Capítulo 4

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Por algum motivo, eu abri meus olhos no meio da madrugada apenas para encontrar o quarto vazio. Olhei para a porta do banheiro a procura de Candy, mas tudo estava apagado lá dentro. Rolei na cama pensando que ela tinha acordado e ido para casa como fazia algumas vezes. Eu estava prestes a fechar meus olhos de novo quando vi um par de botas pretas jogadas sobre o tapete. Não havia como ela ir para casa sem as botas.

Sentei na cama olhando para os lados a procura dela. Sua touca ainda estava pendurada na minha cadeira onde eu havia deixado e a janela do meu quarto estava semiaberta de uma forma que eu não havia deixado. Saí da cama me arrastando até a janela apenas para ver que havia neve e escuridão do lado de fora. Candy não podia estar lá à essa hora.

Fechei a janela e saí do quarto. Talvez ela estivesse na cozinha, não seria a primeira vez que ela ia comer de madrugada. Segui em direção à cozinha e ela estava em completo breu. Candy não estava ali. Senti um frio percorrer minha espinha e voltei para o quarto. Peguei meu celular do bolso da calça jeans e disquei o número dela. O telefone chamou, chamou e chamou, mas ninguém atendeu.

- Merda, Candy.

Vesti minha calça jeans e peguei um casaco enquanto descia a escadas em um pé só calçando um par dos coturnos. Onde ela havia se enfiado? Saí para a garagem e por um instante pensei em pegar o carro e ir procurá-la pela cidade, mas decidi que procurar pelo jardim e o pequeno bosque que havia atrás das nossas casas primeiro, era mais sensato que sair igual a um desesperado pela cidade. Liguei a lanterna do celular e direcionei a luz para o chão. Se havia alguma pegada ali, a neve havia coberto tudo. Continuei seguindo para as árvores atrás das nossas casas e rezando para que ela estivesse lá. Candy conhecia aquela área tão bem quanto um cachorro poderia saber o caminho de casa, se ela estivesse lá, ela estaria bem.

Segui para dentro do bosque e senti alguns flocos de neve começando a cair no meu cabelo e no meu rosto. Direcionei a luz da lanterna para cima a procura de Candy e girei em um círculo. Não parecia haver nada ali além das árvores costumeiras.

- Candy! – gritei andando mais para dentro do bosque.

Ninguém me respondeu. Disquei outra vez o número do seu telefone e ninguém atendeu novamente. Andei mais um pouco entre as árvores, mas não parecia que alguém havia passado por ali. Comecei a sentir o desespero tomar conta de mim e voltei para casa. Eu iria procurar pela cidade.

Comecei dando voltas no quarteirão à procura dela, mas quando percebi que ela não poderia estar ali, comecei a me afastar do nosso bairro. Eu continuava ligando sem parar para o seu celular, uma hora ela teria que atender. Eu perdi a noção de quantas vezes havia ligado e de quanto tempo eu estava dirigindo. Eu só conseguia saber que o dia parecia estar amanhecendo e que o pânico estava tomando conta de mim. Liguei mais uma vez para o celular dela, já perdendo todas as esperanças, quando ela atendeu.

- Scott? – a voz dela estava baixa e rouca, como se algo arranhasse sua garganta.

- Por Deus, Candy, onde você está? – gritei para o aparelho no meu colo e continuei dirigindo sem rumo.

- Eu não sei. – a voz dela tinha um som tão calmo e baixo que isso me assustou.

- Como assim "eu não sei"? Onde você está, Candy? – gritei novamente para o vazio da picape.

- Eu não sei. – um soluço pareceu escapar pelos seus lábios e senti um aperto contra o meu peito.

- Estou indo buscar você, Candy. Você está bem?

- Eu não sei.

- Você não consegue me responder nada além de "eu não sei" ?! – me irritei.

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