Não percebi que uma mão envolveu minha cintura até Zack transferir o olhar confuso de mim até a pessoa ao meu lado. Foi então que sua expressão se tornou debochada e eu quis esganá-lo ali mesmo.

- Então eu estava certo? Vocês sempre estiveram juntos? - Assentiu algumas vezes, fitando o chão enquanto tinha as mãos na cintura. - Patético.

- Ao contrário de você, eu esperei que terminássemos para ter algo com Noah. - Me virei para Noah. - Você convidou esse retardado?

Noah arregalou os olhos, impressionado com a minha ira.

- Não, eu... Não fui eu. - Noah respondeu, a mão no peito como quem tenta sair da culpa por ter feito algo.

Bufei e revirei os olhos. Passei por Zack dando um empurrão em seu ombro e andei a passos largos para a casa principal. Ouvi passos atrás de mim se chocando contra a grama e gritei por cima do ombro:

- Nem se atrevam a me seguir!

Logo os únicos passos na casa principal eram os meus.

Àquela hora Marceline já dormia então eu poderia respirar por alguns segundos. Subi as escadas até o meu quarto, sem saber muito bem o que estava fazendo, a bebida não fazendo mais tanto efeito quanto antes.

Entrei no quarto e me sentei na cama, alcancei uma caixa embaixo da cama por impulso e revirei ali algumas fotos. Sorri à imagem de Noah e eu, Noah e Bianca, nós três juntos e lindas paisagens que pudemos apreciar. Aquelas fotos me acalmavam e me levavam à momentos que eu fora feliz.

Revirei minha caixa sabendo que ela ia revelar mais ao fundo aquilo que eu mais temia nos últimos dias. Deixei as fotos com meus melhores amigos de lado e toquei minhas fotos com Nicholas. Algumas na cama, com os cavalos, ambos cavalgando. Mal percebi que estava chorando quando um soluço escapou por entre meus lábios.

Beijei as fotos, as mãos tremendo e deixei-as próxima do meu coração. Fechei os olhos e me permiti chorar, porque eu não deveria ser feliz. Eu nunca seria feliz de qualquer forma. Como poderia se a felicidade dos outros estava sempre acima da minha própria?

Mas como eu não poderia querer a felicidade da minha própria mãe?

Nicholas nunca me amou de qualquer forma. Os olhares, as palavras, os gestos foram todos em vão. Ele tinha um objetivo e já o atingira. Assim não tinha problema, assim não tinham complicações, assim era melhor.

Deixei as fotos na cama e fui até o banheiro, ligando a torneira para que pudesse jogar [agua no rosto e na nuca. Agradeci pela maquiagem ser a prova d'água ou eu estaria arruinada.

Apoiei as mãos na pia e fechei os olhos com força. A dor no meu peito não me abandonava e a vontade de chorar mais uma vez se aproximava pouco a pouco. Mais um soluço, mais água no rosto. Desliguei a água e sequei o rosto com calma, respirando o perfume da toalha limpa.

Quando tirei a toalha do rosto foi que eu vi pelo reflexo. Era ele. Era Nicholas. Toquei o objeto da minha loucura no espelho. Era quase como se pudesse sentir seu calor bem ali, como se sentisse seu perfume mais uma vez. Apertei a toalha na mão livre, sentindo uma mão em meu cotovelo. O reflexo estava se mexendo, me tocando e fazendo meus pelos se arrepiarem.

Foi então que eu percebi que ele era real. Ele estava ali, Nicholas estava ali. Se eu não estava louca, então estava dormindo naquele exato momento. Era isso, eu nunca me levantara da cama, eu estava dormindo abraçada às suas fotos.

Deixei a toalha de lado e belisquei o braço que ele tocava, o reflexo de Nicholas riu da minha atitude. Franzi o cenho e me virei em sua direção.

BlueWhere stories live. Discover now