12. Cicatrizados

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   Ouvindo o que Dennis tinha para dizer, todos decidiram sentar em pedras e troncos de árvores. Explicar o sonho que teve com os seus amigos em que estavam todos presos em uma redoma de vidro e a recordação de estarem bisbilhotando um computador no laboratório subterrâneo, deixou à todos mais confusos do que esclarecidos, mas Dennis repetia tudo pacientemente.

 — Tá legal, então deixa eu ver se entendi — dizia Pedrinho — você se lembrava do que aconteceu com a gente e só nos contou agora?

 — Na primeira vez, pensei que tudo só era um sonho.

 — Então — falou Alice —, o Janderson prendeu a gente.

 — Porque ele nos flagrou no laboratório do pai dele. — Carolina complementou.

 — E apagou nossas memórias e depois, nos transformou em mutantes? — Anna alisava uma de suas asas — É isso mesmo?

 — Sim — Dennis respondeu —, quer dizer, não... eu não sei... acho que esse não era o plano dele, mas passou a ser.

 — Muito estranho. — Carolina balbuciou — Ouvir isso tudo, parece se encaixar, como a lembrança de um sonho que a gente apenas sabe que teve, mas não consegue se lembrar. E esse tal desenho, seu? Pode explicar melhor isso?

 — Foi um desenho que eu fiz em homenagem à vocês, me inspirei nos cinco animais do Kung Fu. Achei que tinha perdido, mas de alguma forma, Janderson o pegou.

 Alice perguntou:

 — E sobre aquela cabine que vocês nos viu presos, como a gente foi parar lá?

 — Eu não sei, mas acho que não foi o Janderson que nos prendeu lá.

 — E como eu ganhei aquele controle remoto? — Pedrinho perguntou — E por que só o Dennis consegue se lembrar de tudo?

 Dennis, intrigado, passou a mão nos cabelos.

 — Eu não sei...! E eu não me lembro de tudo. Quanto mais eu tento me concentrar nessas lembranças, tudo fica mais confuso.

 — Tudo bem — disse Anna —, se o Dennis consegue lembrar, uma hora ou outra, vamos conseguir também.

 — O que seria ótimo. — Carolina comentou — Queria poder compreender melhor a minha mutação e a sua. Enquanto eu correspondo a água, Anna produz fogo. São habilidades indetectáveis no DNA.

 Alice corrigiu.

  — São habilidades que você não conseguiu encontrar, queridinha.

  — Por que esses "poderes", não vieram do material genético de algum animal. Não existe nada na natureza que possa fazer o que eu e a Anna conseguimos fazer.

 Dennis disse:

  — Carolina, acho que você vai ter que trabalhar em mais quatro dispositivos R.N.Gs.

  — É, eu já tinha pensado nisso. — Carolina sustentou seu queixo com suas mãos.

  — Falando em poderes. — Alice falou — Anna, eu adorei o seu. Você tem asas e é fogo na roupa!

  — Na verdade, as minhas roupas estão intactas, mas obrigada pelo elogio, amiga.

 Pedrinho falou:

  — Anna, mostra pra gente, como é que você faz o fogo?

 Anna ficou de pé e fez o seu punho arder em chamas, transformando sua mão em uma tocha.

  — É incrível, eu o sinto dentro de mim.

 — E não incomoda você? — Perguntou Dennis.

Feras Noturnas e a Chuva Mutante (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora