Capítulo 31

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(Scott)

Eu havia chegado adiantado. De acordo com o relógio do painel do carro, eu estava adiantado meia hora. Quando parei meu carro na rua em frente ao bar, passei meus olhos pelas mesas lotadas e pelas mesas de sinucas repletas de universitários bêbados. Aquele era um lugar que Aaron iria se destacar, não teria como ele passar despercebido. Enquanto 99% dos frequentadores do bar do Gus eram universitários com não mais que 25 anos, um homem com o perfil mais clássico de Aaron não seria fácil de misturar.

O bar havia sido uma boa escolha, havia mesas ao ar livre, onde poderíamos ficar a vista dos Metamorfos e seria mais fácil para eles ouvirem a conversa. O cheiro de bebida e fumaça confundiria o olfato de Aaron a ponto de que ficaria um pouco mais difícil para ele sentir o cheiro dos outros Metamorfos próximos.

Eu estava sentado no carro, pensando em como eu deveria conduzir a conversa para que Aaron saísse comigo e me seguisse até um beco atrás do bar. Um beco escuro, sem câmeras e sem saída, onde ele iria ser encurralado e Candy poderia ter a sua vingança. Eu não era nem um pouco a favor dessa vingança, eu acreditava que aquilo só faria mal para Candy e mataria algo dentro dela que sempre havia sido uma das suas mais marcantes características: sua inocência.

Por mais que Candy soubesse se defender, pudesse se livrar de qualquer assaltante ou agressor com facilidade, ela nunca havia sido violenta sem motivo, ela nunca havia machucado alguém de modo que aquilo pudesse acabar com a vida de alguém. Candy era boa demais para isso.

Porém, agora existia uma parte dela que queria sangue, uma parte tanto animal quanto racional. Ela queria vingança, ela queria que o homem que matou seus pais tivesse o mesmo destino que eles. Eu podia não ser a favor, mas eu conseguia entender seus motivos. Eu só esperava que o fato de estar próximo dela, fizesse com que ela entendesse que por mais que ela tivesse sua vingança, por mais que ela matasse um homem, ela ainda seria a mesma Candy que cuidou de mim quando peguei virose aos 17 anos, a mesma Candy que dormia no carro e não acordava mais, a mesma que ria e se divertia apenas por estar rodeada dos amigos.

Quando a porta do passageiro do carro se abriu lentamente, eu levei um susto que tive a impressão de que meu coração iria sair pela boca. Candy entrou no carro usando um casaco de pelos pretos e com um rabo de cavalo, ela era uma adolescente normal, vestida para sair com os amigos.

- Nervoso? - perguntou fechando a porta.

- Não.

- Eu consigo ouvir seu coração. - disse sorrindo. Ela sabia que eu estava nervoso.

- Tudo bem. Um pouco. Não é todo dia que se encontra com o mandante da sua tortura para conversar sobre sua melhor amiga.

- Se quiser desistir, ainda dá tempo. - ofereceu se inclinando na minha direção.

- Não, vamos terminar com isso logo. - falei pegando sua mão que havia se apoiado na minha coxa.

- Obrigada. - falou se inclinando mais e tocando minha bochecha com os lábios. - Eu não sei o que seria de mim sem você.

- Provavelmente, você seria um pouco menos feliz. - falei e recebi um sorriso carinhoso como resposta.

- Com certeza seria infeliz. - concordou e jogou seus braços em torno do meu pescoço. - Tome cuidado, por favor.

- Não se preocupe. - falei tocando seus cabelos e abraçando-a de volta.

- Você sabe que isso é impossível. - respondeu beijando minha bochecha novamente e se afastando. - Vou ficar no carro de Randall a uma esquina de distância, qualquer sinal de ameaça e eu vou atrás de você.

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