| hope |

2.5K 137 18
                                    

Hope Mikaelson, com seus sete anos, não parecia nada mais do que uma criança comum e adorável.
Conforme crescia, era possível cada vez mais perceber os belos traços que herdara da mãe e o temperamento do pai.
Desceu as escadas mais rápido do que o necessário, levando uma bronca de Freya, que quase foi atropelada pela sobrinha.
"Onde você está indo com toda essa pressa?" a tia quis saber, parando no começo da escada segurando um vaso de flores secas.
"Para a escola!" ela ajeitou a mochila nas costas, sorridente. Assim que pousou os olhos nas rosas mortas, desfez o sorriso.
"Já tomou café da manhã?" Klaus apareceu na sala, beijando o topo da cabeça da filha. Hope assentiu.
"Vamos, estamos atrasados!" Hayley desceu as escadas com pressa "você vem?" ela virou-se para Klaus, que aproximou-se.
"Claro, mas eu dirijo." ele pegou a chave da mão dela, sorrindo.
Hayley rolou os olhos com humor, virando-se para a filha.
"Hope, onde está o seu casaco?"
"Eu não consegui encontrá-lo." a pequenina deu de ombros.
"Oh, eu acho que sei onde está. Vou pegá-lo."
"Tudo bem, não demorem. Espero vocês no carro." Hayley assentiu para Klaus, que se direcionou para sair da casa enquanto Hayley subia novamente as escadas.
"Freya, como é que essa coisa funciona?" Kol gritou por ajuda na cozinha, com uma frigideira soltando fumaça em mãos.
"Kol, você vai queimar a casa inteira!" Freya colocou o vaso no degrau da escada, correndo para a cozinha.
"Eu estava tentando fazer café da manhã para a Davina, ela está vindo para cá!" ele se justificou enquanto Freya desligava todos os botões do fogão.
"Mais uma coisa:" ele fez uma pausa, virando-se para a irmã "você por acaso sabe fazer brownies?"
Freya suspirou.
Os olhos atenciosos de Hope involuntariamente focaram-se no vaso de flores. Secas, murchas e sem a vitalidade de dois dias atrás.
A garota sentiu-se atraída pela natureza morta, não pôde evitar.
Aproximou-se das rosas, tocando-as com a ponta dos dedos.
"Vocês eram mais bonitas quando estavam coloridas. Por que não ficam daquele jeito de novo?" ela jogou as palavras ao vento.
Em uma ação gradativa, uma das  pétalas ganhou a cor vermelha lentamente, fazendo Hope ficar fascinada ao ver aquilo acontecer bem em suas mãos.
A menina moveu os dedos de uma pétala para a outra, sorridente. Viu todas as flores se reerguerem e ganharem cores vibrantes outra vez.
Soltou uma gargalhada, sozinha.
"Encontrei!" ouviu sua mãe anunciar no topo da escada e em um sobressalto se afastou do vaso, olhando para Hayley.
"Obrigada, mamãe." Hope alcançou o casaco, sorrindo amarelo.
"Tudo bem, agora vamos." Hayley retribuiu o sorriso, apressando a filha com um tapinha nas costas.
Freya voltou para a sala correndo para se despedir, mas foi tarde. Viu o vaso de flores, com as rosas vívidas. Arqueou as sobrancelhas, confusa.
"Freya, como é que eu tiro uma mancha de óleo da camisa?" Kol gritou da cozinha, desesperado.
(...)
"Nos vemos mais tarde!" Klaus disse, enquanto Hope descia do carro. Hayley acenou para a filha até ela sumir na multidão de crianças.
"Então.." Klaus começou, ligando o carro novamente "você quer que eu te leve para casa?"
Hayley fez uma careta de tédio, chacoalhando a cabeça.
"Eu não sei." ela deu de ombros, encarando o híbrido "onde você está indo?"
Klaus abriu o sorriso costumeiro no canto dos lábios, desviando os olhos da rua para olhá-la.
"Oh, bem... eu encontrei um vampiro que pode saber onde encontrar o Marcel."
"E se você encontrar ele?" ela quis saber.
"' 'se' não, Hayley. 'Quando.'" ele sorriu maliciosamente, olhos fixos nela.
