02 - Granach

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Agora estava dentro do carro daquele estranho, encolhida no banco do passageiro, com a cabeça encostada na janela, deixando as lágrimas caírem, sem emitir nenhum som.

Seus pais tinham morrido a minutos atrás e ela nem teve coragem de ficar lá enquanto uma ambulância chegava. Estava tão aflita, tão desolada, que não pensou duas vezes antes de segurar a mão do garoto e segui-lo pra onde quer que ele fosse.

Era loucura dar tanta confiança assim à uma pessoa? Sim, mas de que importava? Tinha perdido seus pais, seu mundo agora estava de cabeça para baixo e nada iria mudar. Eles não iriam voltar.

— Pra onde está me levando? — resolveu perguntar, desviando o olhar pra ele, que mantinha o olhar fixo na estrada.

— Devia ter perguntado isso antes de entrar no carro, não acha?

— O que vai fazer? Me abusar? Vai me matar?!

— Se eu quisesse você morta, você estaria morta.

Mordeu o lábio, perguntando-se se tinha sido realmente uma boa escolha entrar no veículo. De um jeito ou de outro, ela sabia que estava errada e ele certo. Podia matá-la a qualquer momento.

Respirou fundo, quando viu o carro parando no meio de uma estrada. Agora tinha certeza: ele iria matá-la.

— Saia. — disse, saindo do carro e andou até o outro lado, abrindo a porta pra ela. — Vamos, não tenho o dia todo.

Então saiu do carro, olhando em volta. Árvores, muitas árvores. Deu um passo à frente, ouvindo o barulho das folhas secas quebrando, bem na frente do carro tinha uma placa escrito "Propriedade privada, mantenha distância" e atrás da placa podia-se ver uma velha casa, construída a décadas atrás.

Voltou a olhar pro garoto a sua frente e fechou os olhos com força assim que viu sua mão indo em direção ao seu rosto. Ao invés de receber um tapa, como esperado, o garoto apenas tocou seu rosto devagar, passando a ponta dos dedos.

— Você está fria. Vamos logo, vai acabar pegando um resfriado.

Abriu os olhos devagar, encontrando um par de olhos azuis a encarando, ao invés dos vermelhos que viu antes. Balançou a cabeça devagar, afirmando e começou a seguir o garoto, abraçando o próprio corpo.

Não só os olhos mudaram, sua pele também parecia ter ganhado mais cor, não estava pálida como antes.

— Aqui está dizendo que é propriedade privada, vai invadir? — perguntou, assim que chegaram perto dos portões.

— Essa é minha casa — deu de ombros, passando a mão pelo cabelo, o que deixou ainda mais bagunçado.

— Sem querer ofender, mas... está caindo aos pedaços.

— Na verdade não. Tente abrir o portão.

Se moveu devagar até lá e esticou o braço, apertando a grade com uma mão e gritou ao ver a mesma mudar de cor. Afastou-se, piscando algumas vezes enquanto encarava o portão e toda aquela velha casa se transformar em um grande castelo dourado com detalhes prateados, um grande gramado verde com várias árvores e flores de todos os tipos surgiram diante dela, com uma fonte bem no meio, deixando o lugar mais lindo.

— O que... o que você fez? — sussurrou, ainda olhando para frente.

Christian apenas deu de ombros, Andando, abriu o portão entrando e esperou Isabelle entrar, fechando-o novamente. Colocou as mãos nos bolsos e virou, começando a andar pelos ladrilhos entre a grama, indo em direção a porta de entrada.

Isabelle correu para alcançá-lo, andando em passos rápidos quando já estava ao seu lado. Era uma cabeça mais baixa que ele, o que a fazia se sentir ainda mais intimidada.

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