Capítulo 4-- Reconstruir um coração Part. 1

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Presente

Elas discutiram mais de uma vez na vida, mas daquela vez era realmente sério, Helena nunca tinha visto a Mari tão brava

- Você não vai atrás daquele cara Helena, isso é serio! - Mari gritava com o rosto tão vermelho quanto o seu cabelo- Pode ir desfazendo essa mala agora garota, você não vai, nem que eu tenha que amarrar você no pé dessa cama

A Mari tinha ido na casa da prima com a intenção de passar um sabádo divertido ao lado do casal que mais amava no mundo, mas infelizmente ao chegar lá se deparou com uma Helena descabela, olheiras tão escuras que parecia um panda,  a cara inchada do choro e decidida a ir atrás do namorado, a Mari detectou de longe os sintomas de uma mulher abandonada, ao saber da história toda ficou possessa por ter sido enganada por aquele cara de pastel que fingia ser gente boa pra depois fazer sua prima chorar, a raiva cresceu ainda mais pela determinação da Helena em ir atrás dele, se é uma coisa que a Mari aprendeu depois dos milhares de términos que passou é sair com pelo menos o orgulho intacto, e se arrastar atrás do ex não é uma boa forma de fazer isso

- O que você está pensando hein??? Aliás você está pensando??? Ir atrás dele?! Ele te largou, LARGOU- gritou ela- ele não merece nem que você chore quanto mais que vá atrás, na verdade ele merece que alguém arranque as bolas minúsculas dele, é isso que ele merece, ou então joga-lo num poço cheio de víboras venonosas- Mari marchava de um lado a outro dentro do quarto, esfumaçando de ódio, e planejando inúmeras vinganças- ou talvez ser queimado vivo, não importa ele merece tudo, tudo de ruim, mas sabe o que ele não merece querida- Disse com uma voz mais branda enquanto sentava-se na cama ao lado da prima que tinha por irmã- Ele não merece você querida, você é a pessoa mais incrível, ele nunca vai achar outra igual, e se ele não deu valor a isso que se ferre pra lá, o tempo vai ajustar tudo, vai vingar o que ele te fez e vai te trazer um amor muito melhor e muito maior, você não precisa ir, ele não é o único cara que você vai se apaixonar na vida, parece doer muito agora mas é só porque é o primeiro amor, logo passa, eu prometo.

Helena estava comovida, apesar da loucura a Mari era a pessoa que ela mais amava na vida, e era recíproco, as duas cresceram com famílias disfuncionais e fizeram uma a outra de porto seguro, elas eram tudo uma pra outra e é por todo esse amor que nutriam, que a Helena sempre escutava o que a Mari dizia, mas daquela vez não. Ela precisava ir atrás dele, a Mari podia não entender o porquê, mas ela precisava.

O abandono sempre te estraga de dentro pra fora, começa com essa solidão e um sentimento de caos que nasce bem no fundo do coração como um simples aperto até que vai crescendo, crescendo, se espalhando a cada segundo, até que toma conta de você, por inteiro, o amor que era sua fonte de alegria e iluminava sua vida como uma estrela, morre, e assim como todas as estrelas quando morrem, se transforma em um buraco negro consumindo tudo de dentro pra fora.
Mulheres estrelas transformadas em buracos negros, por abandono, que perdem seu amor próprio, que são tragadas pela dor até que não sobre mais nada, é tão comum que as vezes pensamos ser normal, mas Helena não seria uma delas, estava decidida a restaurar seu brilho, ela amou (ainda ama) muito o Renato, mas aprendeu que na vida as vezes precisamos ser meio egoístas e nos amar mais do que amamos outros, a vida toda nos ensinam errado, dizendo que amar outra pessoa é a salavação, amor próprio é a salavação, se não for assim vamos deixar outros roubar nosso brilho de estrela e nos transformar em buracos negros, ela não queria isso, e é por isso que precisava ir atrás dele, não para implorar pra ele voltar, ela não obrigaria ninguém a ficar com ela, ele era livre para escolher não a amar mais e não seria ela a arrancar essa liberdade dele, mas em nome da liberdade dela ela precisava de um encerramento, de um final, para ter um recomeço.
Tudo isso ela havia pensado na noite não dormida após descobrir o paradeiro dele, percebeu que na verdade a dor maior era não entender o que houve, quando achou os registros no computador da passagem de avião só de ida, ficou mais tranquila, depois de pensar muito no que faria com aquela informação decidiu ir lá, reconstruir seu coração.

- Como você espera se reconstruir indo pro passado querida?- dizia a Mari já mais calma depois de toda a explicação da prima, as duas se abraçavam apertado na cama, era a forma da Mari dar consolo enquanto ouvia o relato

- Como você mesma disse, eu fui abandonada, sabe o que ocorre com um imóvel abandonado?! Ele se deteriora até o dia em que alguém decide reconstruir, mas pra fazer isso primeiro é preciso derrubar, destruir pra reconstruir- Helena se expressava numa voz baixa porém firme- Preciso fazer isso Mari, preciso dar um fim de vez, dar um término de verdade nessa relação, preciso que ele me diga que não me ama mais, não quero viver na incerteza achando que um dia ele pode voltar e sem entender o que aconteceu na minha própria vida, eu não saberia viver assim

- Acho que tem razão, você sempre foi a mais inteligente de nós duas mesmo- disse a Mari com um sorriso fraco e se levantando da cama, em seguida completou- Então quando nós vamos?

- Nós? Nós quem??

- Você acha que eu vou deixara você ir sozinha atrás daquele paspalho?! Não mesmo tá, eu vou com você, tenho uns dias de folga que eu posso tirar do trabalho

- Eu não acho uma boa ideia Mari- dizia a Helena se levantando da cama também, ela queria fazer aquilo sozinha, era uma batalha dela

- Claro que não, sozinha você não vai, além disso como você espera pagar uma passagem de avião para... pra onde é que nós vamos mesmo?!

- Pro outro lado do país- Helena disse com um suspiro- Ele voltou pra casa da mãe, e você tem razão não tenho dinheiro pra passagem, mas você pode me ajudar - e fez uma carinha de pedinte pra prima

- Não mesmo, você só vai se eu for, e vamos de carro, fica mais barato e podemos nos reversar dirigindo até lá, essa é a única maneira de você ir- disse Mari batendo o pé no chão

- Ok, ok você venceu, vamos as duas e de carro

- Ótimo- exclamou animada- Vou arrumar as malas agora

- Lembre-se é apenas alguns dias não a vida toda, então manera no tamanho da mala- disse Helena com uma risada

- Pode deixar priminha- disse piscando e saindo do quarto, Helena se jogou na cama já exausta só de pensar no que teria que enfrentar naquela viagem, suspirou, pelo menos aquele inferno estava mais perto de acabar, afinal ela havia dado o primeiro passo pra reconstruir seu coração.

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capítulo dedicado a Abda-Silva2016 que tá sempre participando com estrelas e comentários, muito obrigada querida ❤

Hey gente, vcs tão bem?! Espero que tenham gostado do capitulo novo, perdoem os erros e não se esqueçam de apertar na estrelinha e de comentar o que achou. Bjs ♡♡

Pelas lentes do amor de Helenaحيث تعيش القصص. اكتشف الآن