Capítulo 3

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As palavras de Harry ficam a pairar no ar durante uns momentos, tensas e necessitadas de resposta.

- Pintar-me? - Louis pergunta extremamente surpreendido, perguntando-se também quando é que as formalidades tinham acabado, mas imaginou que, para pedir tal coisa, tão pessoal e talvez até embaraçosa, fosse preciso livrar-se do politicamente correto e dar lugar ás informalidades de forma a ser permitida a entrada num campo tão privado como aquele.

Harry afasta-se, nitidamente embaraçado com o seu pedido, e vai até à janela pegando numa flor ficando de costas para o menor e limpa a garganta antes de falar.

- Eu fico sempre a observar-te quando vens cá e ficas sentado em frente aos meus quadros esboçando um leve sorriso e ao mesmo tempo franzindo as sobrancelhas - Louis abre ligeiramente a boca, admirado por saber que estivera a ser observado, mas não interrompe - Nunca tive coragem de falar contigo, parecias estar demasiado imerso na pintura, admirando-a como eu nunca vi ninguém fazer, inspirando-me. No dia em que por mero acaso fui à floricultura, finalmente pude ver-te de perto, pude ouvir a tua voz, observar os teus movimentos delicados e ver o brilho nos teus olhos enquanto cuidavas das flores, e quando saí de lá corri para aqui, mais inspirado que nunca. Tentei pintar-te, pois a tua imagem ainda estava fresca na minha memória, mas não saía nada suficientemente bom. Restou-me esperar pela tua visita e perguntar-te isto na esperança que dissesses que sim, que eu te posso pintar, e que não fugisses pensando que eu sou algum tipo de perseguidor.

Harry solta um longo suspiro quando acaba de falar e volta a colocar a flor na jarra, depois vira-se para Louis encostando-se ao parapeito, mas mantendo os olhos presos ao chão.

O menor fica a observar Harry durante uns momentos, não sabia quanto tempo tinha ficado ali, mas a lua já se via e fazia uma luz branca adentrar pela janela e tocar no rosto do maior contornando as suas feições.

Ele estava no estúdio do seu pintor preferido, aquele que pintava os quadros que ele não se importaria de ficar uma vida inteira a admirar, por isso, apesar de Louis não se considerar nenhuma obra de arte, ele entendia o que era ficar fascinado com algo, não iria julgar Harry por fazer o mesmo, ainda que a ideia de ser observado o perturbasse. Harry Styles inspirava-o e saber que ele também inspirava o pintor era um sentimento que Louis não sabia explicar, mas era bom.

Louis nunca fora capaz de ver nada de interessante nele, talvez Harry fosse capaz de mostrar-lhe algo através da pintura, ele sabia que não poderia estar em melhores mãos. 

- Eu acho que pode ser.

Harry levanta a cabeça na sua direção, surpreso pela resposta, e não consegue evitar o sorriso que se forma nos seus lábios e lhe ilumina o rosto.

- Obrigado Lou - o menor fica surpreendido pelo nome, mas não diz nada sobre isso porque quando dá por si os braços de Harry estão a envolve-lo num abraço.

O seu rosto está na curva do pescoço do maior, o seu cheiro misturando-se com o cheiro do champô, os seus peitos estão colados e os batimentos dos seus corações sentem-se por baixo das finas camadas de tecido. Ao finalmente reagir, Louis retribui o gesto e as suas mãos sobem pelas costas musculadas do maior deixando um formigueiro por onde passam. Lentamente, o menor sente o corpo de Harry relaxar por baixo do seu toque e ele permite-se a relaxar também, afundando o rosto na curva do pescoço do maior.

- Eu não sei o que estás a fazer comigo, Louis Tomlinson. Estou rendido - sussurra ao seu ouvido.

Louis sente o seu rosto aquecer e esconde-o ainda mais, tentando não pensar muito no que Harry queria dizer.

O maior ri e separa os seus corpos segurando o outro pelos ombros e com uma mão levanta o seu queixo observando o seu rosto corado.

- É melhor começarmos.

Flowers & Ink ❁ l.s.Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum