25. A história de um monstro

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Os meus olhos deparam-se com o pequeno livro verde na secretária do Harry; o seu diário. Será que ele tinha escrito mais desde da última vez que tinha visto? Estou tão curiosa em saber. A única coisa que me recordo de ler é dele dizer que matou a sua mãe. Mas como? Como é que um filho consegue matar a sua própria mãe?

Será que devia perguntar? Não sei... Mesmo assim, decidi tomar o risco.

"Harry, posso te perguntar uma coisa... pessoal? Mas eu sei que provavelmente não vais querer responder." Pergunto, enquanto olho para ele. Ele acena com a cabeça.

"Qualquer coisa, amor. Podes me perguntar qualquer coisa e eu responderei com sinceridade."

"Bem, tu – tu disseste-me há algum tempo que a tua mãe tinha morrido porque ela era muito fraca e que algo lhe tinha acontecido..." Digo e noto os seus olhos a começarem a ficar nervosos e cautelosos, mesmo assim ele assente e eu continuo. "Harry... Eu – eu quero saber o que é que lhe aconteceu. Como é que ela morreu. Quero saber a verdade."

Digo, mesmo sabendo que foi o Harry que a matou, preciso de ter certezas. Quero ouvir as palavras a saírem da sua boca. Só quero que ele seja honesto comigo e que não tenha nenhuns segredos. Ele abriu a boca e eu pensei que ele fosse dizer o porquê e como tinha morto a sua mãe, mas as suas próximas palavras supreenderam-me.

"Eu acho que já sabes." Ele diz, deixando de manter o contacto visual. Eu franzo as sobrancelhas.

"Como–" Começo, mas fecho a boca imediatamente quando me apercebo do que é que ele está a falar. Ele viu-me. Não pode ser. É impossível. Olho para ele com os olhos arregalados e a sua expressão facial é uma severa e dominante.

"Sim, minha querida, eu vi tudo. Eu tenho visto tudo a partir do momento em que entraste neste castelo. Não me tentes enganar porque eu sei mais do que aquilo que tu julgas. Agora diz-me, linda, foi bom ler aquilo?" Ele desafia e eu calo-me.

Não estava nada à espera disto. Se ele me viu a ler o diário no primeiro dia a que aqui cheguei, o que é que ele deve ter visto mais? Eu a tomar banho? Só o pensamento arrepia-me. Não consigo pensar em tal coisa. O Harry ignora o meu silêncio e continua.

"Foi no ano de 1470. Eu tinha 15 anos na altura, era jovem e ingênuo, não fazia ideia de todas as coisas no mundo. O meu pai tinha 267 anos, era um vampiro e a minha mãe tinha 35 anos e era uma humana." Ele diz e sorri. "Ela era muito boa para mim. Sempre preocupada connosco. Ela não mereceu a maneira como morreu." Consigo sentir o seu aperto a tornar-se mais forte e eu coloco a minha mão no seu peito, acariciando.

"Harry, se dói demasiado, não me contes... quer dizer, podes contar-me noutra altura quando estiveres preparado..." Eu começo por dizer, mas ele interrompe-me.

"Não! Eu quero que saibas tudo. Quero que saibas o tipo de monstro que sou."

"Por favor, Harry, não digas uma coisa dessas! Tu és muito melhor do que um monstro." Digo-lhe e ele agarra numa das minhas mãos, beijando-a, voltando a dizer-me o quanto ele me ama.

"Houve uma vez em que eu já não me alimentava há dias, quase semanas, nem eu nem o meu pai. Ele disse que já não haavia sangue na área, todos os animais foram-se. Eles fugiram, sabendo que haviam dois vampiros perigosos por perto. O meu pai recusava-se a alimentar-se de humanos, ele dizia que era uma desgraça alguma vez fazer isso... ele dizia que tínhamos de continuar à procura de algo. Não havia nem uma única gota de sangue por perto... eu fiquei louco, Rose. Ainda era muito novo e não me conseguia controlar muito bem. A minha mãe estava sempre ali e cheirava tão bem... estava tão esfomeado, eu precisava de sangue! De comer! Eu– eu..." A voz dele quebra no fim e eu beijo-lhe a bochecha. Por favor não chores.

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⏰ Last updated: Nov 03, 2016 ⏰

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The Beast (Tradução PT)Where stories live. Discover now