»Capítulo Dez«

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Já estou numa sala à espera da mulher capim. Quero dizer, da moça que não me recordo o nome, ou quem sabe, se me falou seu nome. O sr. Camblellir está à vista. Espero-o sentado.

— Bom dia, sr. Mikell.

— Ande, cadê a moça? Tenho mais o que fazer. — Digo, seco.

— Olha, sr. Mikell, por mais que eu trabalhe com a família Mikell há mais de vinte e nove anos e te vi crescendo, vou falar. Eu... eu sei que o que tem passado não é fácil de se superar. Já aconteceu comigo, é muito ruim... — Depois de uma ele pausa continua — se entregue de corpo e alma, tente dar o melhor de si. Sim, eu sei. Não fique assim meu filho.

— Quando estava prestes a dar graças aos deuses por ele ter terminado o discurso, ele continua — Encontrará alguém que te ame muito. — Termina com um sorriso fraco apoiando sua mão em meu ombro.

  Nunca vou amar, nunca mais serei como antes. Nunca mais.

— Acabou? Então primeiro: você virou meu psicólogo? Não! Não é pago para isso. Segundo: não pedi a sua opinião. E terceiro: minha família não o quer mais. Agora você trabalha para mim. Se quiser se demitir vá em frente. Consigo outros em um telefonema. Não, melhor, em um estalar de dedos. Mas bem que não, né!? Te dou aqui muito mais do que merece, pra você chegar até a quantia que te dou, nem pedindo ao diabo você terá. Quer falar alguma coisa sr. Camblellir? Não?

— Não, sr. Mikell.

— Ótimo!

Olho para a grande porta de madeira que está sendo aberta. Fecho os olhos por uns segundos e abro. E vejo um... anjo?

Morena, em seu vestido branco de alça até abaixo do joelhos, com os sapatos de tal plataforma, com seu cabelo preto e olhos... aqueles olhos azuis cor do mar, a cor do céu.

— Olá, bom dia. — Ela me tira dos devaneios. — Sou Hyzabella Férh. Minha colega de quarto, Marcella Kyllp, — entrega o cartão semelhante ao que entreguei a tal moça — me pediu para vir, pois não deu para sair da universidade. — diz ela com sua voz de anjo. — Tem algum problema?

Olho-a e num ímpeto vou direto em sua boca carnuda apenas com o gloss e depois para as profundezas do seu olhar.

— Bom, não posso. As leis não me permitem. — diz o sr. Camblellir.

Foda-se as leis!

— Não, nenhum problema. Sente-se e falaremos sobre o carro.

A reunião acaba. Já está tudo resolvido. Darei um carro novo. Uma Range Rover. Não sei se lamento ou dou graças, pois mais um pouco ali, em seu lado, faria alguma besteira.

Vou direito à garagem pegar meu lindo carro. Acima da velocidade chego em casa em segundos. E não importa. Não consigo tira-la de meus pensamentos.

Não. Não pode ser.

Esse pensamento me assusta.

Não posso amar. Nunca mais

amarei.

VOLTANDO A AMAR¹ [concluído] Where stories live. Discover now