Capítulo 1

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Lorena Santos

São 19 horas de sexta-feira, faz meia hora que cheguei do trabalho, estou esparramada no sofá tentando tomar coragem para fazer algo pra comer. O telefone de casa toca.

 – Amiga lindaaaaaaa!– afasto o aparelho do meu ouvido para não ficar surda. 

Júlia, essa é a doida que está gritando ao telefone. Conhecemo-nos desde sempre. Fomos vizinhas quando crianças e somos vizinhas há três anos, quando resolvemos nos mudar da casa dos nossos pais. Ela mora no apartamento em frente ao meu e é a minha melhor amiga.

 – Júlia, dá pra parar de gritar? Qualquer hora eu ficarei surda atendendo o telefone! 

– Ah, Lô, deixa de ser chata. Como foi o seu dia? – ela finge que não me ouviu. Vaca. 

Todo o dia é assim. Atendo o telefone de casa e já fico puta com a Jú, que só sabe saudar as pessoas gritando. Mas a raiva logo passa. Não consigo ficar mais que dois minutos com raiva dela. Ela é minha irmã de coração.

 – Cansativo. Você sabe como o chato do meu chefe é. Quer que eu faça tudo ao mesmo tempo. 

– Não sei como você consegue aguentar esse mala. Que é muito bonito, sexy, gostoso, mas continua sendo mala! – ela ri alto. Essa garota é uma figura.

 Realmente Alberto Ferraz, meu chefe, é muito bonito. Quando fui contratada por uma das melhores empresas de designers do Brasil, não imaginei que trabalharia com um homem muito bonito. Ele é moreno claro, olhos e cabelos castanhos, nariz fino, barba por fazer e um corpo espetacular. Tem 35 anos, solteiro por opção. Seria perfeito, exceto por dois motivos: primeiro, ele é meu chefe; e, segundo, ele é um porre de tão chato, grosso e carrasco.

 Na primeira semana de trabalho o encanto foi embora. Hoje, depois de dois anos, só o suporto porque amo o que faço e o salário é ótimo. – Amiga, você sabe que o salário compensa. – digo a ela.

 – Tá! Chega desse assunto chato. E aí, o que vamos fazer essa noite? – ela fala toda animada.

 – Tô querendo conhecer aquela boate que inaugurou mês passado, a Happy. O que você acha? – pergunto já sabendo a resposta.

 – CLAROOO!!! – ela grita de novo no meu ouvido – Passo aí às 22h, tá? 

– Ok.

 – Vou mandar um WhatsApp pra Larí.

 – Tudo bem! Vou mandar um pro meu irmão. 

 João Vitor é quatro anos mais velho do que eu e vamos juntos pra todas as baladas. Desligo o telefone e vejo que ainda são 19h30. Levanto do sofá e vou até minha cozinha, que é em estilo americano. Sempre fui doida pra ter uma cozinha assim. É como se a sala e a cozinha fossem um cômodo só. O que as dividi é apenas um murinho de tijolos de vidro que chega na altura da cintura. 

Pego alguns ingredientes para um sanduíche, um copo de refrigerante e me alimento, já que vou sair tenho que me alimentar pra não ficar bêbada rápido. Limpo a bagunça na cozinha e vou em direção ao sofá. Coloco um filme que adoro, Se beber não case, e fico admirando aquele pedaço de mal caminho que é o Bradley Cooper. 

Mando um WhatsApp para o meu irmão avisando da nossa saída mais tarde e acabo cochilando. Acordo assustada com meu celular apitando e vejo que chegou uma mensagem da Jú. 

Jú: Ñ acredito q vc dormiu no sofá de novo!! Esteja pronta na hora ou vc vai se ver comigo!!! :/ 

Eu: Vc ñ é nada exagerada!kkkkk

Estarei pronta. ;*

Toda vez que marcamos de sair, eu cochilo no sofá. Da última vez, ela quase arrombou a minha porta de tanto que batia na coitada. Depois disso tive que dar a chave do meu apartamento para ela, que disse que quando eu estiver com alguma emergência, ela poderá me salvar. Sei... 

Meu Desejo - REPUBLICAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora