Vinte e quatro.

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Chloe

Foi uma verdadeira chacina.

Das trinta e quatro pessoas que partiram para a missão, Luke que me contou que apenas dezesseis voltaram vivas, e umas quatro estão feridas gravemente, isso inclui Laurel, já meu pai e Thiago estão bem.

Minha cabeça nunca doeu tanto como agora, a enfermaria estava escura porque eu não consigo olhar para muita luz.

- Quero ver Laurel. - Insisti, mais uma vez, a tia Cecilia.

- Já falei que só amanhã, sua cabeça vai explodir se você sair daqui.

Suspirei, irritada.

- Toma. - Ela me deu uma pequena pílula e eu arregalei os olhos.

- Você roubou a enfermaria?

- Sim. - Ela respondeu sem dar muita importância.

Tomei a pílula e, depois de me revirar incontáveis vezes na cama, consegui dormir.

*

Abri os olhos e logo percebi que a dor na minha cabeça diminuiu drasticamente, graças ao remédio que Cecilia roubou ontem. Ela não estava mais aqui, então aproveitei para tentar ver Laurel.

Ao me levantar, olhei para as pessoas feridas, deitadas em camas improvisadas, tinham mais pessoas do que o de costume, mas o que eu percebi ao olhar para eles foi que eu estava de camisola, bem curta por sinal.

Ignorei minha roupa e saí da enfermaria, eu sabia exatamente onde Laurel estaria.

*

- Meu Deus. - Murmurei ao olhar para minha melhor amiga.

Eu fui ao meu dormitório trocar de roupa antes de chegar aqui, era uma sala particular na enfermaria, no momento estou esperando o médico trazer-me notícias, já que ninguém quis me falar nada.

A morena estava terrivelmente pálida, um arranhão na bochecha se destacava no meio da tonalidade roxa - que provavelmente está ali devido a um murro - tinham tantas agulhas enfiadas em seu corpo, não me atrevi a contar. Pelo menos ela estava respirando sem aparelhos.

Uma médica entrou na sala, era negra e tinha o cabelo castanho claro preso num coque super arrumado. Demorou um pouco para que eu a reconhecesse, mas consegui, acho que o nome dela é Gabriella, algo assim.

- Olá senhorita Lee. - Ela falou, estendendo a mão para um cumprimento, no qual eu correspondi. - Meu nome é Daniela. - Ela continuou num sorriso calmo e eu assenti, estava impaciente para saber o que tinha acontecido com Laurel.

- Sente-se, vou te contar tudo o que eu sei que aconteceu. - Daniela concluiu com uma piscadela e nós nos sentamos no sofá.

- Bom, fui informada de que, na fuga até o helicóptero, sua amiga estava junto a Thiago e Christian, um rebelde conseguiu encontrá-los e então - a médica suspirou - Laurel disse a Thiago que levasse Christian, que estava ferido até o helicóptero e ela distrairia o rebelde. - Meus olhos encheram-se de lágrimas, ela praticamente se sacrificou pelo bem estar de meu pai. - Como você pode ver, não foi uma escolha sábia. Não sabemos bem como foi, mas achamos que depois de uma luta corporal, ele enfiou uma faca nessa região - ela tocou na parte de trás das minhas costas, quase no fim das mesmas. - Mas antes de cair, Laurel conseguiu atirar na cabeça do rebelde. Thiago voltou para resgatá-la e ao chegar aqui, fizemos uma cirurgia que durou cerca de cinco horas. Ela ficaria paraplégica ou pior, tetraplégica se demorasse para ser operada.

Respirei fundo. Não devo agradecimentos a Thiago, ela quase morreu para dar tempo a ele viver, nada mais que a obrigação do nosso líder resgatá-la.

- Então ela não está em coma, certo? - Perguntei.

- Não, provavelmente demorará alguns dias para que ela acorde, mas isso é por conta dos remédios para a dor.

- Muito obrigada, doutora. - Ela sorriu e saiu da sala.

Dei mais uma olhada em minha amiga e sorri, eu não poderia estar mais orgulhosa da coragem dela.

Me levantei do sofá e sussurrei em seu ouvido:
- Eu ficaria muito brava se você morresse.

Beijei sua testa e saí da sala, agora era a vez de procurar meu pai, Hayden e Luke.

*

- Não acredito que depois de tudo isso nós vamos simplesmente ficar de boa, o que há de errado com vocês? - Perguntei, furiosa.

- Qual é o objetivo, Chloe? - Foi a vez de Thiago falar merda.

- Vingança, não é óbvio? Dezoito pessoas daqui foram assassinadas e provavelmente nem a metade desse número de rebeldes morreu, e nós estávamos apenas tentando fazer um acordo pacífico!

- Chloe, nós não somos vikings ou algum povo parecido, não temos a sociedade baseada em vingança.

Olhei para meu pai, incrédula, minhas narinas estavam dilatadas, um sinal de raiva. Nem ele ou os outros chefes do abrigo ficaram do meu lado. Eu invadi uma reunião do conselho para isso!

Num gesto de desprezo, cuspi no centro da mesa onde eles estavam sentados, deixando todos boquiabertos, e então saí da sala.

Eu deveria saber. Deveria saber que eles iriam nos atacar de surpresa. Deveria ter prestado mais atenção, eu fui treinada para fazer isso e falhei.

Cheguei a conclusão de que atirar facas é o melhor remédio para raiva.

Respirei fundo e comecei a ir em direção a sala de treinamento.

Ao chegar lá, a sala só não estava completamente vazia por conta do guarda que sempre ficava na porta, a sua finalidade era não deixar ninguém levar armas para fora da sala, ele sempre falhou em sua função comigo. Peguei três facas que estavam na mesa e falei:

- O conselho.

Atingiu a parte central do alvo, mas ainda não foi na bolinha preta que ficava no melhor ponto central, isso me deixou frustrada, eu odeio frustrações.

- Dezoito mortos.

Bem na bola preta do centro. Ao sentir o peso dessas palavras, me sentei no chão e chorei como criança.

***

Olá amoress! Não demorei tanto, né?

Espero que tenham gostado do capítulo, comentem :)

Queria avisar vocês que tenho planos para terminar a história o mais rápido possível, já tenho um enredo - destruidor, por sinal - em mente.

É isso, amores. Beijos.

Hope *em hiatus*Where stories live. Discover now