Boas vindas

1.2K 88 0
                                    

Acordei sozinha no sofá, com a capa de levitação de Strange. Com dificuldade me levantei, estava sentindo dores horríveis nas costas. E tinha dificuldade de me equilibrar, dependi da capa para achar Stephen, ele estava separando alguns livros na biblioteca, no caminho eu pude ver com dificuldade muitas coisas quebradas. Eles atacaram ferozmente e eu não ouvi nada? Hong devia ter me colocado na dimensão espelhada para impedir de me acharem. Faria muito sentido.
Eu senti o perfume de Strange na porta na biblioteca e suspirei. Bati na porta, entrado após receber permissão. Senti suas mãos nos meu ombros, ele me guiou até uma poltrona e eu sorri.
- Você sabe muito bem que devia estar descansando, não sabe? - Ele disse como quem tentava me dar uma bronca. Mas suspirou e fechou uma pequena caixa. - Vamos nos mudar. Mas acho que você já esperava isso, correto?
Eu afirmei com a cabeça e senti a capa sair do meu entorno, enxergando a mancha vermelha ir até os ombros de Strange. Que parecia escolher entre dois livros grandes, eu vi Hong entrando e ouvi seu suspiro. Ele me procurou. 
- Que garota astuta! Como pode sair assim dos lugares? - Hong trazia consigo uma cestinha com roupas limpas e toalhas. - Vá se lavar, ontem foi um dia difícil e vai precisar estar bem disposta para a mudança!
- Obedeça a mamãe ganso, estarei te esperando no Hall. - Strange disse de modo brincalhão.

Eu sempre acabava achando engraçado o jeito que Hong me tratava, mas me divertia com os comentários do mago. Ele me guiou até o banheiro e esperou-me do lado de fora. Foi bem difícil entrar na banheira, e as feridas ardiam por completo. Agradeci por Hong ter colocado mais faixas na cesta, eu teria que trocar todos os curativos. Demorei um pouco para sair, devido ao trabalho que tive com os ferimentos. Mas nada ficou visível nas minhas roupas. Eu vestia uma blusa preta chinesa e uma saia vermelha justa. Hong me explicou pela porta que hoje um dos vingadores ia fazer uma festa de boas vindas e eu deveria dar uma boa impressão. Quando sai ele tratou de me ajudar a colocar um salto, não muito alto, e era uma completa novidade para mim. Eu via sapatos de salto quando era criança, mas apenas algumas mulheres usavam e nem era muito alto. Eu cai algumas vezes no corredor, e Hong riu um pouco. Mesmo com dificuldade eu fui sozinha, apenas com minha bengala, até Strange. 

- Fascinante. Quer seus óculos? - Ele me ofereceu óculos arredondados de sol, ele devia ter ciência que Matt me deu o acessório. Sorrindo ele colocou os óculos em mim. Eu usava um coque alto, graças a Hong. Ele sabia fazer tantas coisas que me deixava besta. 
- Obrigada, você não tem ideia de como eles são confortáveis. - Eu disse com suavidade, ele me guiou pelo braço e me perguntei que roupas ele estaria vestindo. Ele vestia sua capa da Levitação, mas a textura das suas roupas eram bem diferentes das do dia-a-dia. Conforme ele me guiou  para o portal, saímos do silêncio para outro, não ouvia vozes ou passos. - Stephen, ja chegamos?
- Sim, querida. - Ele disse, e num segundo o barulho começou. Gritos de boas vindas e gente animada. Eu assustei e demorei a entender que deveriam ter MUITAS pessoas para me receber. Stephen tentou aquietar a todos, mas logo começaram as apresentações.

Antes que eu ficasse tonta com as boas vindas, Matt surgiu. Nós nos cumprimentamos e ele me deu alguns petiscos. Strange ficou meio distante, me pergunto se ele se incomodava com a aproximação de Matt.

- Seu mentor já se decidiu? - Perguntou ele, me guiando pelo braço até o lado de fora, tinham um bom jardim na mansão. Nós nos guiavam os pelos barulhos e odores. - Sabe, seu nome.
- Nem diga, depois que um tal de Sinistro atacou  o Sactrum acabamos adiando. Mas foi bom, aprendi a usar minha segunda "visão". - Lhe contei levemente sobre meus poderes. Ele deu um leve assobio.
- Não quero virar sapo, dona bruxa. - Ele riu. - Mas falando sério, por que não algo tipo Morgana? Sei lá, talvez Hecate! Olha, parece um bom nome! - Eu não sabia se ele estava brincando ou falando sério. - Deixa pra lá, Stephen deve fazer a honra. 
- Acho que ele faz meio que questão. - Naquele momento senti o perfume de Strange, um odor que devia corar minhas bochechas toda vez que chegava até minhas narinas. - Falando no diabo.
- Desculpe Matt, mas a nossa pequena a andorinha tem que comemorar com todos, da próxima vê eu penso em aceitar reservas. - Ele esperou Matt me soltar para me guiar. Ele parecia relaxar após se afastar do mesmo. - Eu tenho uma pequena surpresa. Andei estudando coreano e chinês, posso disser que meu Mandarim melhorou em níveis consideráveis. E também estudei você. Sua infância, família e descendência. E lhe afirmo,  você é dona de uma vida fascinante. - Ele notou que começava a devanear. - Perdão, eu não tinha ensaiado essa parte. - Tossiu ele, logo se recompôs - Você será minha Yu Lin. Dona da graça e da força, uma mulher forte, que luta e defende seus ideais, mas também cuida e alegra quem vive contigo. - Senti seus olhos me encararem. - Gostou?

