08 - O galho e a pedra

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— De novo! — disse Christian, entregando novamente a espada à Isabelle. — Você é lenta demais.

— Escuta, você tá treinando isso desde pequeno! Eu não tenho obrigação nenhuma de-

Parou de falar, sentindo o bastão batendo em sua perna, a fazendo cair. Christian, que ainda olhava pra ela, mantinha um sorriso no rosto.

— Lenta demais. — disse por fim. — Venha, precisa melhorar isso.

Revirando os olhos, a ruiva se levantou, deixando a espada na bainha em sua cintura e andou ao lado do moreno, que lhe entregou uma garrafa com água.

— Pra onde estamos indo? — perguntou, após tomar alguns goles de água.

— Pra um lugar grande e com poucos obstáculos. — disse, dando de ombros.

— Não foi você que disse que "obstáculos foram feitos para nos ajudar a melhorar"?

— Foi. Por isso eu disse "poucos obstáculos", e não "nenhum obstáculo".

Isabelle fez uma careta, enquanto entregava a garrafa para Christian, que a pegou, guardando. Estavam andando em sincronia, cada vez mais longe do castelo, indo para um lugar sem muitas árvores, um lugar espaçoso e iluminado.

Quando Christian parou de andar, colocando as coisas no chão, Isabelle pôde soltar um suspiro de alívio. Tinham chegado.

— Não se anime, agora você vai correr. — disse, a olhando.

— Correr? — perguntou. — Como assim correr?

— Andar mais rápido, sabe? Correr, uma coisa que pessoas lentas precisam fazer para ficarem mais rápidas.

— Engraçadinho. — disse, fazendo uma careta e respirou fundo. — Certo, correr.

— Vou correr com você, quem sabe assim perceba sua lentidão. — disse, segurando a mão de Isabelle, que estava prestes a lhe bater. — Lenta.

Isabelle, já cansada de ouvir aquilo, balançou a cabeça, resmungando e começou a correr, olhando para frente, desviando de alguns troncos de árvore que tinham pelo meio.

— Não faça isso. Passe por cima ou por baixo, dependendo do que tiver. Agilidade. — Ouviu Christian dizer e começou a pular sobre o que ficava na sua frente.

Era mais difícil pra Isabelle quando apareciam obstáculos em que ela tem que pular para ultrapassá-los. Além de cansativo, precisava prestar mais atenção no que tem à sua frente.

Deu impulso e pulou, passando por uma grande pedra no caminho.

Tinha uma pedra no caminho
No caminho tinha uma pedra.

Riu com seu pensamento e voltou a olhar pra frente, bem na hora em que precisava abaixar para não dar de cara com o galho de uma árvore, mas não deu tempo e a ruiva parou de correr, caindo no chão, sentindo a dor no rosto.

— No caminho tinha um galho. Tinha um galho no caminho. — disse, resmungando.

— Percebi. — Ouviu a voz de Christian atrás dela, junto com uma risada. — Tudo bem?

— É, eu vou viver. — respondeu, levantando-se.

Isabelle bateu as mãos na roupa, tirando um pouco da terra e olhou pra Christian, que continuava rindo. Fez uma careta e começou a andar de volta, fazendo um coque em seu cabelo.

— Hora de voltar, está ficando tarde. — Ouviu Christian dizer, enquanto andava, com as mãos nos bolsos.

— Então é isso? — perguntou, apressando os passos para ficar ao lado dele. — Você disse que iria me treinar, a única coisa que fez foi me colocar para correr.

Protetores - O muro de KrapiosWhere stories live. Discover now