre carregava, e ficando ao lado do detetive, olhando a vítima dali de cima. — Seria muito complicado anestesiar a face toda sem que a vítima desmaiasse. Seria preciso que a remoção da pele fosse feita por partes, durante horas, e até o término, se não fosse tomado o devido cuidado, o homem já poderia ter morrido por uma hemorragia. Creio que esse não fosse o plano do assassino.

— Esse caso vai precisar ser analisado e reanalisado diversas vezes.

— Vai me render boas horas extras. — O legista sorriu e desviou o olhar da vítima para o amigo, mas foi surpreendido por Payne, que se aproximava dos dois de cara fechada.

— Ora, ora, veio reclamar mais um pouco, tenente? — John perguntou ao notar também a aproximação da parceira, tentando manter o humor de sempre. — Estávamos agora mesmo comentando o quanto esse caso vai nos render um bom dinheiro a mais, pelas horas em que trabalharemos nele.

— Na verdade, detetive — respondeu limpando a garganta e então continuou, ignorando o que o parceiro dissera e sem direcionar o olhar nenhuma vez para o corpo —, só vim avisá-lo que estou retornando para a delegacia, juntamente com o homem que encontrou a vítima, para tomar seu testemunho.

— Vou te acompanhar. Hodges já terminou aqui, creio eu.

— Sim, fique à vontade, John. Vou analisar melhor o corpo no necrotério. — Ele retirou as luvas que usava anteriormente para analisar o corpo, e estendeu uma das mãos para Payne. — É um prazer conhecê-la, tenente. — Ele tinha um sorriso sincero no rosto, que exaltava suas rugas ao lado dos olhos.

— Igualmente, doutor. — Ela retribuiu o sorriso, desconcertada com a atitude gentil do legista, e o cumprimentou.

— Bom, nos veremos mais tarde então. — Robert agora olhava para John, ao falar, dando um tapinha no ombro do amigo e sorrindo para ele, tendo que inclinar levemente a cabeça para alcançar os olhos do homem.

— Espero que você nos consiga informações suficientes para prosseguir, Robert. — John disse sorrindo para o homem mais velho.

— Ah, Hale. Eu sempre consigo.

— Um momento, senhores. — Uma das mulheres da equipe de coleta, que anteriormente estivera ao lado de John coletando provas, se aproximou com um saco de provas grande nas mãos. — Encontramos isso na outra extremidade do beco. — Ela entregou o pacote transparente a John, que analisou o conteúdo: uma gola branca e pomposa, de estilo antigo, e que provavelmente se encontrava antes costurada a uma roupa de palhaço, mas havia sido arrancada. A gola tinha finos fios de arame por dentro, dispostos a uma certa distância, para mantê-la alta e encaixada ao redor do pescoço de quem usasse.

Hale aproximou-se do corpo novamente, agachando próximo a ele, com o saco de provas ainda na mão. Com a ponta dos dedos, e sendo analisado de perto pela parceira, o legista e a cientista, puxou para analisar melhor a gola da roupa de palhaço que havia sido colocada na vítima e percebeu que algo tinha sido arrancado dali, deixando pontas de linha arrebentada por toda a circunferência.

Robert o olhava empolgado, tanto quanto a mulher da equipe, contentes antecipadamente com o pequeno avanço na investigação, enquanto Payne o analisava atentamente, com a mesma expressão que tinha no rosto quando se aproximou, demonstrando pouquíssimo interesse.

Ele então virou-se, ainda agachado, e olhou para os três companheiros de trabalho, sorrindo e erguendo o saco de provas.

— Acho que pelo menos encontramos o que ocasionou as marcas no pescoço da vítima.

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[DEGUSTAÇÃO] O Riso Da Morte (Saga Hale & Hastings - Volume 1)Where stories live. Discover now