Cap. 3 Tell me my way.

128 19 9
                                    



A sala de estudos da mansão dos Lancaster seguia tranquila, com Beethoven tocando delicadamente ao fundo, e a luz do final de tarde iluminava o cômodo. Alex se sentia à vontade com um livro à mão, e uma boa caneca de chá a sua frente. Passar a tarde de sexta feira lendo sobre como os seis princípios do realismo de Hans Morgenthau se entrelaçavam com a política externa britânica era a síntese da diversão para Alexandra.

Depois de perder a mãe cedo demais e ser criada por um pai severo, Alex achou seu refúgio nos livros e nos estudos, o que era bom, e agradava ao pai. O sonho dele era que a filha se tornasse a primeira ministra da Grã-Bretanha, e Balthazar era tão engajado na questão que Alexandra acabou tomando aquele sonho para si, somente para agradar ao pai. Sonhava com o dia que ele iria sorrir para ela, e dizer "estou orgulhoso de você". Balthazar, o duque de Lancaster, era a única família que Alexandra conhecia, e ela, era a única herdeira dele, logo, sentia-se na obrigação de ser a melhor filha que o Duque podia desejar. Entretanto, anos se passaram e o "estou orgulhoso de você" não veio, mas Alex estava fazendo de tudo para conseguir o cargo. Ainda faltava, claro, só poderia se candidatar com 25 anos, mas tinha certeza se continuasse se empenhando, chegaria lá.

Sempre haveria um, "mas", por mais que ela tentasse se manter focada no texto, a imagem de Phillip, na primeira página do The Daily chamava a sua atenção a todo instante. A manchete era "A primeira semana de mandato do príncipe regente" claro que ela já havia lido a notícia, mais de uma vez até, e a taxa de aceitação de Phillip era enorme, o parlamento estava satisfeito com as suas ações, um grupo mais conservador ainda tentava dificultar seu trabalho, mas de resto o povo aceitava o seu trabalho, e mal podiam esperar sua ascensão como rei.

Phillip possuía aquela atmosfera que chamava a atenção quando chegava em qualquer cômodo, atraindo todos os olhares como imãs magnéticos, e quando sorria ninguém conseguia desviar o olhar. O mais inacreditável de tudo, era que esses seus trejeitos eram naturais, ele não se esforçava para ser assim, ele apenas era. É claro que Alex não podia controlar e não ser fisgada pelo fenômeno que era Phillip Windsor. Ele fazia o plebeu mais comum se sentir especial, e quando ele olhava para Alex? Ela sentia que podia conquistar o mundo. Era impossível não se apaixonar por ele, Alex sabia, e também sabia que seria apenas platônico. Porque primeiro, o príncipe jamais olharia para ela daquela forma, e segundo, ela tinha o seu dever com a sua família, seu pai.

Quando finalmente saiu de seu devaneio percebeu que seu chá havia esfriado, e a música havia parado de tocar, a sala de estudos que era coberta por estantes cheias de livros do chão ao teto havia mergulhado em completo silêncio. O sol estava quase se pondo agora, e Alex se obrigou a levantar e ligar a luz. A menina se dirigiu até a janela, dali ela podia ver o Tâmisa cortando a cidade em sua tranquilidade milenar. Se a vida talvez fosse mais simples, ou, se talvez ela fosse apenas um pouco mais corajosa, estaria lá fora, conhecendo todos os cantos do mundo. Mas a vida não era simples, e fazer parte da aristocracia não permitia que ela fosse irresponsável com seus atos, precisava honrar o nome da família. Com um suspiro Alex se afastou da janela, ouviu seu telefone tocar, e leu a mensagem que havia recebido. Era de Freya.

"Ocupada esse final de semana?" Dizia a mensagem, fazendo Alex abrir um sorriso. Freya provavelmente estava com uma ideia louca. Seu pai não gostava muito quando Alex se aventurava com eles pela cidade, mas jamais iria impedir que a filha se relacionasse com a realeza.

"Na verdade não, acabei de deixar a minha aula de Política Externa Britânica." Respondeu ela, sabendo que Freya iria rolar os olhos quando lesse a resposta. Sabia que a princesa detestava aqueles assuntos, apesar de saber de todos os assuntos, segundo ela, precisava estar preparada sobre qualquer assunto para discutir com a mãe, e mostrar que sim, era uma princesa completa.

The BritishsWhere stories live. Discover now