Eu não tinha palavras, mesmo que fosse um discurso bem informal, eu fiquei tocada. Ele delimitou tempo e esforço para me dar um nome bonito, algo que eu pudesse falar com segurança para as pessoas. Ele aprendeu mais ainda sobre mim apenas para isso? A que ponto eu poderia ser tão importante para alguém?

- Sim, Stephen. É um nome maravilhoso, não poderia ser melhor. - Senti algumas lágrimas caírem pela minha face e o abraço de Stephen em seguida. Senti algumas lembranças se apagando e outras vindo. A dor se ia cada vez mais, dava lugar aos dias de cuidado e preocupação de Stephen, ao seu jeito galante e todas as situações engraçadas que vivemos. Eu estava sendo amada de novo, e nem lembrava mais da última vez que tinha sido tão bem querida.

Strange me acalmou como aquele divino cavalheiro que ele era e eu apenas segui ele para festa. Onde encontrei Hong e recebi alguns cuidados, como uma mãe,  Hong me fizera sentar e comer, queria que eu fosse dormir antes da festa acabar e ficou me dando analgésicos para as dores.

- Pelo amor de Deus, Hong, deixe Yu Lin se divertir. Ela tem quase 20 anos. - Disse Stephen com um tom zombeteiro.
- 20 anos, um corpo fragilizado e uma mente inocente. - Ele rebateu enquanto Stephen sentava comigo num sofá.
- Tudo bem, eu vou cuidar dela e levou ela pra cama mais cedo. Agora vá descansar, mamãe ganso, você também se feriu na invasão e nem devia fazer muito esforço. - Hong queria responder mas eu me ergi levemente e segurei umas das mãos de Hong.
- Por favor, descanse. - Eu falei com tranquilidade, ele suspirou e se despediu de nós. Eu voltei a me acomodar no sofá.

Stephen me tratou com atenção e carinho. Me serviu de doces e petiscos na boca. Conversei um pouco com o famoso Sr. Rogers que era um homem gentil, tentou me tirar pra um passeio mas Strange não permitiu. Passaram - se algumas histórias e Rogers tentou novamente, só haviam nós três e, cerca de um ou dois outros, a maioria já tinha ido dormir.

- Ela não gosta de picolé, é socialista e, convenhamos, seus únicos atributos são visuais. - Ele disse com um tom zombeteiro que devia ter irritado Rogers. Mas o Capitão deu uma risada leve e ouvi ele se levantar.
- Não vou roubar sua andorinha. Ela vai embora sozinha uma hora ou outra, afinal, ninguém te suporta muito tempo. - Ele me surpreendeu, era um homem educado, mas foi tão grosseiro quanto Stephen. O clima ficou péssimo, mesmo depois de Rogers ir embora.
- Stephen? - Eu procurei a mão dele e apertei ela assim que achei. Ele suspirou e logo ficou mais próximo de mim, soltando sua mão para tocar meu rosto com ela. - O que foi?
- Nada, Yu. Abra a boca. - Ele tirou a mão do meu rosto e senti o cheiro de doce, e a textura do petisco atiçava meus lábios. E eu dei uma mordida. Assim que terminei de saborear o doce eu senti algo quente nos meus lábios.

Era algo simples, mas cheio de calor. Os lábios de Strange encostaram nos meus com delicadeza e cheguei a sentir seu elegante cavanhaque roçar na pele delicada do meu queixo, o contraste com o meu. Senti as mãos dele nos meus ombros quando ele começou a suavemente mover os lábios, eu toquei seu peitoral e aos poucos íamos nos aproximando. Depois de alguns livros românticos que lia com Hong comecei a sentir algo por Strange, mesmo que não houvesse retorno, eu almejava o beijo e não via essa cena, pelo menos não além dos meus pequenos sonhos.  Mas um movimento brusco e uma voz feminina interromperam o ato.

- Stephen Strange, quem diria, arranjou uma ceguinha? - A voz era sedutora e o perfume era fantástico,  de encher as narinas. Quem poderia ser?

Doutor Estranho e sua aprendizWhere stories live. Discover now