Segunda Carta

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Querido Senhor Noel,

Oi, sou eu, a Ana. Eu tô escrevendo isso aqui pra me distrair. A mamãe e o papai me deixaram na casa da vovó, eles disseram que vão ter uma conversa de adulto. Aqui não tem nada pra fazer, não tem quase nenhum brinquedo meu, e na televisão da vovó não tem canal pra criança.

Enquanto eu tô escrevendo isso a vovó tá fazendo bolo de fubá, o meu preferido. Eu até perguntei se podia ajudar, não tinha nada pra fazer mesmo, mas a vovó não deixou, ela disse que eu ia acabar fazendo bagunça na cozinha dela. Eu não entendo isso, o bom de cozinhar não é a bagunça? A farinha espalhada, panelas pra todo o lado, a batedeira ligada. E eu não ia fazer besteira, eu não atrapalho de propósito, só queria ajudar. Igual aos seus duendes, eles te ajudam com o Natal. Sabia que tem gente que não acredita no senhor? Mas é claro que o senhor existe! Quem mais traria a alegria pras crianças no Natal, entregando presentes e unindo famílias? O senhor existe, eu sei, afinal, mamãe não compra cookies atoa.

Tem gente que diz que não teria como o senhor entregar todos os presentes ao mesmo tempo, eu concordo com eles, você não conseguiria entregar tudo ao mesmo tempo, por isso você tem os seus duendes. Podem achar que eu sou boba, mas eu sei que aqueles Papais Noéis dos shoppings são carinhas te imitando, você tem muita coisa pra fazer na época do Natal, ao invés de ficar o dia todo numa poltrona sentado tirando fotos.

Um dia desses mesmo os meus pais me levaram pra um shopping daqui da cidade pra ver o Papai Noel — uma cópia barata do senhor, você deveria denunciar eles, ganham dinheiro por sua causa. Se bem que, sem eles, ninguém ia te conhecer. Melhor deixar eles quietinhos fazendo o trabalho deles enquanto espalham o clima de Natal — , até que foi legal. O Papai Noel era dançarino, me chamou pra dançar com ele uma versão de "Bate O Sino" mais agitada, e eu fui. Ele era bem legal, até conseguiu arrastar a mamãe e o papai pra dançarem, juntos.

Ah, eu tenho que ir. Vovó tá me chamando, o bolo já tá pronto e eu tô cheia de fome, tá um cheirinho booom. Até o Natal, Senhor Noel.

Com amor,
Ana.

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397 palavras.

Cartas Para NoelOnde as histórias ganham vida. Descobre agora