O Segredo

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Era um pequeno grupo que se tornou um pequeno clã. Praticavam magia há algum tempo já. Sempre juntos, decidiam juntos, sempre com o consentimento de todos. Então os dons foram evoluindo, novos interesses surgiram... Uns queriam manter tudo como família, outros queriam crescer o clã, chamar pessoas, e que pagassem para fazer parte. Poderiam até fazer algum lucro com seus conhecimentos... Porém o coração humano, que possui tantos caminhos, está sujeito a mudança bruscas.

O respeito foi acabando.

O que era decidido por todos, começou a ser feito escondido. Se fosse questionado, era tratado como falta de fé. Os que queriam apenas manter como família, foram chamados de fracos. Diziam que não tinham o apoio dos deuses e por isso temiam ter seus nomes públicos.

Então o destino chegou em sua bifurcação.

O clã, tão jovem, se desfez aos poucos. Cada grupo seguiu seu rumo. E o coração humano... Ah, o coração humano. Aqueles que passaram a decidir escondidos no grupo, depois de seguirem o próprio rumo, se auto-proclamaram sumo sacerdotes e passaram a vigiar os outros, os que se mantiveram como família. Achavam que seriam atacados pelas ovelhas covardes pelas costas.

Bem... Quem estuda a magia, sabe. Tudo que se planta, se colhe.

Energias atraem energias semelhantes.

E esses "sumos sacerdotes" acabaram atraindo para si espíritos mentirosos, debochados, que imitavam seus deuses em rituais. Infelizmente, cegos por poder, por acreditarem possuir a visão mais verdadeira sobre o caminho mágico, merecedores de fama, cegos pelo ego, eles não perceberam.

Esses espíritos lhes diziam, até mesmo por meio de seus oráculos, que estavam sendo constantemente atacados. Como suas vidas iam de mal a pior, certamente acreditaram.

Passaram a contra atacar o que, na verdade, não existia. 

Quando alguém, que nada sabia da situação, lhes falava que não existiam forças de quaisquer pessoas sobre eles, não acreditavam. E os contra ataques viraram ataques diretos.

As divindades não são crianças mimadas, que agradam a quem lhes acender meia dúzia de velas. Não...

As divindades das pessoas, os magistas que estavam agora sendo atacados, lhes avisaram com antecedência, bem como seus guardiões mostraram em seus sonhos. Sem hesitar, criaram um sigilo. 

Um sigilo, apenas um, bem feito.

Seguiram adiante sem mais ar atenção aos tais mestres. Bem, o sigilo existia. Era mantido como se tivessem acabado e criá-lo. E tudo correu bem.

Já do outro lado...

Tanta teimosia para provar poder, tanta  teimosia para mostrar suas capacidades...Tanta busca por nome e título.

A miséria foi se instalando... Cada vez mais. A ideia de que vinham sendo atacados parecia mais intensa. E os espíritos, que se passavam por seus deuses, permaneciam afirmando a mesma coisa. "Estão atacando sua prosperidade!", diziam que só precisavam se proteger direito!

Brigavam entre si, culpando uns aos outros. Viviam se separando e voltando a se encontrar após cada problema. Sempre em meio de discórdia e brigas a cada ritual. As discussões eram sempre pelo mesmo motivo: chamavam uns aos outros de incompetentes por não "conseguir" se defender do ataques mágicos das "ovelhas". Um se achando maior que o outro. Precisando culpar alguém. A cada mês, alguém era brutalmente humilhado...

Ora, mas não pararam um segundo para perceber que sua prosperidade não poderia ser simplesmente atacada por pessoas sem apoio dos deuses, como eles mesmos afirmaram? Pessoas fracas?

GrimórioWhere stories live. Discover now