The Britishs

Cap. 14 The Pretender.

                  

Alex poderia dizer que sentiu aquilo assim que chegou em Londres, mas estaria mentindo. Todo o tempo que ela passava com Phillip era cheio de risadas e beijos trocados. Sentiu a sua realidade pesando sobre os ombros quando entrou na residência dos Lancaster. Estava se sentindo tão livre naquele final de semana, mas foi só adentrar aquela residência escura e imponente que sentiu os grilhões voltando aos seus pés. Não queria mais ser aquela garota com medo, vivendo na sombra dos sonhos dos outros, não queria carregar o fardo do pai, queria viver a própria vida. Não seria fácil encarar o Duque, mas ela faria mesmo assim. Agora conhecia a liberdade e lutaria por ela com unhas e dentes.

Percorreu os corredores cobertos pela antiga tapeçaria com o brasão Lancaster, sentindo a claustrofobia rastejar dentro dela tentando tomar conta de seu ser, se lembrou da infância solitária, das noites chorando pela ausência da mãe sozinha em um quarto, das semanas sem nem ver a sombra do pai pela casa. Entrou em seu quarto, adornado com papel de parede branco e pequenas flores azuis, a cama de madeira com dossel, a estante de livros, tudo impecavelmente organizado. Assim com sua vida era, completamente planejada.

Ela não conhecia mais aquela garota, não queria mais aquela vida organizada e cronometrada. Queria uma explosão de cores, queria descobrir o mundo, queria suas possibilidades.

- Minha querida. – Disse Dorotheia, aparecendo na porta. Alex fez um sinal para que ela entrasse no quarto, e a governanta entrou. – Ficará para almoçar?

- Ficarei sim.

- Aproveitou o final de semana? – Perguntou Dorotheia com um sorriso escondido que Alex detectaria a quilômetros de distância. Com certeza ela havia lido os jornais e já sabia das notícias. E se ela sabia, Balthazar também sabia.

- Foi muito agradável. – Respondeu a Lancaster, arqueando uma sobrancelha. – Como você já deve saber.

- Sim, e fico tão feliz que a minha menina está amando, não sabe como sonhei com esse dia. – Confessou Dorotheia, esquecendo das regras de etiqueta e envolvendo Alex em um abraço carinhoso e apertado. Dorotheia lhe deu tanto amor, aquele amor de mãe, sem exigir nada de volta, que sempre a deixava emocionada. Alex não conseguia se importar com a etiqueta enquanto retribuía aquele abraço tão precioso. Dorotheia a afastou segurando o rosto da jovem. – Você parece brilhar, como eu nunca vi antes.

Alex sorriu, mas suspirou logo em seguida. – Obrigada. Mas... Meu pai está em casa?

- Está sim. – Respondeu Dorotheia, seu olhar ficou sério, acompanhando o de Alex. Ela sabia o que viria a seguir, ninguém naquela casa era tolo para achar que o Duque ficaria feliz por Alex como Dorotheia havia ficado. – Você é tão corajosa minha menina, nunca se esqueça dessa força que existe dentro de você, ela foi forjada a ferro e fogo.

Dorotheia colocou a mão sobre o coração de Alex que palpitava com força em sua caixa torácica. Alex respirou fundo e assentiu com a cabeça.

- Obrigada. – Suspirou a jovem, fitando aquela senhora rechonchuda com olhos castanhos redondos e amorosos. – Onde ele está?

- Onde ele sempre fica, em seu escritório no andar principal. – Disse ela. Dorotheia deu um beijo carinhoso no rosto da menina e saiu do quarto.

Alex deu mais uma olhada ao redor, tirou o livro que Phillip havia lhe presenteado da bolsa. Havia folheado ele durante a noite, era uma história triste e heroica ao mesmo tempo. Apesar de tudo ela admirava Carson por tudo que ele fez, sua bravura foi admirável. Ela seria corajosa assim também. Deixou o livro em cima da cama e saiu do quarto com passos determinados. Seu coração basicamente pulava pela sua garganta, ouvia o sangue ribombar em suas orelhas, nunca sentiu tanto medo na vida, mas era o preço que ela precisava pagar, e já havia chegado até ali, não iria recuar agora, não podia.