CAPÍTULO 6 | QUE PORRA É ESSA?

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"Tô precisando mais disso. Viver sem compromisso. Fazer mais dinheiro pra sustentar o meu vício."
Hungria Hip Hop (Provavelmente).

Ela me olha bem e acho que se lembra quem eu sou, porque a menina fica branca.

- Hein? Ao menos sabe quem eu sou?

- Sei. - diz abaixando a cabeça.

- Porque tu tá querendo bater nele?

- Nada. - aperto mais o braço dela forçando minha unha a entrar na pele. - Ai!

- Quero saber, se não dizer. - fito minhas unhas desinteressada em olhar para a cara dela. - Se não falar fia, te mando pro microondas, tenho mais o que fazer.

- Me manda..mandaram.

- Quem? Agora me interessei.

- E.ele.

- Ele quem? - puxo o cabelo dela que entra em desespero. - Uai, cadê tua coragem? Não tava se achando indo pra cima do Menor? Cadê a valentona?

- Não vale a pena. - Fany cochicha perto do meu ouvido. - Ela é do asfalto. Lembra da Malu? - assinto. - Parente dela.

- Isso tem algo a ver com a Malu? - pergunto pra garota.

- Desculpa, me deixa ir embora patroa, juro que não volto mais aqui.

- Ah. - gargalho alto. - Tu acha que é fácil assim. Vem aqui, ameaça alguém e vai embora sem nenhum arranhão sequer?

- E.eu sei que não. - começa a chorar. - Eu quero minha mãe.

As pessoas que estão ao redor começam a rir alto dela.
No mesmo instante que olho para o outo lado da rua vejo meu pai.
Ele me observa, mas de um jeito diferente. Parece querer conversar comigo, ele diz: "- Sua mãe".

Fico sem entender, mas me viro para a menina, sem paciência a jogo no chão.

- Mandem ela pro microondas, já colo lá.

Caminho até meu pai juntamente com as meninas.

- Pititinha. - diz sorrindo e reviro os olhos.

- O quê?

- Preciso conversar contigo.

Olho para as meninas que entendem, saem todas rumo ao microondas enquanto sigo meu pai até a salinha.

- Que tem minha mãe?

- Ela quer conversar com nóis um assunto sério, disse que é pra ontem.

- Não podia ser mais tarde?

- Não, mas antes quero te contar umas paradas.

- Fala então.

- Eu tô. - coça a cabeça. - Tô sendo ameaçado.

- Desde quando? - respiro fundo.

- A alguns meses.

- Por quem?

- Não sei. - analiso as feições dele que parece esconder algo.

- Tem mais algo para me contar? - arqueio a sobrancelha.

- Eu não ligava pra essas ameaças, afinal se quer peitar chega e bate de frente, e não fica mandando ameaça e o caralho a quatro. - respira fundo sem me olhar nos olhos. - Só que começou a falar de ti e da Maya, não aceito mexer com vocês.

- Relaxa pai, não vai acontecer nada. Eu não vou deixar.

- Pode pá.

- Mais tarde nóis marca uma reunião com todos, se a pessoa for daqui eu descubro nem que tenha que ir de casa em casa fuçar tudo. - me levanto. - Bora ir vê o que a véia quer?

- Não chama ela assim. - força um sorriso. - Uma véia gostosona.

- Me poupe! - reviro os olhos. - Tem noção do que ela quer?

- Não.

Caminhamos até em casa até meu radinho apitar.

Radinho On: (📲)

- Amigaaaaa!

- De quem é esse radinho, Fany?

- De um dos seus pau mandado, é óbvio. - diz sarcástica.

- Vai se ferrar baranga. - dou de ombros. - O que cêis querem?

- Sabe a menina?

- Que tem?

- Nóis tá descobrindo altas coisas dela. - gargalha bem alto.

- Nossa, tá me atormentando pra isso?

- Calma fia, esse estresse todo é falta de sexo?

- Vou te ignorar Nathália, solta o verbo Stefani. - digo impaciente.

- Deixa eu me divertir com essa garota? - pelo tom, podem imaginar o que quis dizer, né?

- Pode, mas não mata ainda, tenho algumas urgências, mas assim que resolver colo aí.

Fany: - Tá bom amiga.

Radinho Off: (📲)

Chegamos em casa e minha mãe já nos esperava na sala.
Ela tá andando de um lado para o outro e seu olhar não tem aquele brilho que só ela tem.

- Meu amor. - eles se abraçam enquanto eu deito no sofá esperando o grude deles acabar.

- Quando acabarem lembrem que estou aqui. - minha mãe me fuzila com o olhar.

Eles se entreolham e sentam-se no outro sofá.

- Então?

- Eu não sei como dizer.

- Tenta pelo início. - digo algo meio óbvio.

- Fica calada. - ele briga comigo.

- Então... - visivelmente nervosa pega um envelope e o abre.

- É sobre o quê?

- Vou começar. - seu olhar se distancia e começa a contar. - Antes de eu me envolver com o seu pai eu curtia muito a vida, mas antes de começar toda essa curtição eu tive um relacionamento sério com um idiota. - revira os olhos. - Morávamos juntos até ele viajar e eu descobrir que estava grávida, assim que ele voltou não aceitou e sumiu. Apareceu novamente no dia do nascimento da nossa criança, tive um parto difícil e o bebê que...
- ela se desespera e começa a chorar.

- O QUÊ?

Ele a abraça e começam a cochichar, minha mãe me entrega um papel que estava no envelope e leio rapidamente.

Certidão de Nascimento

CERTIFICO que revendo em meu cartório o Livro A n¤ 98 do mesmo, ás fls.204 sob n¤ 63.667 consta o de: MARCOS THIAGO FERRAZ GONZÁLEZ, do sexo masculino, nascido nesta cidade aos treze de maio de dois mil e doze (13/05/2012) , às 16h e 30 min. Filho de Bruno Ferraz de Souza e de Maya Alejandra González. Avós paternos: Olívia Ferraz Torres e Kaio José de Souza. Avós maternos: Miguel Forcatto González e Carla Luz González. Registro lavrado em 12/07/2012 foi declarante o pai. Observações: Registro feito de acordo com a Lei 9.534/97. O referido é verdade e dou fé.

Rio de Janeiro, 12 de julho de 2013.

- Que porra é essa?

❤...❤

(PAUSADA) A Quebrada Tá SussuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora