Capítulo 2

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Estava a chover e Louis estava feliz porque a chuva significava que era dia de ir ao centro de arte. Não pela possibilidade de voltar a encontrar o homem alto de olhos verdes, lábios carnudos e cabelo cacheado e comprido que o fizera perder o foco há umas semanas, não, ele apenas estava feliz por hoje ser o dia perfeito para apreciar os quadros do seu pintor favorito.

Fecha a floricultura e coloca o capuz do blusão para se proteger da chuva e dirige-se para a galeria que ficava a menos de dez minutos dali, mas ele acabava por demorar sempre mais que isso.

Ele adorava a chuva, gostava das cócegas que as pinguinhas que caiam no seu nariz lhe faziam e do cheiro a verde que ficava no ar quando ela cessava, a única coisa que ele dispensava era as pessoas a reclamarem e a irem contra ele com os seus guardas-chuva.

Ao chegar à galeria ele escaneia as paredes com os olhos e senta-se em frente a um quadro que antes não estava ali. Era um jardim colorido com flores de todas as cores e feitios. Isso fez Louis sorrir, "HS" tinha conseguido juntar as suas coisas preferidas numa só, e como sempre tinha feito um excelente trabalho.

Não se dá conta de quanto tempo fica a admirar a pintura, apenas ele, o quadro e a chuva, e só percebe que já está ali sentado há demasiado tempo quando as luzes que iluminam o quadro são apagadas.

- Está na hora de fechar, só os pintores podem ficar aqui até depois da hora - um segurança gordo diz mostrando-se aborrecido.

- Desculpe, eu não-

- Está tudo bem eu conheço-o! - ouve uma voz rouca soar atrás de si fazendo-o ficar estático no lugar por já saber a quem a voz pertencia.

- De certeza Styles? - o segurança pergunta desconfiado.

- Sim, não se preocupe, tenha uma boa noite - responde sorrindo.

Louis não diz nada e fica a ver o homem sair, trancando a porta da galeria atrás de si.

- E-Eu posso ir, não quero estar a atrapalhar - diz ao finalmente ganhar coragem para se virar para o pintor, sendo completamente apanhado desprevenido pelo modo como ele se encontrava.

Tinha o cabelo apanhado num coque, o que mostrava a sua linha do maxilar definida, a sua t-shirt branca e mãos estavam cobertas de tinta de vários tons de azul, o seu braço esquerdo tinha várias tatuagens, as suas calças pretas e justas realçavam as suas coxas e as suas botas davam-lhe um ar requintado.

- Deixou-me semanas à sua espera e já quer ir embora? Faz ideia do quanto é frustrante ficar à espera de alguém que nem sabemos o nome? - pergunta sorrindo de lado e levanta uma sobrancelha.

- Eu costumo vir aqui apenas nos dias de chuva. Cria um bom ambiente para admirar os quadros - justifica-se e encolhe os ombros sem encarar o maior.

- Qual é o seu preferido? - Styles pergunta olhando em volta, passando os olhos por todas as pinturas e esculturas expostas, sempre com as mãos na cintura.

- Este - Louis aponta sem hesitar para o quadro que ficara a admirar a tarde inteira - "HS" é o meu pintor preferido neste local, conhece-o?

O pintor ri e estende a mão.

- Harry Styles, é um prazer - apresenta-se.

Louis fica atónito e é obrigado a rebobinar os últimos segundos.

Harry Styles.

HS.

HS.

Harry Styles.

Engole em seco ao perceber que estivera em frente ao seu pintor preferido todo este tempo.

- Hum... Louis Tomlinson... É um prazer - aperta a mão do outro tentando agir naturalmente e sente um arrepio com o contacto.

- Está com frio?

O menor apenas assente, apesar de o motivo de ele se ter arrepiado fosse outro.

- Venha - Harry puxa o de olhos azuis até ao seu estúdio sem esperar resposta e fecha a porta atrás de si.

Louis imediatamente sente o calor do local e é obrigado a retirar o blusão, o maior deveria ter o ar condicionado ligado, porque se notava realmente uma grande diferença de temperatura.

Os seus olhos azuis percorrem o lugar, completamente fascinados com a quantidade de quadros inacabados encostados ás paredes, assim como alguns que já tinham estado expostos na galeria. Louis dá a volta à sala lentamente na tentativa de captar todos os detalhes enquanto Harry fica a observá-lo encostado à porta com uma expressão pensativa e dois dedos brincando com o seu lábio inferior.

Havia várias estantes repletas de todo e qualquer tipo de material de desenho e uma mesa grande no centro do estúdio com algumas manchas de tinta já secas, encostado a uma das paredes estava um sofá branco, as flores que Harry tinha comprado há algumas semanas estavam no parapeito da janela dispostas em várias jarras, em frente da janela havia um cavalete com um quadro do qual Louis se aproximou para ver de perto, curioso para saber a imagem que todos aqueles tons de azul formavam.

- São os seus olhos - o pintor diz lendo os seus pensamentos e sai do pé da porta aproximando-se dele.

- Eu pensava que era o mar - diz confuso voltando a analisar a pintura.

- Também - Harry encara o menor prendendo os seus olhos nos seus - Os seus olhos lembram-me o mar. Calmos, mas ao mesmo tempo perigosos.

- Perigosos? - pergunta sentindo-se intimidado pela proximidade, mas ao mesmo tempo completamente hipnotizado pelos olhos verdes que o encaravam parecendo determinados em vasculhar a sua alma.

- Capazes de deixar qualquer um desarmado e completamente rendido.

Louis engole em seco ao perceber que Harry não se desvia ao acabar de falar.

- Entendo - diz na tentativa de quebrar a tensão que insistia em pairar sobre eles, mas o maior aproxima-se ainda mais, ficando a menos de dez centímetros de distância do seu corpo.

Louis sente o seu coração bater descompassado, o perfume do maior invade-o novamente, como tinha acontecido na floricultura e lança faíscas pelo seu corpo.

Lentamente, atrevesse a separar os seus olhos dos verdes e desce-os pelo rosto livre de imperfeições até o seu olhar cair nos lábios carnudos do maior vendo-os sussurrar como uma melodia, só para ele, um "deixa-me pintar-te".

Flowers & Ink ❁ l.s.Where stories live. Discover now