Tormento e Escuridão

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Eu sentia o perfume exótico de Stephen ronda o quarto, suas passadas ansiosas e até sequências de suspiros preocupados. Afinal, se passou pouco mais de uma semana desde que a cegueira me atacou. Nenhum médico entendia, nem um mago. Era como se a cegueira fosse uma praga desconhecida ou algum feitiço poderoso.
Stephen me dava alguns mimos, itens saborosos e adocicados que matavam minha ansiosidade. Nunca recebi tamanha atenção de outro ser humano. Estava estudando libras enquanto ele bufava ansioso.
- Estou a meses na sua casa, sei quando você está contrariado. - Disse á ele  enquanto estendia a mão. Ele segurou minha mão e eu sorri. Ele parecia perdido. - você não precisa se preocupar, eu ficarei bem.
Ele deveria estar incrédulo. Mas eu soltei sua mão da minha e fiz um círculo mágico que se desfazia feito onda. Tinha aprendido isso com Wong. Isso é os trava o volume dos , moveis e paredes. Depois de algum tempo em silêncio ele começou:
- Melhor tomar o café da manhã comigo, vai te ajudar a conhecer a casa. E temos que arranjar um nome pra você que não seja igual ao de um robô.  - Ele riu fraco e tentou me e garantiu nos braços mas, mesmo tentada, não permiti.
- Sou cega, posso andar. - Eu sentei na cama e levantei com dificuldade,  pois o equilíbrio tinha sido por demais afetado. Ele me deu se braço para apoiar-me e eu suspirei e alívio. - Como Hong me vestiu? - Perguntei antes de passarmos a porta.
- Com um vestido bem simples, preto. Mas não se preocupe, ficou bem em você. - Ele falou com calma enquanto me ajudava a descer as escadarias. Conforme andamos no primeiro piso eu senti uma onda de cheiros diferentes dos que conhecia, mas ainda sim era delicioso.
Stephen me indicou a cadeira e se acomodou ao meu lado. Hong costumava fazer refeições que eu pudesse comer com as mãos e dessa vez não foi diferente. Torradas, um queijo cremoso e muitas frutas adoçaram minha manhã.
- Como andam suas memórias, querida? - Perguntou Hong enquanto comia.
- Bem...Não esqueci de nada que já tenha visto. - Meu rosto esquentou, eu lembrei do rosto de Stephen, ele andava predominando em meus sonhos. - Mas não consigo esquecer o complexo Mao.
- Stephen,  o que foi? - Perguntou Hong. Ele parecia tenso. Procurei com as mãos Stephen e assustei ao vê lo apertar algo com força.
- Não é nada, pode voltar a comer. - Ele se esforçou para parecer calmo mas não o soltei. Porém, ele contou o que lhe afligia - Você não conseguiu ver a liberdade. Estava num quadro de severa desnutrição e foi a única que sobreviveu ao tratamento intensivo. Porém nada disso explica a cegueira.
Eu fiquei surpresa com a sinceridade de Stephen,  mas não pude deixar de notar que ninguém além de mim sobreviveu á aquele complexo de treinamento. Stephen falou de banalidades em seguida, para me distrair. Mas me preocupava pelo que poderia ter acontecido se ele chegasse mais tarde.
Após o café da manhã, Hong me ajudou a trocar de roupa. Ele era muito descritivo e tinha paciência com minha dificuldade de lidar com esses detalhes da vida. Eu vesti uma saia preta e uma blusa social. Cabelos em coque, pós eles crescer durante minha recuperação e isso me deixava muito feliz, e sapatos delicados. Eu saia que Stephen estaria muito bê  vestido para um passeio e acho que até o surpreendi. Hong era quase uma "amiga" pois me ajudava com muitos detalhes femininos daquela vida. Escolher roupas, fazer penteados e até um pouco de pintura.
- Está bonita. - Disse Stephen enquanto abria um portal. Eu sentia  magia dele, forte e controlada,  banhar toda casa. Quando passamos pelo portal tive que é segurar nele, pois havia barulho,  festa  muitas pessoas. Ele me guiou pela cintura até um lugar mais silencioso, onde havia um homem: Sr. Matt, ou Daredevil.
- Olá Strange, quem é  moça? - Senti a aproximação do homem, mas de alguma forma, quando ia ceder, Strange me empurrou levemente para trás. - Sou Matt Murdock, também sou cego e sou um grande amigo de seu tutor. Vim ajudar você a lidar com a  cegueira.
- Eu sinto muito, mas não possuo nome. - Disse com tranquilidade. Strange cedeu e me deixou cumprimentar o homem.
Depois de garantir a minha segurança diversas vezes para meu mentor, o homem me guiou pelo braço. Saímos do local com calma, Matt me guiou com uma conversa calma sobre a história do país onde agora era residente.
- De acordo com o meu país você passavam fome, eram pessoas ruins e bem, você sabe...Eram tipo....porcos. - Matt riu, não sei se foi pelo meu curtinho de inglês com Hong,  durante minha recuperação,  ou se pelo fato interessante sobre meu país.
- Você vai ter muito o que aprender, mas vai adorar! Que tal um café? Podemos conversar melhor numa cafeteria. - Eu me animei, ia ser um passeio muito agradável. E ele nos guiou pelas ruas cheias de gente, muitos pareciam exclamar admiração. Mas deixei de ouvir tudo quando chegamos á uma cafeteria de cheiro doce. Sentamos numa mesa e ele pediu dois expressos suaves. - Aliás,  muitas pessoas podem achar que estamos num encontro, tente não se envergonhar. As pessoas adoram ver essas coisas.
Eu já tinha me envergonhado, mas não deixei de rir. Apenas aproveitei a vivência daquele lugar. Ficamos um tanto  silenciosos mas logo senti uma de suas mãos. Ele me deu um tipo de vara que reduzia de tamanho.
- É uma bengala, vai gostar de saber que é ótima para que possamos andar sozinha. Impede você de bater nas coisas. - Ele riu um pouco e senti ele me dar algo na outra mão. - São óculos de sol, impedem que as pessoas fiquem te encarando sem estar olhando para elas e dependendo da sua sensibilidade do sol, pode ser muito útil. - Ele se aproximou de mim na mesa e colocou o acessório. - Eu queria pode disser que ficou bom mas, você sabe. Se serve de consolo eu pedi o mais feminino e bonito da loja.
Matt e eu conversamos sobre muitas banalidades em seguida, era interessante como ele respeitava Strange. Ele fez questão de eu aprender a usar a bengala ainda naquele dia e me deixou andar sozinha alguns metros. Me deu alguns livros em Braile e me "devolveu" para Strange que tocou-me no ombro com um jeito afastado.
- Stephen,  está tudo bem? - Perguntei após passar o portal ao seu lado e ele apenas afagou minha cabeça. Ele me ajudou a usar a bengala dentro de casa, mas no maior silêncio e seriedade possíveis. - Eu falei algo incomodo? 
- Não, pequena. - Ele falou com calma e com um suspiro. Me sentou ao seu lado e pediu um chá para Hong. - Apenas está difícil lidar com alguns deveres. Parece que o Mandarim e o irmão de Thor estão muito interessados em você. Vou ter que mandar mais pessoas atrás de você e Murdock. Isso se não nos mudarmos. Contatei um amigo para vigiar o Sactrum e posso acompanhar você.
Eu fiquei um pouco assustada,  Loki era poderoso e Mandarim também. Eu corria muitos riscos ficando longe de Strange. Ele abraçou meu ombro com pesar.
- Sinto muito. Se quiser eu posso ir sozinha. Em breve conseguirei utilizar magia e ficarei bem. Ainda mais na mansão dos vingadores. - Tentei anima-lo e explicar que eu não podia depender daquela proteção para sempre.
Ele relaxou e senti um leve alívio. Tomamos o chá de Hong,  que estava animado com um novo livro que havia lido e me chamou para ir a cozinha. Vesti um avental e, com  ajuda de Hong, eu fiz alguns pães australianos que não me agradavam ao alfato mas muito ao paladar.
Não pude ajudar muito com a sopa, mas compensei com a sobremesa. Fiz um croissant de chocolate e coloquei algumas frutinhas em cima.
Quando estava finalizando senti uma mão tocar meu pulso. Paralisei pois aquele não era o toque de Stephen, Hong ou Matt. Tentei soltar-me mas logo senti um corpo grudando no meu. Era um homem!
- STEPHEN! SOCORRO!

Doutor Estranho e sua aprendizOnde as histórias ganham vida. Descobre agora