Meus pés ardiam como fogo. Eu havia andado pela cidade o dia todo e sem rumo algum. Minha barriga roncava de fome e eu não tinha nenhum dinheiro.
– Que ideia besta, Lizzy… – Sussurrei para mim mesma.
– Hoje, mais bombas explodiram. Desta vez, as explosões ocorreram no bairro do Brooklin, deixando sete feridos… – Escutei a jornalista dizer em uma pequena TV da banca de jornais.
Isso não podia ser nada bom... Tirei os saltos altos que calçava e pisei no asfalto sujo e quente.
A noite estava calma e iluminada pela lua cheia. Entrei em uma rua e meus olhos lacrimejaram pelos letreiros luminosos das lanchonetes e casas noturnas.
Logo, avistei uma casa noturna chamada ' Lá Noche '. O lugar parecia não ser muito frequentado, já que não haviam seguranças , então resolvi entrar.
Desci as escadas estreitas e escutei o barulho ensurdecedor da música eletrônica.
– AH! – Gritei sentindo que havia pisado em algum vidro quebrado. – E o dia só melhora…
Dobrei o joelho direito para ver o corte e arranquei a lasca de vidro do meio dele. Então, resolvi colocar meus saltos novamente e continuei descendo as escadas de ferro.
O lugar era muito inferior a qualquer casa noturna que eu já havia ido – Sem meus pais saberem, claro – Observei as pessoas tentando encontrar alguém conhecido, mesmo sabendo que não iria encontrar.
Alguém bateu em meu ombro, me jogando de quatro no chão.
– Merda! Você não olha por onde anda, idiota? – Disse aos berros enquanto me levantava e virava para ver o rosto de quem havia me jogado no chão.
– Nossa! Mil desculpas, eu tropecei nessas malditas escadas. – Disse um jovem abrindo um largo sorriso, radiante como o sol.
Ele aparentava ter uns 20 anos, um pouco mais alto que eu, rosto robusto, barba por fazer, cabelos castanho-claros – mais claros que o meu – jogados para trás e um porte atlético. Ele vestia uma calça jeans azul-clara, uma jaqueta de Couro preta e uma blusa cinza por baixo.
– Tenha mais… cui.. cuidado da próxima! – Disse gaguejando, enquanto observava seu lindo sorriso.
– Eu terei! – Disse ele, energético. – Você aceita uma bebida ou algo do tipo em forma de desculpas?
– Eu acho que sim… – Respondi lembrando que não tinha comido ou bebido nada desde que acordei. – Mas, quem é você ?
Me aproximei dele.
– Eu sou Zero! – Respondeu ele abrindo seu largo sorriso novamente.
– Zero? Como o número zero? – Questionei, confusa.
– Sim. Algum problema ?
– Não. Nenhum. Só que a menos que sua mãe seja um pouco pancada, Zero não é nome comum. – Disse, indelicada.
Ele inchou as bochechas de ar e balançou os ombros.
– Eu não tenho Mãe... Me segue? – Perguntou ele enquanto ia em direção ao bar que ficava a uns três metros da gente.
Respirei fundo e sentei em uma cadeira do bar, que ficava à frente do balcão.
– Bem… eu também não tenho. Não mais… – Disse com a voz embargada.
– O que aconteceu? – Perguntou ele passando a mão no queixo e se sentando ao meu lado.
– Eles morreram ontem… – Sussurrei sentindo um aperto no coração.
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Os Diferentes - O Lado Obscuro
Ficção científicaO que você faria, se descobrisse que tudo o que você viveu, sentiu e sonhou era uma mentira? Lizzy Maguin é a típica garota popular, porém, ela e seus amigos, Pedro, Sky e Emma guardam um perigoso segredo. Eles são "Diferentes", nome dado às pess...