Os meus olhos deparam-se com o pequeno livro verde na secretária do Harry; o seu diário. Será que ele tinha escrito mais desde da última vez que tinha visto? Estou tão curiosa em saber. A única coisa que me recordo de ler é dele dizer que matou a sua mãe. Mas como? Como é que um filho consegue matar a sua própria mãe?
Será que devia perguntar? Não sei... Mesmo assim, decidi tomar o risco.
"Harry, posso te perguntar uma coisa... pessoal? Mas eu sei que provavelmente não vais querer responder." Pergunto, enquanto olho para ele. Ele acena com a cabeça.
"Qualquer coisa, amor. Podes me perguntar qualquer coisa e eu responderei com sinceridade."
"Bem, tu – tu disseste-me há algum tempo que a tua mãe tinha morrido porque ela era muito fraca e que algo lhe tinha acontecido..." Digo e noto os seus olhos a começarem a ficar nervosos e cautelosos, mesmo assim ele assente e eu continuo. "Harry... Eu – eu quero saber o que é que lhe aconteceu. Como é que ela morreu. Quero saber a verdade."
Digo, mesmo sabendo que foi o Harry que a matou, preciso de ter certezas. Quero ouvir as palavras a saírem da sua boca. Só quero que ele seja honesto comigo e que não tenha nenhuns segredos. Ele abriu a boca e eu pensei que ele fosse dizer o porquê e como tinha morto a sua mãe, mas as suas próximas palavras supreenderam-me.
"Eu acho que já sabes." Ele diz, deixando de manter o contacto visual. Eu franzo as sobrancelhas.
"Como–" Começo, mas fecho a boca imediatamente quando me apercebo do que é que ele está a falar. Ele viu-me. Não pode ser. É impossível. Olho para ele com os olhos arregalados e a sua expressão facial é uma severa e dominante.
"Sim, minha querida, eu vi tudo. Eu tenho visto tudo a partir do momento em que entraste neste castelo. Não me tentes enganar porque eu sei mais do que aquilo que tu julgas. Agora diz-me, linda, foi bom ler aquilo?" Ele desafia e eu calo-me.
Não estava nada à espera disto. Se ele me viu a ler o diário no primeiro dia a que aqui cheguei, o que é que ele deve ter visto mais? Eu a tomar banho? Só o pensamento arrepia-me. Não consigo pensar em tal coisa. O Harry ignora o meu silêncio e continua.
"Foi no ano de 1470. Eu tinha 15 anos na altura, era jovem e ingênuo, não fazia ideia de todas as coisas no mundo. O meu pai tinha 267 anos, era um vampiro e a minha mãe tinha 35 anos e era uma humana." Ele diz e sorri. "Ela era muito boa para mim. Sempre preocupada connosco. Ela não mereceu a maneira como morreu." Consigo sentir o seu aperto a tornar-se mais forte e eu coloco a minha mão no seu peito, acariciando.
"Harry, se dói demasiado, não me contes... quer dizer, podes contar-me noutra altura quando estiveres preparado..." Eu começo por dizer, mas ele interrompe-me.
"Não! Eu quero que saibas tudo. Quero que saibas o tipo de monstro que sou."
"Por favor, Harry, não digas uma coisa dessas! Tu és muito melhor do que um monstro." Digo-lhe e ele agarra numa das minhas mãos, beijando-a, voltando a dizer-me o quanto ele me ama.
"Houve uma vez em que eu já não me alimentava há dias, quase semanas, nem eu nem o meu pai. Ele disse que já não haavia sangue na área, todos os animais foram-se. Eles fugiram, sabendo que haviam dois vampiros perigosos por perto. O meu pai recusava-se a alimentar-se de humanos, ele dizia que era uma desgraça alguma vez fazer isso... ele dizia que tínhamos de continuar à procura de algo. Não havia nem uma única gota de sangue por perto... eu fiquei louco, Rose. Ainda era muito novo e não me conseguia controlar muito bem. A minha mãe estava sempre ali e cheirava tão bem... estava tão esfomeado, eu precisava de sangue! De comer! Eu– eu..." A voz dele quebra no fim e eu beijo-lhe a bochecha. Por favor não chores.
YOU ARE READING
The Beast (Tradução PT)
FanfictionA Rose sabia que este mundo estava repleto de mistérios, mistérios ainda por descobrir. Ela sempre sonhou com uma vida normal sem quaisquer preocupações ou culpa. Mas claramente, o destino tinha ideias contrárias. Ao correr para a floresta, ela acab...
25. A história de um monstro
Start from the beginning