Hayley curvou o canto da boca com um sorriso malicioso.
"Soa interessante" ela jogou os cabelos para o lado, olhando-o "eu estou dentro."
Klaus sorriu com satisfação, acelerando o carro.
(...)
A nova escola não agradava muito Hope. Apesar disso, ela se dava bem com todos as crianças e professores, tinha notas altas.
O sinal para o recreio tocou. Como de costume, as crianças começavam a pegar seus lanches e sair da sala.
Hope, focada em seu desenho da aula favorita de artes, demorou um pouco mais. Guardou a pintura em baixo da carteira e levantou-se com pressa para pegar seu lanche.
O resultado foi uma colisão com uma colega de classe.
"Oh, me desculpe!" Hope exclamou esticando a mão para ajudar Anna a se levantar.
A menina empurrou a mão de Hope para longe, marrenta.
"Sai de perto de mim, estranha."
Hope franziu o cenho, ofendida.
"Hey, eu me desculpei!" ela insistiu.
"Eu não quero suas desculpas!" Anna passou por ela, esbarrando seus ombros propositalmente.
Hope sentiu seu sangue ferver, cruzou os punhos, com raiva.
"Anna, por que você está demorando?" duas amigas da garotinha apareceram na porta, entrando na sala.
"A esquisita me atrapalhou e.."
A porta da sala de aula fechou-se com uma batida forte. A fechadura girou-se, trancando-a.
Todas as cabeças viraram-se para olhar Hope, que agora tinha os punhos cerrados e um olhar nervoso.
"Eu pedi desculpas!" Hope gritou, e as luzes piscaram. Uma onda de eletricidade percorreu o corpo dela.
Hope esticou os braços, fazendo algumas carteiras serem arremessadas na direção da menina, que gritava de horror com as outras garotas. Anna caiu no chão e começou a chorar.
Como se saísse de um transe, Hope voltou á realidade. Olhos arregalados, um pouco de sangue escorrendo de seu nariz. A porta se abriu, e as meninas correram para fora entre gritos.
Caiu no chão, tremendo de medo e aos prantos. Acabou socorrida por um dos professores.
(...)
"Eu vi o lugar, Freya. Estava uma bagunça. Uma das garotas bateu a cabeça, todos estavam assustados." Klaus conversava com a irmã na sala mal iluminada, enquanto a casa era sufocada pelo silêncio fúnebre. "Eu hipnotizei eles para esquecerem, mas.. Hope está mal."
"O jeito que ela usa a magia dela é totalmente diferente" Freya começou, deixando Klaus confuso "quero dizer, ela não precisa usar palavras mágicas ou seguir feitiços. Ela é forte o bastante para destruir o lugar com a força do pensamento." Klaus engoliu em seco.
"Sempre soubemos que ela seria forte, afinal, nossa mãe foi a bruxa mais poderosa que já existiu." ele teorizou.
"Sim, mas.. nossa mãe era uma bruxa original e portanto, poderosa. Mas o que Hope fez hoje, eu... eu nunca vi antes." 
"O que você acha?" ele quis saber, preocupado.
"Ela é muito nova para lidar com todo esse poder." Freya suspirou.
"Klaus?" Hayley chamou-o do topo da escada "preciso falar com você."
Ele assentiu, levantando-se. Subiu as escadas, encontrando a híbrida andando de um lado para o outro no fim do corredor, com as mãos na cintura.
"Como ela está?" ele perguntou, aproximando-se.
"Aterrorizada." Hayley suspirou pesadamente, procurando conforto nos olhos dele. "Ela dormiu um pouco." ele assentiu.
"Falei com a Freya" os olhos de Hayley imploravam por algo bom "ela nunca viu isso antes, não com a idade da Hope, não com essa magia espontânea."
Hayley passou as mãos pela cabeça, em sinal de desespero. Seus olhos marejaram.
"Hayley." Klaus percebeu o choro e chamou-a, tentando alcançar seu braço.
"Nós estamos fazendo isso errado?" algumas lágrimas rolaram enquanto ela soluçava entre as palavras.
"Não diga isso." ele retornou, sentindo-se angustiado ao vê-la chorar.
"E se nós não soubermos lidar com isso?! E se isto for demais para ela?!" Hayley choramingou, com a respiração entrecortada, gesticulando com as mãos em desespero.
"Hayley, me escuta!" Klaus colocou a mão na nuca dela, lentamente inclinando-se para frente, enquanto ela erguia os olhos para ele.
"Ela é nossa garotinha, Klaus." ela acabou por afundar o rosto na curva do pescoço dele, enquanto o híbrido acolhia o corpo dela em seus braços.
"E ela vai ficar bem." ele reafirmou, enquanto ela arfava, cessando o choro.
Ela afastou-se, enxugando o rosto com as costas da mão, assentindo.
(...)
Klaus abriu a porta do quarto, vendo o abajur ligado, iluminando o rosto cansado da filha.
Hayley entrou logo após ele, sorrindo para a filha.
"Hey." Hope murmurou, enquanto a mãe sentava na beirada de sua cama, afastando uma mecha de seu cabelo para atrás de sua orelha.
Viu o pai permanecer de braços cruzados logo atrás da mãe, observando-a atenciosamente.
"Eu estou encrencada?" ela perguntou, encarando os pais em receio.
Hayley e Klaus entreolharam-se, negando com a cabeça.
"Não, claro que não." Hayley acariciou o rosto da pequenina.
"Nós só queremos saber o que aconteceu hoje." Klaus disse.
Hope suspirou, fitando as próprias mãos por segundos. Depois ergueu os olhos para os pais, antes de começar a falar.
"Anna começou a ser rude comigo." Hope murmurou, puxando o nariz.
"Você está tendo problemas na escola?" Hayley quis saber, preocupada.
"Eu acho que sim. Quero dizer, ela não parece gostar de mim." Hope explicou, cabisbaixa.
"O que aconteceu depois?" Klaus perguntou.
"Eu...não sei." ela fechou os olhos, esforçando-se para lembrar.
Os olhos dela começaram a arder e ela não conteve o choro.
"Eu me senti.. estranha." ela puxou o nariz novamente, choramingando "Eu estava irritada e gritei." flashes do momento percorreram sua memória "E depois tudo ficou escuro, eu não me lembro de muita coisa."
Hayley suspirou pesadamente, abraçando a filha que chorava.
"Eu me senti um monstro." Hope chorava compulsivamente nos braços de Hayley, que sentiu seu coração quebrar-se em mil pedaços.
Olhou para Klaus, devastada. Ele pousou uma mão em seu ombro.
"Venha aqui." Klaus chamou-a, sentando-se ao lado delas. Hope soluçou, encostando a cabeça no peito dele. "Sua mãe e eu vamos te contar uma história." ele lançou um olhar significativo para Hayley, que assentiu.
"Tudo bem." Hope assentiu, ainda  entre os pais.
"Era uma vez, em um reino muito distante, uma princesa." ele começou, sorrindo para Hayley.
"Mas ela não era uma princesa comum como as outras, sabe?" Hayley continuou "essa princesa, tinha poderes mágicos."
"Tipo uma fada?" ela quis saber.
Ambos os híbridos se olharam, confusos.
"Bem.. sim. Tipo uma fada." Hayley afirmou.
"E a magia dela era muito forte. Nunca no Reino foi vista uma magia tão poderosa quanto a dela." Klaus deu continuação.
"E ela sabia que era especial, mas o resto do mundo não." Hayley suspirou. "Então, ela trancou-se em uma torre, com medo de machucar as pessoas com a sua mágica."
Hope escutava atenciosamente.
"Então, em um certo dia, a princesa ouviu que o reino estava em apuros."
"E o que ela fez?" Hope quis saber.
"Ela desceu da torre e tomou coragem para salvar todos. Ela foi muito corajosa, não acha?" Klaus perguntou e ela assentiu.
"Então, graças á magia dela, o reino foi são e salvo." Hayley terminou, sorridente.
Hope sorriu, sendo abraçada pelo pai.
"Obrigada pela história." ela agradeceu, sentindo-se melhor. "Eu quero ouvir mais uma." Hope pediu.
Klaus novamente pôs-se a iniciar outra história, enquanto Hope aninhava-se entre o pai e a mãe.
Eles entenderam que tudo ficaria bem enquanto eles tivessem uns aos outros.
💕

Klaus + Hayley - drabblesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora