Capítulo Três

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A chuva atingia em meus olhos, embasando minha visão, mas eu continuava correndo. Eu corria como nunca havia corrido na vida, talvez, porque nunca tivesse tido um bom motivo para isto.

De repente me encontrei no chão, sem forças.

– Droga! – gritei enquanto me levantava. – Porque eu não pedi para Sky me trazer?

Quando me dei conta, estava em frente à minha casa. A porta estava aberta e as luzes apagadas. Parecia um episódio de uma série de terror.

Eu nunca gostei de terror...

– Papai ? Mamãe ? – Gritei entrando na casa.

Eu estava tremendo e com a boca seca. Eu tentava imaginar o que estava acontecendo ali, mas não conseguia. Será que eles haviam sido sequestrados?

Essa pergunta ecoava em minha mente...

Encontrei um dos sapatos caros de mamãe perto da escada e uma garrafa de vinho quebrada perto do sofá.

Ouvi passos no andar de cima e meu coração acelerou como um carro de Fórmula Um na largada.

– Tem alguém aqui? – Gritei com medo da resposta.

   Um trovão roçou os céus me assustando.

– Maldição! – Sussurrei subindo as escadas.

Um vulto passou por trás de mim e saiu pela porta em um piscar de olhos.

– Que merda! Será um mutante? – Sussurrei olhando a porta balançando.

Cada degrau, meu coração apertava mais e mais, como se quando eu chegasse ao último, ele fosse parar.

– Quem está aqui? Eu… Eu já chamei a polícia, ok? – Gritei enquanto chegava ao último degrau e observava o escuro corredor.

Continuei andando em passos leves até chegar à porta do quarto dos meus pais e em um impulso abri-a.

NÃO! – Gritei vendo meus pais caídos no chão e com diversos ferimentos pelo corpo. – Vocês... Vocês não podem... Me deixar sozinha...

Naquele momento eu só conseguia ficar ali parada, observando a cena e esperando o momento que eu fosse acordar.

Eu não conseguia acreditar que eles estavam mortos e eu não pude passar mais tempo com eles ao invés de fazer compras ou ir ao cabeleireiro. Aquilo tudo parecia tão fútil e ignorante agora diante daquilo... Era uma dor que eu nunca havia sentido antes, parecia que meu coração iria explodir. Explodir como uma bomba nuclear.

– Não chore, criança. – Disse uma voz grossa e sinistra que me arrepiou por inteira. Era a mesma voz do telefonema.

Olhei para o lado e vi um homem de preto cobrindo o rosto com um capuz. A falta de luz no corredor impossibilitou ver qualquer traço de seu rosto.

– Quem é você? Porque fez isso com eles? O que eles te fizeram? – Perguntei atropelando as palavras enquanto limpava as lágrimas.

– São muitas perguntas, minha cara… Tudo será revelado em breve. – Respondeu ele passando as mãos em um quadro de família do natal passado.

– O que será revelado em breve? Me responda, seu monstro!  

– Monstros são apenas pessoas, Lizzy.

– Como sabe meu nome? Eu posso acabar com você, sabia? – Disse estendendo minhas mãos trêmulas na direção dele.

– Ah, pode? Eu acho que não. – Respondeu ele entre gargalhadas.

Os Diferentes - O Lado Obscuro  Where stories live. Discover now