Capítulo Cinco

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Meus pés ardiam como fogo. Eu havia andado pela cidade o dia todo e sem rumo algum. Minha barriga roncava de fome e eu não tinha nenhum dinheiro.

– Que ideia besta, Lizzy… – Sussurrei para mim mesma.

– Hoje, mais bombas explodiram. Desta vez, as explosões ocorreram no bairro do Brooklin, deixando sete feridos… – Escutei a jornalista dizer em uma pequena TV da banca de jornais.

Isso não podia ser nada bom... Tirei os saltos altos que calçava e pisei no asfalto sujo e quente.

A noite estava calma e iluminada pela lua cheia. Entrei em uma rua e meus olhos lacrimejaram pelos letreiros luminosos das lanchonetes e casas noturnas.

Logo, avistei uma casa noturna chamada ' Lá Noche '. O lugar parecia não ser muito frequentado, já que não haviam seguranças , então resolvi entrar.

Desci as escadas estreitas e escutei o barulho ensurdecedor da música eletrônica.  

– AH! – Gritei sentindo que havia pisado em algum vidro quebrado. – E o dia só melhora…

Dobrei o joelho direito para ver o corte e arranquei a lasca de vidro do meio dele. Então, resolvi colocar meus saltos novamente e continuei descendo as escadas de ferro.

O lugar era muito inferior a qualquer casa noturna que eu já havia ido – Sem meus pais saberem, claro –  Observei as pessoas tentando encontrar alguém conhecido, mesmo sabendo que não iria encontrar.

Alguém bateu em meu ombro, me jogando de quatro no chão.

– Merda! Você não olha por onde anda, idiota? – Disse aos berros enquanto me levantava e virava para ver o rosto de quem havia me jogado no chão.  

– Nossa! Mil desculpas, eu tropecei nessas malditas escadas. – Disse um jovem abrindo um largo sorriso, radiante como o sol.

  Ele aparentava ter uns 20 anos, um pouco mais alto que eu, rosto robusto, barba por fazer, cabelos castanho-claros – mais claros que o meu – jogados para trás e um porte atlético. Ele vestia uma calça jeans azul-clara, uma jaqueta de Couro preta e uma blusa cinza por baixo.

– Tenha mais… cui.. cuidado da próxima! – Disse gaguejando, enquanto observava seu lindo sorriso.

– Eu terei! – Disse ele, energético. – Você aceita uma bebida ou algo do tipo em forma de desculpas?

– Eu acho que sim… – Respondi lembrando que não tinha comido ou bebido nada desde que acordei. – Mas, quem é você ?

Me aproximei dele.

– Eu sou Zero! – Respondeu ele abrindo seu largo sorriso novamente.

– Zero? Como o número zero? – Questionei, confusa.

– Sim. Algum problema ?

– Não. Nenhum. Só que a menos que sua mãe seja um pouco pancada, Zero não é nome comum. – Disse, indelicada.

Ele inchou as bochechas de ar e balançou os ombros.

– Eu não tenho Mãe... Me segue? – Perguntou ele enquanto ia em direção ao bar que ficava a uns três metros da gente.

Respirei fundo e sentei em uma cadeira do bar, que ficava à frente do balcão.

– Bem… eu também não tenho. Não mais… – Disse com a voz embargada.

– O que aconteceu? – Perguntou ele passando a mão no queixo e se sentando ao meu lado.

– Eles morreram ontem… – Sussurrei sentindo um aperto no coração.

Os Diferentes - O Lado Obscuro  Onde as histórias ganham vida. Descobre agora