ÚLTIMO CAPÍTULO (07) *Apaixonados*

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O sentimento de aflição me invadiu. Eu não queria que ele se machucasse, ou machucasse alguém. Eu estava disposta a aceitá-lo. Ele ainda tinha uma vida pela frente, e eu não podia fazê-lo parar. Parar de sonhar.

Eu procurei por todos os banheiros. Fui a sua casa. Mas eu não o encontrei.
A culpa crescia dentro de mim, eu nunca deveria ter dito meu nome a ele!

Comecei a chorar.
Estava visível para humanos e não me importava quem me visse, estava abalada demais.
Por isso a cada segundo alguém entrava no banheiro e gritava.

A noite chegou e eu ainda estava ali. Chorando.
Então um barulho na porta me fez levantar a cabeça e procurar quem estava entrando.

– Você está aí? – assim que eu escutei sua voz, meu coração bateu desesperado e minha respiração superficial ficou descompassada. Desapareci.

Apesar de dizer que eu podia conviver com a sua história, eu ainda tinha medo. Não estava preparada.

– Por favor! Aparece! Eu sei que você está me ouvindo! – quando ele entrou, eu me assustei. Seus olhos estavam fundos, seu cabelo estava bagunçado e ele estava aparentemente acabado.

– O que aconteceu com você? – eu apareci tremendo, não podia deixá-lo nesse estado.

– Comigo? Eu tive um surto! Sabia? – concordei com a cabeça. Eu estava afastada dele. – Me desculpa por ter te assustado! Eu não queria! No começo eu nem liguei, sabe? Era normal isso acontecer com qualquer pessoa, morta ou viva! – ele riu sozinho da própria piada. – Mas então eu comecei a sentir saudade, comecei a pensar em você toda noite. Eu percebi que nunca tinha contado a minha história pra alguém, era difícil, e eu consegui contar, para Ellen fantasma! Você pode me achar maluco, mas eu acho que eu me apaixonei por uma morta!

Eu comecei a chorar e rir ao mesmo tempo. Pronunciei um baixo: "Eu também, mas por um vivo."

Ele começou a sorrir também e aquilo me fez tremer, de emoção. Ele estava sorrindo e isso me deixava eletrizada, nas alturas.
Mas então seu sorriso desmanchou.

– Então eu descobri que eu iria morrer... – isso me deixou confusa e eu comecei a me aproximar, incrédula. – Estava fazendo meus exames, rotineiro. Então o médico chegou do nada e disse que eu ia morrer. Eu não me lembro, eu acho que tem alguma coisa haver com os surtos, eu só pensava em você. Então eu vim aqui, te ver, antes que aconteça.

Eu não conseguia chorar mais.
Levei minha mão ao seu rosto e a pousei do seu lado. Senti sua pele áspera de adolescente e sorri.

– Eu te amo! – seus olhos castanhos se encheram de lágrimas enquanto pronunciava essas palavras.

– Eu te amo Natan! – eu respondi rindo de felicidade.

Eu me juntei a ele num abraço em que só eu sentia. E como sentia!
Me coração batia junto ao dele, enquanto a nossa respiração estava calma e tranquila.
Para mim aquilo estava sendo como escutar música, faz você se desligar do resto e dançar.
Meu coração estava dançando, era o nosso momento musical.

Foi aí que eu senti que seu coração havia parado de bater. Sua respiração não podia mais ser ouvida. Me desesperei e olhei para seus olhos fechados, e foi quando seu corpo escorregou de meus braços e caiu. Tentei segurar seu corpo, mas eu não podia, era impossível.

Seu corpo caiu no chão de uma forma violenta, eu me assustei.
Me ajoelhei do lado de seu corpo e deitei minha cabeça no seu peito. Sem choro, apenas eu... E ele.

– Será que agora eu consigo te abraçar? – me virei assustada e uma figura de um menino magricela, de cabelos e olhos castanhos escuros como a noite, estava sorrindo para mim. Meio apagado, como um fantasma, mas estava.

E foi assim que aconteceu. Foi quando eu corri e o abracei, foi quando eu olhei em seus olhos, foi quando nossos lábios se encontraram.

Foi assim que aconteceu. Não foi numa praça, não foi à luz da lua, não foi em um restaurante romântico. Foi em um banheiro, mas foi mágico. Estávamos vivos e era isso que importava!


°.°.°

699 palavras

A Loira do Banheiro Tem Medo de GarotosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora