Capítulo 11

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– Espere um pouco, você acabou de dizer que ele te levou a um baile da Temporada?!

– Não esqueça da parte que ele quase nos mata, Susan. – Resmungo. – E que foi um acordo ridículo e egoísta da parte dele. E das idiotices que ele disse...

Ela baixa os olhos, parecendo quase que arrependida. Susan já me disse que se sentiu muito atraída a Adam quando o viu pela primeira vez, não a culpo por isso, até porque ele é inegavelmente bonito, mas ela está lentamente mudando sua opinião conforme o que eu conto das minhas experiências naquela casa.

– Você disse que ele queria uma segunda chance... – Jake começa.

– Mais fácil um raio cair na minha cabeça agora mesmo. – Interrompo. – Eu não queria ter ódio dele, mas parece que o maldito se esforça para eu querer dar um tiro nele.

– Belle, dentre nós você é a mais racional, tem certeza que não dar a ele é a coisa certa a fazer?

– Não é a primeira vez que é estúpido comigo. Cansei disso, Jake. 

– Você quem sabe. – Reponde.

Ele pode não ter dito em voz alta, mas eu sei que está me repreendendo. Jake sofreu muito quando se descobriu bissexual, principalmente com os seus pais, mas deu a eles uma segunda chance e hoje em dia, o laço entre eles é ainda mais forte. Na época, comemoramos juntos, agora, quero revirar os olhos.

– Não venha me julgar, você não estava lá para ouvir o que ouvi! – Disparo. 

– Eu não disse nada. Belle, se acalma.

– Eu te conheço. – Bufo.

– Belle, você não é assim. Não pode mudar quem você é por causa dele. – Ele toma minhas mãos nas suas.

Solto um longo suspiro, sei o que está fazendo. É a maneira dele de dizer "me escute ou vai dar tudo errado na sua vida". O pior é que ele quase nunca erra. Às vezes, dá até ódio.

– Você está certo, Jake, mas o que eu realmente não posso fazer é esquecer. Se ele quiser brigar comigo mais uma vez, que esteja preparado para uma guerra.

Meu tom resignado foi substituído por um determinado. Mas essa é a verdade, não posso deixá-lo me magoar mais uma vez. Nem vou.

Quase como se o fato de estarmos falando sobre ele tivesse o invocado, Adam entrou no restaurante. Senti toda a cor do meu rosto se esvair, a minha boca se escancarar e meus olhos se arregalarem. Susan também o viu, sua reação foi exatamente a mesma que a minha, Jake olhou por cima do ombro e, apesar do que ele me disse antes, vejo-o cerrar os punhos e trincar os dentes.

Nossa mesa fica bem ao lado do banheiro, Adam, com certeza, ainda não nos viu porque a entrada fica do outro lado do lugar. Sem pensar muito, levantei e corri até o banheiro. Entrei numa cabine e me tranquei lá.

Espero pelo que parece uma eternidade, batendo os pés no chão e estalando os dedos. Comecei a cantarolar algumas músicas até ouvir o som de uma descarga e ficar quieta, morrendo de vergonha. Suspiro, procuro o celular nos bolsos da minha calça, mas não está aqui. Droga! Devo ter deixado em cima da mesa. Que inferno! Queria mandar uma mensagem a eles para saber se o desgraçado já foi embora, mas, pelo visto, terei que descobrir sozinha ou mofar neste banheiro.

Abro a porta da cabine, relutante, sabendo que vou me arrepender no momento em que pisar fora daqui.

E, como se o destino quisesse pregar uma peça comigo, foi o que aconteceu.

Adam está me esperando logo na porta do banheiro. Não sorri, não está sério, não está furioso. Parece quase cauteloso. Crispo os olhos, perguntando silenciosamente o que ele queria.

Sombras da Luz (Pausada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora